Conteúdo de carta atribuída a Marquinhos da Funerária é negado pelos citados
Uma correspondência recebida pela Câmara Municipal de Vereadores na segunda-feira (16) movimentou os bastidores políticos da cidade. No documento, atribuído a Marcus Aurélio Rocha de Lima, o ex-vereador Marquinhos da Funerária, é solicitado que o Legislativo investigue o candidato a prefeito Herculano Passos (Republicanos) por um suposto esquema envolvendo a antiga Secretaria Municipal de Serviços Funerários.
Na carta atribuída a Marquinhos, ele declara que, após sair do cargo de vereador, foi vítima de diversas “armações políticas” e “perseguições descabidas”. Também diz que está em vias de ser preso novamente porque estava a cumprir ordens de Herculano, a quem ele dizia ser seu “melhor amigo” e “eterno prefeito”.
“Fui alocado para os serviços funerários apenas para fazer o que ele mandava. Agora que descobriram todas as falcatruas, ninguém veio me acudir. Não posso mais ficar calado e sofrer sozinho; fui abandonado, traído. jogado à própria sorte, quando (sic) o senhor prefeito e seus amigos ganharam quantias milhonárias (sic) e de fato são milhonárias (sic) e tudo sobrou apenas para mim”, narra o autor da carta, informando que não vai e não merece pagar sozinho por tudo.
Ao fim da carta, o autor pede que Herculano e seu irmão, dono da Lotérica Ituana (onde os cheques do chamado “velórioduto” eram trocados), sejam investigados pela Câmara. Também aponta que o ex-vereador e ex-vice-prefeito Neto Beluci é quem, na realidade, comandava a Secretaria de Serviços Funerários, recebendo cheques e dinheiro.
“Peço encarecidamente que esta Casa de Leis não vire as costas a este que sempre se orgulhou de ser vereador e que muito fez pelo Legislativo ituano. Não fiz esta denúncia antes por imaginar que seria socorrido pelo meu amigo Herculano, o que não aconteceu. Não posso deixar que mais pessoas caiam em suas mentiras”, finaliza.
Outra carta
Na tarde de terça-feira (17), outra carta foi protocolada na Câmara, com uma assinatura digital (conta Gov.br) de Marquinhos. No documento, o ex-vereador aponta que a carta anterior é falsa. “Reafirmo que não sou o autor desse documento e, portanto, rejeito veementemente todo o seu conteúdo, pois as alegações nele contidas são inverídicas, infundadas e não correspondem à realidade. Gostaria de expressar minha profunda consideração e gratidão pelo Sr. Herculano Júnior, com quem mantenho, ao longo dos anos, uma relação de muito respeito, assim como pelo Sr. Neto Beluci, a quem também tenho grande apreço e respeito”, afirma.
Segundo o novo documento, as afirmações de que Marquinhos foi traído e abandonado por Herculano são “totalmente falsas”. “O meu afastamento do grupo político do Sr. Herculano Júnior aconteceu naturalmente após meu próprio distanciamento da vida política, mas isso jamais comprometeu o respeito mútuo que sempre existiu entre nós, tanto como amigos quanto como colegas na política”, explica.
Finalizando o documento, Marquinhos reforça “que qualquer alegação contrária à verdade expressa nesta declaração não reflete a minha vontade ou os meus sentimentos. Dessa forma, manifesto minha total repúdio às inverdades contidas no documento em questão, que estão sendo usadas com fins políticos e não condizem com a verdade. Reitero que mantenho o respeito e a amizade com o Sr. Herculano Júnior, e estendo esse sentimento ao Sr. Neto Beluci. Repudio qualquer tentativa de distorcer este episódio para fins políticos”, finaliza.
Posições
A equipe jurídica do candidato Herculano Passos, em nota ao JP, informou que, nas últimas semanas, a cidade de Itu vem sofrendo com uma inundação de desinformação política, folhetos criminosos, jornais ilegais e, agora, a falsa carta.
“Especificamente sobre a carta falsa, estamos provavelmente diante dos crimes previstos nos artigos 349, 352, 353, 354, 326-A do Código Eleitoral, bem como no artigo 9-C da Lei das Eleições. A punição, caso comprovada a autoria, vai desde a pena de reclusão até a cassação do registro. Por esse motivo, tudo é feito às escondidas. De fato, estamos diante de uma organização estruturada para tais ilícitos. Todas as providências legais já estão sendo adotadas pela Coligação Itu Gigante”, afirmou o corpo jurídico.
Dr. Ricardo Mendes, advogado de Neto Beluci e ex-advogado de Marquinhos, também falou ao JP. “Foi protocolado um documento em nome do Marquinhos ontem [segunda-feira] lá na Câmara dos Vereadores e aquele documento é falso. Aquela assinatura não é do Marcus Aurélio e aquele documento não tem nada. É só cunho político e nada do que foi dito ali é verdade. Marcus Aurélio mandou agora à tarde [terça-feira] um novo protocolo, assinou através daquela plataforma e-gov para não ter nenhum tipo de dúvida quanto a autenticidade do documento e foi protocolado agora a tarde na Câmara, repudiando tudo aquilo que está sendo feito”, explicou.