Como os pais podem ajudar as crianças tímidas

Crianças quietas, mais encolhidas, introvertidas, que quase não falam, fechadas, sérias, calmas, tranquilas, que ficam com vergonha ao ter que falar e cumprimentar as pessoas, dizer um “Olá” ou “Tchau”, dificuldade em fazer amigos. Ao nos depararmos com uma criança como acima descrita, dizemos que ela é tímida – e que ela não consegue enfrentar diversas situações que acontecem no dia a dia por conta da timidez. A criança tímida muitas vezes evita se expor, por medo do que os outros pensarão de si; se errará e será motivo de deboche.

Embora todos nós tenhamos predisposições, cada um é um ser único, com suas características pessoais especificas, com um funcionamento diferente e especial e com sua essência.

A timidez traz um grande prejuízo à criança. Quando os pais dizem que ela é realmente tímida, muitas vezes a criança concorda, ficando presa a isso e acreditando que não mudará. É um grande desafio a ser trabalhado com a criança e os pais. Os pais, ao se depararem com a situação descrita, podem apenas nomear e classificar a criança como tímida e deixá-la crescer dessa forma ou enfrentar a situação e vencer esse desafio.

É um processo delicado e possível de ser trabalhado. O desafio do psicólogo é que, ao saber da predisposição que existe e desse funcionamento inicial da criança, ajudá-la a enfrentar essa situação e ver possibilidades diferentes para atuar e vencer essa barreira, se arriscando mais, buscando novas experiências, mudando pensamentos, comportamentos, atitudes, mostrando que é possível fazer mais. E isso fará toda a diferença daí para frente, além de mostrar que tudo é possível de ser aprendido. O psicólogo trabalhará com a criança e também com os pais, para que eles ajudem na mudança.

O importante nesse momento é não deixar a timidez se cristalizar, pois, caso contrário, a timidez será cada vez mais presente e consistente. É fundamental que o aprendizado seja feito o mais breve possível, porque, quanto mais tarde, mais difícil será, já que a criança não experienciou todo o processo e construção. A bagagem de aprendizado é muito importante para permitir que a criança tenha novas experiências.

No dia a dia, os pais devem ensinar as crianças a cumprimentar, agradecer, se despedir, conversar, olhar nos olhos do outro enquanto fala, se relacionar com outras crianças e família, se abrir e, através desse aprendizado, será um passo para que ela se expanda ainda mais.

Os pais não devem comparar seu filho com outros, para que isso não crie uma barreira e entenda que cada criança tem um tempo e deve respeitá-lo. Os pais devem encaram isso como desafio a ser superado juntamente com a criança, por isso, a participação e o envolvimento deles é fundamental. Uma forma de compreender um pouco mais os filhos na infância é olhar o passado que os pais tiveram, como agiram quando crianças, como foi a caminhada na vida, quais as barreiras que precisaram superar, quais barreiras conseguiram vencer e quais, até hoje, muitas vezes têm dificuldade em superar.

Pais: encorajem seus filhos a enfrentar as situações, vencer essa barreira, não fale pela criança, não faça tudo pela criança, permita que ela faça e, se precisar, faça com ela, mas não faça por ela. Ajude-as a vivenciar as experiências. Lembre-se de que grandes experiências trazem grandes transformações.

texto-psicologa

Patricia Zanetti Salvaterra da Silva
Psicóloga – CRP 06/130220