Dra. Susley Rodrigues integra conselho da OAB SP e concorre a prêmio

Para Susley, a questão identitária não pode ser tratada como uma pauta menor na sociedade (Foto: Divulgação)

A advogada Dra. Susley Rodrigues, 39 anos, vem construindo uma carreira de sucesso na advocacia ituana. Tanto é que ela foi eleita uma das conselheiras suplentes da nova diretoria da seccional de São Paulo da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que tem como presidente o Dr. Leonardo Sica. Ela é a primeira mulher negra a representar Itu no conselho seccional.

Além disso, a advogada concorre na categoria Direito Penal no prêmio “Best Sisters in Law”, idealizado pelo “Black Sisters in Law”, iniciativa que surgiu no Rio de Janeiro comprometida com a conexão, com a troca e crescimento de advogadas negras atuantes nas mais diversas áreas do Direito no Brasil e no exterior.

Nascida e criada em Itu, filha de Rosana e Juarez, Susley é casada com Léo Moraes e mãe de Leonardo e Vinicius. Ela sempre quis cursar Direito e conseguiu uma bolsa de estudos, se formando na Faditu (Faculdade de Direito de Itu) em 2011. A intenção inicial não era advogar na área criminal, mas uma situação com uma pessoa próxima a fez ingressar na área, já que a família não tinha como pagar um advogado.

Hoje, Susley atua nas áreas de Direito Criminal, Direito de Família e Sucessões. Além disso, milita fortemente na causa antirracista. “Estou sempre em busca de projetos que tragam a igualdade, que bloqueiem esse preconceito que a gente sabe que sofre todos os dias”, conta ela, que sofreu ataques racistas quando apresentava o podcast “Pretos de Itu”, destinado a contar histórias de personalidades pretas.

Em uma das oportunidades, a transmissão foi invadida por comentários preconceituosos e criminosos. Até hoje não se sabe se os ataques partiram de um grupo ou de um só indivíduo. “No entanto, as pessoas pretas experimentam essa questão do racismo logo na primeira infância, o que é uma pena”, alerta Susley, que acredita na informação como antídoto ao preconceito.

“São informações que essas pessoas normalmente não recebem em casa, não são educadas de maneira antirracista. Os pais fingem que não estão vendo o preconceito para não falar sobre isso com seus filhos”, alerta a advogada, que já conversou com o prefeito Herculano Passos (Republicanos) para a Prefeitura pensar em um projeto para levar informação antirracista para as escolas de ensino fundamental. Susley já vem fazendo isso de maneira independente com escolas de ensino médio, levando letramento racial para os estudantes.

Para ela, a questão identitária não pode ser tratada como uma pauta menor na sociedade. “As pessoas que são privilegiadas por esse sistema não têm interesse em mudar o sistema”, afirma Susley. “Não é mimimi, não é vitimismo. Essas são pautas de sobrevivência. Essas lutas só acontecem porque as pessoas que estão bastante confortáveis em seus lugares de privilégio oprimiram, violentaram. A gente precisou reagir para diminuir a desigualdade”, justifica. “É igualdade que a gente está pedindo”.

Reconhecimento

Susley celebra o reconhecimento profissional prestes a completar 40 anos de idade. Com o aumento do número de conselheiros da OAB SP, ela foi uma das eleitas na chapa de Leonardo Sica para o triênio 2025-2027. O convite para integrar o grupo partiu do presidente da OAB Itu, Dr. Rodrigo Tarossi, que viu a necessidade de diminuir a desigualdade entre os membros.

Por conta de sua trajetória profissional, Susley foi escolhida e irá representar a cidade no conselho, que é composto por 90 profissionais. O Conselho Seccional julga processos disciplinares e auxilia a manter a ordem na Ordem. “O que eu acho bastante importante na questão do Conselho é realmente a gente se unir para discutir pautas relevantes, como a representatividade”.

Sobre o prêmio que concorre, que tem como objetivo destacar e homenagear advogadas negras que sejam reconhecidas por suas conquistas, ética profissional e impacto positivo na comunidade jurídica, Susley celebra. “Só de ter sido indicada como finalista já me sinto bastante orgulhosa, porque é um grupo que trouxe espaço para a advocacia preta feminina, nos colocando em espaços que antes só entravam homens brancos”. As votações foram encerradas nesta semana e as vencedoras de todas as categorias serão conhecidas nos dias 7 e 8 fevereiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *