Curto-circuito é provável causa do incêndio que atingiu fábrica da Coplac
Na madrugada do último domingo (26), a empresa Coplac, de revestimentos para automóveis, situada no bairro Rancho Grande, na cidade de Itu, sofreu um incêndio de grandes proporções. Este foi o segundo incêndio no local em quatro meses.
De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, o fogo teve início por volta das 3h. Moradores puderam ouvir e ver explosões vindas da área de produção da empresa, tendo sido preservada apenas a parte administrativa da antiga Indaru.
Segundo informações de um funcionário que não quis se identificar, o incêndio foi originado por um curto-circuito na área de produção da empresa. Aproximadamente 30 homens do Corpo de Bombeiros de Itu, Salto e Sorocaba participaram do trabalho de controle do incêndio, que não contou com feridos.
Embora em proporções menores, em abril deste ano um incêndio já havia atingido a empresa, o que fez com que aumentasse o medo dos moradores das proximidades de que novos problemas ocorram.
A dona de casa Maria Aparecida Estefani, de 55 anos, explica que incêndios ocorreram em outras oportunidades. “Moro aqui há 20 anos e várias vezes o local pegou fogo, mas dessa vez foi pior. Ficamos muito assustados”, conta a moradora, que após o ocorrido no domingo passou por dificuldades respiratórias. “Meu marido e eu estamos fazendo inalação”.
Maria disse ainda ao Periscópio que, em outras oportunidades, foi realizado um abaixo-assinado para que a empresa deixasse o local, porém “não tivemos nenhuma resposta das autoridades. Isso já faz tempo”.
A doméstica Célia Maria de Castro Amorim, de 60 anos, moradora das proximidades da Coplac há nove anos, precisou sair de casa, assim como os vizinhos, no momento do incêndio. “Achamos que iria pegar fogo em tudo. Temos medo que um dia o incêndio atinja todas as casas aqui do bairro”.
Embora a ocorrência de incêndios assuste a maioria dos moradores, o motorista Rafael Augusto, de 27 anos, adota um discurso de compreensão. “Existe o risco, como em qualquer outra empresa. Não gostaria que a empresa saísse daqui ou fechasse as portas, pois sabemos o quanto é difícil um emprego. Muitas pessoas poderiam ficar desempregadas, o que afetaria diversas famílias na cidade”.
Ele completa fazendo uma sugestão. “O que deveria ser feito é um melhor preparo. Deveria ser feito um trabalho de prevenção, com todos da empresa. Quanto maior o trabalho, menos acidentes como esses acontecem e ninguém é prejudicado”.
Mais riscos
Ao lado da Coplac existe uma empresa especializada em soluções para sistemas de controle da poluição atmosférica e para sistemas de tratamento de água e efluentes industriais, porém esta não chegou a ser afetada, tendo os funcionários explicado à reportagem que a direção da mesma não precisou ser acionada.
Ainda próximo à Coplac existe um posto de combustíveis, o que assustou a muitos moradores do bairro. O caixa do estabelecimento, Renan Vicentino Adriano, no entanto, explicou que procurou tomar as devidas providências para amenizar os riscos de uma tragédia. “Quando o fogo começou a se alastrar, o que foi bem rápido, já parei de abastecer e tratei de isolar o posto e fiquei com os extintores na mão”, disse o funcionário, que retomou as atividades duas horas depois.
Corpo de Bombeiros
O JP esteve em contato com o Corpo de Bombeiros, que trabalhou por cerca de 16 horas para conter o incêndio. Por meio do Tenente Clóvis Michelin da Silva, explicou que a Coplac está em atividade irregular, não possuindo alvará, tendo sua “segurança precária, havendo incêndio no ano passado, depois em abril e agora este”. Questionada sobre as medidas que poderão ser tomadas, a autoridade não se pronunciou até o fechamento da matéria.
Defesa Civil
Em contato com a Defesa Civil, o diretor Fernando Marques Henriques informa que “o Instituto de Criminalística fará uma investigação sobre a origem do incêndio na empresa que possui produtos inflamáveis”. Quanto a uma investigação à empresa quanto a irregularidades, isso será feito “através de alvarás e CVC, que compete ao Corpo de Bombeiros”, explica.
Fernando comentou ainda que, na segunda-feira (27), foi realizado um grande rescaldo por parte da própria empresa, que possui uma equipe especialidade. O diretor disse ainda que o trabalho da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros contou com o auxílio de empresas da região, no que diz respeito a equipamentos e suporte de água.
Cetesb
O Periscópio esteve ainda em contato com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo de Itu (Cetesb) que, por meio de sua supervisora Pilar Pi Lopez, informou que “um técnico esteve no local ontem (segunda-feira), foi feito um rescaldo grande pela questão ambiental e a empresa já pode voltar com suas atividades na parte em que não foi afetada normalmente”, explica. A supervisora reforça ainda que isso se refere apenas à questão ambiental, uma vez que a Coplac possui licença da Cetesb até o ano de 2021.
Sindicato
A reportagem do JP tentou contato com o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Fiação e Tecelagem, a qual a empresa pertence, porém não obteve sucesso em estabelecer um contato com algum membro do local até o fechamento da matéria. O Periscópio também tentou contato com a direção da Coplac, tanto presencialmente quanto por telefone, mas não obteve retorno. (Daniel Nápoli)