DENÚNCIA: São Camilo está forçando médicos a pedirem demissão
André Roedel
O vereador Givanildo Soares (PROS) apresentou na sessão da última segunda-feira (5) um ofício solicitando à presidência da Câmara Municipal que convide os provedores da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Itu para que prestem esclarecimentos a respeito do Hospital São Camilo. Ele também fez uma nova denúncia sobre a entidade (leia abaixo).
Segundo o edil, a entidade – apesar de não ter responsabilidade direta na administração do hospital – não tem se empenhado para manter a filosofia de Joaquim Bernardo Borges, “pois a população está perecendo por falta de atendimento e leitos estão sendo fechados para atender convênios”, alega o ofício.
“O hospital fechou 16 leitos. A população já está carente, tem consultas desde abril que eles não têm data para atender, tem gente morrendo”, declarou Giva em questão de ordem, lembrando que entrou no Ministério Público para impedir o fechamento dos leitos. “Eu invoco que a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia se manifeste, afinal a filosofia do finado Joaquim Bernardo Borges, que era cuidar das pessoas carentes, não está sendo cumprida”, prosseguiu.
Também em questão de ordem, Josimar Ribeiro (PTN) falou sobre a situação da saúde da cidade – mas para criticar a atual administração. Segundo ele, hoje a saúde de Itu está um caos. O vereador também cobrou a volta do PAM (pronto atendimento municipal) integrado ao São Camilo e a reabertura do pronto socorro à população ituana.
Respondendo Josimar, Dr. Bastos (PSD) disse que isso não será possível, pois a direção do São Camilo esgotou todas as conversas com a Prefeitura. “Esgotou-se todo tipo de diálogo com a atual administração. Não existe mais nenhuma chance de reabertura do pronto socorro nesta atual gestão”, declarou o vereador.
Giva voltou a falar sobre a invocação da Irmandade da Santa Casa durante a Palavra Livre. “A Irmandade não tem nada a ver com isso, mas o hospital fugiu de seu ideal. Não adianta falar que a responsabilidade é do município. É mentira”, disse o vereador, desafiando a todos para que confiram o funcionamento do PAM do Parque Industrial.
Ele também reafirmou que a cultura de ter um PAM ao lado do pronto socorro é da cidade de Itu, e que nos municípios vizinhos isso não ocorre. Giva ainda criticou a administração do São Camilo. “O hospital é católico, mas os dirigentes só pensam em lucro. O que deveria ser uma bandeira de dar tratamento às pessoas, hoje se tornou um negócio”, afirmou o edil.
Nova denúncia
Giva também fez uma nova denúncia sobre o Hospital São Camilo. Segundo informação repassada por alguns médicos de lá, a administração está forçando os profissionais a pedirem demissão para, em seguida, contratá-los como pessoa jurídica. “Ou você se demite do regime celetista e monta uma microempresa, ou você não continua”, comentou o vereador.
De acordo com ele, os médicos estão sendo coagidos a aceitar essas condições, caso contrário perdem o emprego. “Estão sofrendo mais um abuso por parte do hospital que, diga-se de passagem, tem profissionais decentes e que se preocupam com a população, o que não é o mesmo pensamento dos diretores”, finalizou.
O “Periscópio” entrou em contato com a assessoria do hospital, que informou que a denúncia não procede e não é uma prática da entidade.
Mais críticas
Também na Palavra Livre, Josimar Ribeiro fez críticas ao novo PAM. Segundo ele, o local está funcionando, mas não a contento da população. “A população está sofrendo, e sofrendo muito por causa da falta de equipamentos”, apontou o vereador, dizendo que torce para que o local funcione corretamente. “Espero que atendam não a reivindicação deste vereador, mas a reivindicação do povo”.
Já Dr. Bastos alegou que a situação enfrentada na saúde pública da cidade não tem nada a ver com a Irmandade da Santa Casa, que passou a gestão do hospital ao São Camilo. O vereador ainda disse que os colegas da situação insistem em defender o indefensável. Bastos também fez críticas ao PAM do Parque Industrial, dizendo que alguns pacientes chegam a esperar mais de 10 horas para serem atendidos, e ao fechamento do pronto socorro.
“Eles fecham, ou permitem fechar, um pronto socorro e a cidade fica à mercê de não ter um local para atender emergências médicas. Ou seja, já morreu, está morrendo e vai morrer muita gente mais, infelizmente”, previu o vereador, que elogiou a abertura do novo PAM e da futura entrega da UPA (unidade de pronto atendimento) do bairro Nossa Senhora Aparecida, mas pediu o funcionamento de todos os aparatos da saúde.
“Você ter os prontos atendimentos e não ter um pronto socorro, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Tem que ter todos os serviços funcionando”, apontou.