Cinerama: “Sonic” abraça veia cômica e entrega diversão familiar
Por André Roedel
Adaptações de videogames para as telonas são, em sua maioria, sofríveis. Lembram do terror que foi Super Mario Bros e tantos outros filmes? Pois é. Transpor um universo virtual para o cinema sem parecer falso ou ridículo é tarefa difícil. Ou você pode fazer como o diretor Jeff Fowler e abraçar a canastrice.
Sonic – O Filme sabe explorar o lado cômico do icônico personagem principal e, principalmente, do seu vilão, interpretado pelo sempre divertido Jim Carrey. O resultado é um road movie (aqueles filmes em que a jornada dos protagonistas avança em uma viagem de carro pelos EUA, geralmente) não muito original, mas engraçado o suficiente para segurar a audiência média: as famílias.
Na trama, Sonic é um ouriço azul super-veloz que veio de outra dimensão e escolheu a Terra para viver. Porém, triste por ser solitário, acaba provocando um acidente e vira alvo do governo dos Estados Unidos da América – que convoca o cientista Dr. Robotnik (Carrey) para encontrar a possível ameaça.
Armado até os dentes com lasers e robôs, o antagonista começa a perseguir Sonic, que está sendo acompanhado pelo pacato policial Tom (James Marsden). Em uma jornada até São Francisco, os dois começam a tornar-se amigos. E é isso que acaba ditando a temática do filme: o valor da amizade e do pertencimento. Isso porque, enquanto Sonic quer fincar suas raízes na sua adorada nova casa, Tom quer se aventurar em lugares maiores do que a cidadezinha onde atua.
É uma história clichê, contada diversas vezes de diferentes formas, mas que funciona com o personagem dos games porque o próprio filme não se leva muito a sério. O longa é debochado, mas no ponto exato para divertir crianças e adultos ao mesmo tempo – ou seja, 90% de suas piadas são infantis.
Os fãs do jogo original, da SEGA, são contemplados com diversos easter eggs em referência à franquia – em especial as duas cenas pós-créditos –, mas o foco principal dos produtores foi fazer um produto palatável para todos os públicos mesmo. Isso não quer dizer que o filme seja ruim, mas que ele não tem tanta personalidade.
Só que mesmo assim o personagem convence e funciona bem em sua versão live-action, sendo ridículo “no ponto certo”. Isso também foi possível com o redesenho do visual do Sonic, cuja primeira versão foi alvo de tantas críticas que os produtores tiveram que refazer tudo do zero. O resultado é uma aparência bem fiel aos games e que se encaixa na “realidade” – porém, há cenas em que claramente dá para ver o CGI mal finalizado. Mas antes isso do que aquela coisa horrorosa inicial. Se ela tivesse seguido, o filme certamente seria um fracasso. Da forma que foi lançado, consegue ser um bom entretenimento familiar.
Nota: ☆ ☆ ☆