Dia Mundial sem Tabaco serve de alerta para a sociedade

Após décadas de sucessivas quedas no número de consumidores de tabaco no Brasil, o país voltou a assistir a um crescimento no percentual de fumantes no período da pandemia de Covid-19. Segundo estudo da Fiocruz, o consumo de tabaco cresceu 34%, resultado de quadros de depressão, ansiedade e insônia, além da introdução de novos modos de consumo como o cigarro eletrônico e o narguilé. Essa realidade demanda um amplo debate neste 31 de maio, data em que se comemora o Dia Mundial sem Tabaco.

Estudos científicos mostram que produtos como cigarro, cachimbo, charutos, entre outros, possuem mais de 4.700 substâncias tóxicas, entre elas a nicotina, que leva à dependência química. Essas substâncias inaladas pelo fumante estão relacionadas a mais de 50 diferentes enfermidades, entre elas vários tipos de câncer, como os de pulmão, laringe, estômago, pâncreas, fígado, além de doenças respiratórias e cardiovasculares.

“O tabagismo é o principal responsável pela maioria das doenças e infecções respiratórias como tuberculose, enfisema pulmonar e outras, além de todos os tipos de câncer: de pele, das vias aéreas e, principalmente, o câncer de pulmão. Também está associado à impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose e catarata, além de úlceras gástricas, infarto e acidente vascular cerebral (AVC). As pessoas que convivem com os tabagistas (fumantes passivos) também correm maiores riscos de serem acometidas por essas doenças, tanto adultos como crianças”, alerta a psiquiatra Dra. Maria Clara Schnaidman Suarez, da Unimed Salto/Itu.

Segundo ela, são vários os fatores que contribuem com o aumento de fumantes. “Vários são os fatores que influenciam as mudanças no comportamento dos jovens, principalmente a mídia, as redes sociais, a crença de que nada os atinge, além do relaxamento das campanhas de prevenção e o aumento da oferta e diversificação dos produtos oferecidos”, discorre.

Atualmente, organizações como a Associação Médica Brasileira e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia acompanham com preocupação o crescimento do consumo entre os jovens, principalmente em decorrência da onda do uso dos cigarros eletrônicos. Dra. Maria Clara também alerta. “Assim como o tabaco, o uso dos ‘vapes’ aumenta a predisposição ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer (principalmente de pulmão, esôfago, estômago e bexiga), além de outras doenças pulmonares como o enfisema e também doenças cardiovasculares”, comenta.

Segundo a especialista, considera-se o uso mais danoso, pois se um cigarro tradicional comum oferece em torno de 15 tragadas, um maço teria, então, 300 tragadas, então, um cigarro eletrônico de 1,5 mil tragadas seria equivalente a cinco maços. “Estudos do INCA (Instituto Nacional de Câncer) apontam que o uso do cigarro eletrônico aumenta em mais de três vezes o risco de experimentação de cigarro convencional e mais de quatro vezes o risco de uso do cigarro”, prossegue a psiquiatra.

Como parar

Apesar do crescimento do número de fumantes nos últimos anos, há quem queira largar o vício – e vem conseguindo. É o caso da jovem Amanda Lucena, de 28 anos. “Comecei a fumar por incentivo das amigas em balada, porque elas viviam no fumódromo e experimentei e gostei. Eu fumava um maço por dia, 20 cigarros. Fumei por quinze anos, e já fazia um tempo que estava exausta de reclamar e não colocar em prática para colocar um fim nisso. Sempre fui muito ansiosa e sozinha não ia conseguir, então procurei ajuda médica”, relata ela, que está há seis meses sem fumar.

“O primeiro mês me deu tremedeira, comecei a comer muito doce, engordei. Mas depois fui acalmando, e hoje estou bem tranquila”, conta. Para ela, a vida é muito melhor sem cigarro. “Estamos em 2023, já passou da hora de apagar essa ideia de uma vez por todas”. Para quem deseja parar, algumas estratégias podem ajudar, segundo a Dra. Maria Clara Schnaidman Suarez.

São elas: controlar o número de cigarros que carrega consigo; não fumar em lugares fechados; não fumar logo que acordar ou depois de fazer alguma atividade física. “O ideal é procurar ajuda profissional, seja em serviços médicos privados ou pelo Programa Nacional de Controle do Tabagismo oferecido pelo SUS de forma integral e gratuita, em funcionamento em vários municípios”, explica a profissional.

Em Itu, a Secretaria Municipal da Saúde desenvolve continuamente o programa de prevenção ao tabagismo, realizado por meio de reunião semanal para grupos de fumantes inscritos previamente e por iniciativa própria. A participação é aberta a fumantes que desejam parar de fumar, que devem se inscrever no programa e passar por entrevista com médico pneumologista no Ambulatório de Moléstias Infecciosas (AMI).

O interessado em participar deve ter disponibilidade para reunião semanal, toda terça-feira, às 7h, no AMI, localizado na Rua Aristides de Assumpção Menabó, 75, Loteamento Residencial Maria Fernanda. Mais informações sobre o programa de prevenção ao tabagismo podem ser obtidas pelo número (11) 4024-1030, de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h.