Delegada de Itu comenta o trabalho de combate à violência contra as mulheres

 

Dra. Márcia Pereira Cruz destaca também trabalho realizado por ONG na cidade (Foto: Arquivo pessoal)

A quinta-feira (25) foi o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. A data tem o objetivo de alertar a sociedade sobre os casos de violência e maus tratos contra as mulheres. A violência física, psicológica e o assédio sexual são alguns exemplos desses maus tratos.

A Organização das Nações Unidas (ONU), desde 1999, reconhece o dia 25 de novembro como o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, em

homenagem às irmãs Patria, María Teresa e Minerva Maribal, que foram violentamente torturadas e assassinadas nesta mesma data, em 1960, a mando do ditador da República Dominicana Rafael Trujillo. As irmãs dominicanas eram conhecidas por “Las Mariposas” e lutavam por melhores condições de vida naquele país.

De acordo com informações obtidas pela reportagem junto à Polícia Civil de Itu, no ano passado foram registrados 331 boletins de ocorrências de violência doméstica e foram instaurados 332 inquéritos policiais da mesma natureza. Até outubro de 2021, foram registrados 306 boletins de ocorrência de violência doméstica e 353 inquéritos policiais da mesma natureza.

Nos números não estão computados os crimes contra a dignidade sexual. Em levantamento feito pelo JP por meio do site da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, em 2020, Itu registrou 51 casos de estupro e neste ano, até outubro, foram registradas 38 ocorrências da mesma natureza.

A reportagem conversou nesta semana com a Delegada Titular de Polícia Civil de Itu, Dra. Márcia Pereira Cruz, que comentou sobre o trabalho realizado pelas autoridades e a importância de se combater a violência contra a mulher.

“O trabalho de combate é incessante, diário. A Delegacia da Mulher vem desenvolvendo um excelente trabalho com a Dra. Ana (Sola), que é a Delegada Titular da Delegacia de Defesa da Mulher, ela acumula a titularidade de Itu e de Salto. Até pela própria Lei Maria da Penha, quando a mulher registra uma ocorrência de violência doméstica, de lesão corporal, de agressão é instaurado inquérito, não fica mais a critério da mulher, porque antigamente ela era forçada a voltar atrás”, explica a Dra. Márcia.

A autoridade acrescenta. “Vai haver uma investigação relacionada a esse fato, tem as medidas protetivas para que o agressor não se aproxime da vítima, não tenha nenhum contato. O descumprimento dessa medida passou a ser crime. Há lei para proteger a mulher e a Delegacia da Mulher vem se empenhando para que a lei seja cumprida”.

Além da lei, a delegada destaca outros trabalhos realizados em Itu. “Aqui em Itu tem a ONG ‘Não posso me calar’, que acaba auxiliando as mulheres vítimas de violência, esclarecendo, orientando e pode prestar um apoio no sentido de orientar, acolher e também a Prefeitura Municipal disponibiliza na Delegacia da Mulher uma assistente social pra atendimento três vezes por semana”.

Questionada sobre o aumento de casos de violência contra a mulher, Dra. Márcia acredita que a pandemia tenha contribuído. “Com certeza, também tem outros fatores. Hoje em dia a mulher se sente, acredito eu, mais segura para fazer a denúncia e tem um respaldo legal. A Lei Maria da Penha é muito boa. Ela sabe que estará amparada pela Lei”, comenta.

Dra. Márcia faz questão de destacar. “Qualquer pessoa pode denunciar. Se você escuta uma vizinha gritando porque está sendo agredida ou você percebe que está tendo agressão física, em briga de marido e mulher você deve sim ‘meter a colher’ e acionar a polícia. Independente da vontade da vítima, a polícia irá tomar providência”.

“As mulheres não devem aceitar nenhum tipo de violência, seja ela física ou moral. Hoje, principalmente, a mulher está em pé de igualdade com homem, até como força de trabalho. A grande maioria das mulheres divide as contas da casa com o marido, então não tem porque ela aceitar qualquer tipo de violência. Diga não à violência contra a mulher”, reforça a autoridade.

Como denunciar

Os canais de denúncia são: Ligue 180, Disque denúncia 181, Disque 100 – Lembrando que o sigilo é absoluto. Podendo também procurar a Delegacia local e ligar para o 190 (polícia). Quem se interessar em auxiliar ou buscar ajuda da ONG Não Posso Me Calar, pode fazer através do Instagram @ongnpmc ou pelo telefone (11) 97718-3580. E-mail: naopossomecalarmulher@gmail.com. No link  https://www.institutomariadapenha.org.br/lei-11340/tipos-de-violencia.html, você pode conferir a lista de crimes contra a mulher.