Eclipse da Lua, Marte e outros planetas dão espetáculo no céu
Prof. Paulo Sergio Bretones
Na noite de sexta-feira (27), teremos um eclipse total da Lua. Ainda quando estiver abaixo do horizonte, às 15h24, a Lua cheia começará a “mergulhar” na sombra da Terra e às 16h30 estará toda coberta pela sombra de nosso planeta. No Brasil, para observadores em São Paulo, a Lua irá nascer eclipsada às 17h40 e o pôr do Sol ocorrerá às 17h42.
Este será o eclipse lunar mais longo do século, pois a Lua ficará 1h42 dentro da sombra da Terra. Mesmo assim será um fenômeno raro e um desafio tentarmos observar a Lua nascendo totalmente eclipsada e o Sol se pondo do outro lado do horizonte. Às 18h13 a Lua começará a sair da sombra, a cerca de 5 graus de altura sobre o horizonte até que às 19h19 sairá por completo e estará novamente toda iluminada pelo Sol, quando estará a cerca de 20 graus.
Quando a Lua estiver toda imersa na sombra poderá tomar uma cor de cobre, avermelhada. Ocorre que a luz do Sol atinge a Terra e passa pela atmosfera. Os componentes da luz branca, que produzem as cores vermelha e laranja, espalham-se pelo ar cobrindo o céu com as cores do Sol no alvorecer e no crepúsculo. A refração transforma essas cores em sombra, por isso a Lua fica avermelhada.
Os eclipses lunares forneceram a primeira prova de que a Terra é redonda e foram utilizados em vários estudos como a rotação da Terra, o tamanho, a distância e movimentos do nosso satélite. Também contribuíram com a História na determinação de datas em tempos remotos.
Durante o eclipse e nas horas seguintes também será visível, bem brilhante e ao lado da Lua, o planeta Marte. O famoso “planeta vermelho” estará em oposição, ou seja, em posição oposta ao Sol. Assim, quando o Sol se põe no horizonte Oeste, Marte está nascendo no Leste e será visível durante a noite toda. Como os planetas têm órbitas em torno do Sol aproximadamente no mesmo plano, podemos representar suas trajetórias como dois círculos com o mesmo centro, sendo a órbita interna a da Terra e a externa a de Marte. Assim, se a Terra estiver num certo ponto de sua órbita, o ponto em que Marte estará mais próximo a ela é aquele em que está do lado oposto ao Sol. Mesmo assim, como as órbitas dos planetas não são perfeitamente circulares, mas elípticas, a data de maior aproximação entre eles ocorrerá no dia 31 de julho. Além disso, Marte está em oposição periélica, ou seja, perto do seu ponto mais próximo do Sol. Nestes dias Marte, estará a “apenas” cerca de 58 milhões de quilômetros da Terra. A última vez que os planetas estiveram mais próximos foi em 2003, a cerca de 56 mil quilômetros de distância. A próxima grande aproximação só ocorrerá em 2035!
No início destas noites, completando o espetáculo, também podemos observar o planeta Vênus no horizonte do Oeste, após o pôr do Sol, Júpiter bem alto no céu e brilhante e o planeta Saturno, pouco acima da Lua e Marte e abaixo da constelação do escorpião.
Como sugestão para professores, é importante estimular junto a seus alunos e mesmo interessados em geral a observação do céu para notarem que os planetas se movem no céu por entre as estrelas. A partir daí, na escola, é importante aprenderem que estes astros giram ao redor do Sol e tem características como: composições, temperaturas etc. No caso de Marte, no intervalo de alguns dias ou uma semana, pode-se notar facilmente seu deslocamento com relação às estrelas.
Também temos a obra “Os planetas” do compositor inglês Gustav Holst, composta entre 1914 e 1916, tendo sete movimentos correspondentes a cada planeta, exceto a Terra e Plutão que naquela época não havia sido descoberto.
Além disso, com a Lua, Marte e Júpiter bem visíveis vale a pena lembrar ou conhecer “Fly me to the Moon”, chamada originalmente de “In Other Words”, composta por Bart Howard em 1954. A versão gravada por Frank Sinatra em 1964 ficou imortalizada por ser associada ao programa Apollo que levou o ser humano à Lua naquela década dizendo: Leve-me até a Lua / E deixe-me brincar entre as estrelas / Deixe-me ver como é a primavera / Em Júpiter e Marte (…)
*Prof. Paulo Bretones atualmente é Professor Associado da Universidade Federal de São Carlos