Dia do Trabalhador: presidente do SECOM fala sobre a data

Luciano Ribeiro analisa situação atual do trabalhador (Foto: Daniel Nápoli)

Na segunda-feira (1º) comemora-se o Dia do Trabalhador. A data surgiu decorrente da greve operária que ocorreu em Chicago, nos Estados Unidos, em 1º de maio de 1886. Esse episódio teve como mote a luta pela melhoria das condições de trabalho, como a redução de jornada (de 13 horas para 8 horas), aumento salarial, descanso semanal e férias.

Organizado pela Federação Americana do Trabalho, esse evento contou com a participação de milhares de operários que se reuniram nas ruas da cidade. No Brasil, o Dia do Trabalhador foi instituído no governo do presidente da República Artur Bernardes, em 1925. 

Marcando a data, nesta semana o Periscópio conversou com Luciano Alves Ribeiro, presidente do SECOM (Sindicato dos Comerciários de Itu e Região) e diretor da Fecomerciários. À reportagem, ele comentou sobre os impactos da reforma trabalhista ocorrida em 2017, a atual situação dos sindicatos e o perfil do trabalhador ituano.

Para Luciano, a reforma trabalhista no Brasil foi um retrocesso. “Precarizou jornada de trabalho e agora o desemprego está alto. Quando a reforma trabalhista veio, falavam ‘vamos fazer uma reforma e vai diminuir o número de desempregados’. Pelo contrário, não diminuiu, aumentou e fica oscilando, em 12 milhões, 8 milhões,10 milhões e tem também as pessoas subempregadas, na jornada intermitente que criou com a reforma. O dia que a empresa precisa trabalha e ganha por aquele dia. Como uma pessoa vai conseguir se manter ganhando por um ou dois dias por mês?”, questiona.

Ribeiro prossegue criticando a jornada intermitente. “Daí vai falar que a pessoa vai trabalhar em outros lugares [para suprir os demais dias], não vai, porque o desemprego está grande. E como você vai conciliar também? Na realidade foi ruim”, aponta ele.

Além de afetar o trabalhador, para o presidente do SECOM a reforma trouxe a precarização financeira dos sindicatos, uma vez que a mesma extinguiu a obrigatoriedade de contribuição sindical. Porém, o presidente do SECOM reforça que os que mais sofreram foram os sindicatos que só viviam da contribuição e que “não faziam nada pelo trabalhador”.

Luciano Ribeiro disse à reportagem que, já antes da reforma trabalhista, via que o caminho seria o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical. “Para o movimento sindical prejudicou porque tirou essa receita, mas eu me preparei para quando ela saísse. Temos 8 mil associados e com a contribuição assistencial efetiva o sindicato até cresceu”, informa.

Ele destaca: “De 2017 pra cá tivemos a sede em Porto Feliz, Boituva, Indaiatuba, clube de campo [em Salto], reforma da sede aqui, reformamos o [antigo clube] São Pedro. O SECOM, por ter uma atuação de benefício ao trabalhador ativa, se manteve por seu trabalho”. O presidente conta que, como já tinha uma visão que a obrigatoriedade da contribuição sindical iria acabar, se preparou.

O trabalho dignifica a pessoa, faz com que ela se sinta viva, se sinta útil para a família
LUCIANO RIBEIRO, presidente do SECOM

“Você tem que prestar um trabalho de qualidade, representativo, com estrutura, com um pessoal qualificado, motivado. Trazer benefícios com convênios interessantes, como salão de beleza, cursos de qualificação, clube de campo, fazer o envolvimento com a cidade, o engajamento social, questões culturais, esportivas. Abrir as portas do sindicato para associações, outras entidades poderem usar a estrutura que a gente tem. Daí o sindicato passa a ter uma visão positiva. Ele tem que ser aprovado, provar que é importante”.

Perfil do trabalhador

O presidente do SECOM falou ainda ao JP sobre o atual perfil do trabalhador ituano. “A maioria é do setor da construção, porque é uma cidade que está sempre em desenvolvimento, na questão de condomínios, residências e também no setor do comércio. A oferta maior de emprego hoje é serviço e comércio. O mercado está aquecido”, conta.

Apesar disso, Luciano Ribeiro destaca que a expectativa do povo de Itu é que venham empresas mais industriais de pequeno, médio e grande porte. “O SECOM já não pode trabalhar nisso, pois já vai para área de outros sindicatos metalúrgico, mas vira e mexe o SECOM oferece até curso de logística de armazém”, prossegue o presidente, que acredita que o sindicato está fazendo a sua parte. 

“A expectativa é que aconteça alguma coisa apoiada pelo Poder Público ou pela economia do próprio país e que venha emprego na área industrial, mas para isso tem que as partes envolvidas, o SENAI, sindicato dos metalúrgicos, trabalharem nisso. O SECOM está fazendo o dever de casa. Está vindo bastante comércio, supermercados e a gente está suprindo a mão de obra”, acrescenta Luciano Ribeiro, que deixa uma mensagem ao trabalhador. 

“O dia 1º de maio é uma data de reflexão se o que a gente está fazendo como sindicato está atingindo a expectativa do trabalhador. Quero felicitar o trabalhador. O trabalho dignifica a pessoa, faz com que ela se sinta viva, se sinta útil para a família. O sindicato está muito feliz em poder propiciar benefícios na área social, na área trabalhista e faz questão de entender também quem não é da categoria. A gente dá uma orientação para as pessoas que nos procuram”, conclui.