Denúncia: Prefeitura apura desvio de R$ 9 milhões na Funerária Municipal

Para o prefeito, esquema mantinha apoio aos governos anteriores. Ministério Público investiga cobrança de taxas indevidas

Em coletiva de imprensa realizada na tarde da última quinta-feira (9), em seu gabinete, o prefeito Guilherme Gazzola (PTB) apresentou indícios de que a Secretaria Municipal de Serviços Funerários – extinta em seu governo – desviou cerca de R$ 9 milhões dos cofres públicos ao longo da última década. Segundo ele, a pasta também cobrava taxas indevidas, denúncia que está sendo investigada pelo Ministério Público.

“A promotoria recebeu uma denúncia de um cidadão que tinha feito um pagamento indevido, uma taxa de R$ 50,00, e nos pediu providências”, comentou Gazzola, declarando que a secretaria fechada era um dos “maiores gargalos de corrupção em Itu”. Investigações da própria Prefeitura apontam para conexões políticas no suposto esquema, que já é chamado de “velórioduto”.

“Provavelmente do Serviço Funerário saía a sustentação do braço político da Prefeitura. Era esse possível dinheiro desviado que mantinha o sistema de forma geral de apoio aos governos que passaram, tanto Herculano quanto Tuíze”, alegou o prefeito, apontando que a secretaria era um “braço autônomo” do Executivo municipal, respondendo exclusivamente ao gabinete do prefeito. “Não dava satisfação a nenhuma secretaria, nem de Finanças”, prosseguiu.

De acordo com os dados apurados pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, a qual o serviço funerário está vinculado atualmente, em 2016 foram repassados à Prefeitura de Itu apenas R$ 76.366,00 do total de R$ 1.343.000,00 arrecadados com planos funerários e vendas de terrenos, entre outros. Para se ter uma comparação, foi divulgado ainda que somente nos primeiros 30 dias de 2017, o serviço funerário repassou para a Prefeitura o montante de R$ 87.411,00.

Outro ponto observado pela averiguação interna é relativa ao potencial perdido ao longo de 10 anos, cujo valor é de R$ 26 milhões. Os valores apurados apontam gastos da ordem de R$ 3,3 milhões com preparação de corpos, quando o valor médio de mercado nesse caso seria de R$ 655.000,00.

Cheques

Gazzola ainda apresentou cheques, encontrados na sede da Funerária, que eram usados para os pagamentos das taxas diretamente com a secretaria. “Os cheques eram trocados para que se fizesse renda o mais rápido possível. E alguns, até de forma engraçada, eram trocados e depositados na Lotérica Brasil & Lorenzetti Castilho Passos. Nominal, do irmão do prefeito então”, divulgou.

O prefeito disse ainda que irá colaborar com as investigações do MP e também nomeará uma Comissão de Sindicância para apuração interna. Segundo Gazzola, nenhum indício recai até o momento sobre funcionários de carreira da pasta. Já Alessandro Mazaro, secretário de Serviços Urbanos, disse que, a partir de agora, todos os recebimentos na Funerária são feitos através de guias.