Com transição próxima, funcionários do Hospital São Camilo realizam protesto
Na última segunda-feira (23), aproximadamente 80 funcionários do Hospital São Camilo de Itu se reuniram em uma manifestação na área do estacionamento do local. Todos compareceram no ato com roupas pretas. O protesto foi motivado pelo fato da saída da Sociedade Beneficente São Camilo da administração do hospital, marcada para 30 deste mês, e que, de acordo com os trabalhadores, cada um deles seria o responsável por procurar seus direitos trabalhistas.
Na última semana, chegou a circular na internet um abaixo-assinado por parte dos funcionários, exigindo o pagamento dos direitos trabalhistas. Ainda de acordo com o documento, com o hospital passando a ser administrado pela organização privada Instituto Moriah – que tem sede em Sorocaba e também atua na cidade de Votorantim – a partir do dia 1º de dezembro, são esperadas demissões.
Há 12 anos trabalhando no Hospital São Camilo, Maria Angélica Domingues Mariano, de 38 anos, explica a situação ao Periscópio. “Amanhã (ontem), o sindicato estará no hospital para dar informação sobre o que realmente está acontecendo a respeito da situação do São Camilo. Nós, funcionários, estamos querendo que o São Camilo e a Irmandade paguem nosso tempo, e não passe a dívida trabalhista para o Moriah”.
A funcionária acrescenta que “não quer nada que não seja de direito”. “Todos nós saímos de nossas casas, deixando família e filhos doentes para cuidarmos com amor de outras pessoas que precisam da gente. E agora o mínimo que pedimos é que paguem o nosso tempo para que possamos trabalhar com tranquilidade”, afirma.
Ontem (24), o JP voltou a conversar com Maria Angélica, após a reunião com o Sindicato dos Profissionais da Saúde de Campinas e Região (Sinsaúde). “Temos que esperar a decisão judicial que está para acontecer amanhã (hoje), em que vai ser decidido o que vai acontecer com as dívidas trabalhistas dos funcionários”, relata.
Em seu site, o Sinsaúde (sindicato dos profissionais da área de saúde) divulgou, que após ser protocolada uma denúncia no Ministério Público do Trabalho (MPT), haverá uma audiência marcada para esta quarta-feira (25), às 13h30, oportunidade em que a empresa irá esclarecer a situação para a entidade sindical
A reportagem questionou o sindicato a respeito do caso, com o mesmo informando que orienta os trabalhadores do Hospital São Camilo de Itu sobre audiência que ocorrerá nesta quarta-feira (25). “Diante das incertezas da troca da administração que acontecerá no Hospital São Camilo e que será assumido pelo Instituto Moriah, a diretoria do Sinsaúde está presente na porta da instituição hoje (ontem) para sanar dúvidas e orientar os trabalhadores sobre os acontecimentos dos últimos dias”.
“Estamos fiscalizando o hospital para que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados e a nova administração do hospital não prejudique esses profissionais. Estamos entrando em contato regularmente com a administradora, mas não obtivemos uma resposta oficial do que irá acontecer no futuro e por esse motivo entramos com a denúncia”, afirma ao JP o presidente da subsede de Itu do Sinsaúde, Waldir Marchi.
Presidente do sindicato, Sofia Rodrigues do Nascimento também comentou. “Estamos esperançosos com a audiência, pois queremos resolver algumas questões e ter esclarecimentos concretos sobre esta situação. A partir da audiência, vamos conseguir seguir uma linha de trabalho para não deixar os trabalhadores desassistidos”,
Outras partes
O JP também esteve em contato com a Sociedade beneficente São Camilo, que por meio de nota informa que “está adotando todas as medidas necessárias para que a situação dos empregados seja resolvida até 30 de novembro. Solicitamos que todos mantenham a calma. O que se tem até o momento é uma decisão judicial para a Irmandade assumir os empregados do hospital. Qualquer outra informação é mera especulação”.
A reportagem conversou também com o Dr. Raul de Paula Leite, mantenedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Itu, a respeito da situação trabalhista e também da transição de administração.
“O Instituto Moriah está fazendo as tratativas com o São Camilo a respeito da questão trabalhista e dos funcionários. Está em andamento e ficaram de nos dar uma posição. Qualquer coisa que eu vá adiantar estará em andamento, e como é um assunto muito sensível, evidentemente temos que aguardar as tratativas e ver como se soluciona a questão”, explica o mantenedor.
O Periscópio também questionou o Instituto Moriah, por telefone e e-mail, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.