Cinerama: Os Observadores

Nepotismo é o termo utilizado para designar o favorecimento de parentes em detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos. Acredito que essa prática (que é considerada criminosa na esfera pública) foi adotada pelo diretor M. Night Shyamalan (“O Sexto Sentido”) para catapultar a carreira de sua filha, Ishana, como diretora de cinema.

Não me leve a mal, mas só isso explica a novata conseguir, logo em seu primeiro trabalho, um orçamento de US$ 20 milhões e a atenção da mídia para uma obra tão fraca. “Os Observadores”, que estreou na semana passada nos cinemas, até tem ideias boas, mas se perde completamente pelo caminho. O resultado não chega a ser horrível, mas certamente está longe de ser uma boa experiência.

Baseado no livro homônimo de A.M. Shine, o filme acompanha a jornada de uma jovem (vivida por Dakota Fanning) que se perde em uma floresta na Irlanda. Lá, ela encontra um abrigo onde residem outras três pessoas, que são observadas todas as noites por criaturas estranhas. O clima de mistério no início é instigante, mas, à medida que ele é resolvido, tudo soa forçado, com diálogos constrangedores e saídas fáceis. O roteiro, também assinado por Ishana, é fraco, assim como o plot twist.

A diretora parece emular o trabalho do pai a todo instante (aí não sei se foi uma escolha própria ou do estúdio), o que faz com que sua obra carregue os mesmos vícios e virtudes. Há momentos interessantes, mas o excesso de rimas visuais (recurso que resgata elementos de cenas passadas e os incorpora numa próxima) é usado de forma exaustiva, deixando o filme cansativo. Em geral, “Os Observadores” é, como bem disse meu amigo Jean Jefferson, a maior campanha anti-nepotismo da história.

Nota: ★★