Em crise, APAE de Itu anuncia fechamento de Lotérica e promove cortes
Por Daniel Nápoli
Nesta semana, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Itu, com mais de 50 anos de atividade na cidade, emitiu um comunicado informado que, devido a crise financeira enfrentada pela instituição, a mesma teve de tomar medidas administrativas como o encerramento da unidade Lotérica da APAE, redução do quadro de funcionários, interrupção do serviço próprio de transporte escolar, além de reajustes de contratos com prestadores de serviços e fornecedores.
O Periscópio esteve em contato com a diretoria da APAE de Itu para saber mais detalhes a respeito do comunicado, bem como esclarecer boatos que até mesmo davam conta do encerramento das atividades da instituição.
A mudança para uma sede própria da APAE, ocorrida em 2017, após pouco mais de dez anos de construções com verbas provenientes de doações, fez com que a instituição deixasse o Centro e se deslocasse para a Avenida Daniel Ratti, no bairro Pinheirinho. A partir disso, o presidente da instituição, Armando Micai, explica.
“Veio o problema do transporte. Lá (no Centro) nós tínhamos ônibus de linha amiúde. Hoje, temos uma ou duas linhas de ônibus por dia e nós precisamos de ônibus especiais para transportar as crianças. Isso nos custa R$ 17 mil. A APAE não tem esse dinheiro e então nós somos obrigados a cortar esse transporte ou encaminhá-lo a quem de direito”.
Ele prossegue. “Isso já foi comunicado aos pais e as outras medidas que estão sendo tomadas agora. Nós não conseguimos através de nosso departamento competente uma arrecadação condizente com a necessidade da instituição. Nossa necessidade é de R$ 230 mil ao mês e temos uma receita de R$ 170 mil e para conseguir essa receita entra Prefeitura, Governo do Estado e da União”.
A instituição, que atualmente atende 200 pessoas de 0 a 60 anos de idade, reduziu seu quadro funcional de 55 para 36 integrantes. “A equipe teve o compromisso na hora de desenvolver a estrutura dentro do orçamento para a gente poder conseguir vencer o mês, cumprir com os nossos compromissos e então ter condições de voltar a crescer em breve”, diz Ana Paula Armelin, gerente geral da APAE.
Encerramento da Lotérica
“A APAE conseguiu essa concessão provisória como muitas outras conseguiram. Daí a APAE se disponibilizou a providenciar a documentação, só precisava de um CNPJ diferenciado, estava no CNPJ da APAE, e veio uma exigência da Caixa Econômica que tirasse a APAE desse CNPJ. Recebemos ligação do Ministro da Cidadania (Osmar Terra) em que a primeira coisa que perguntou é se tínhamos o CER (Centro Especializado em Reabilitação) – credenciamento no atendimento na área da saúde e reabilitação das pessoas com deficiência. Venho brigando por isso há anos e a gente não consegue”, conta Micai.
O dirigente prossegue. “Hoje, chegamos a conclusão, através do estudo e dessa nova equipe que está apoiando, que a rentabilidade da lotérica não paga nem a administração”. O último dia de atividade da Lotérica, situada no bairro Vila Nova, será no dia 27 deste mês.
“Estamos revendo contratos, parcelamentos para que a gente pudesse fazer reajuste de preços. A gente fez um cronograma de tratar essa situação da melhor forma”, diz Ana. “Sozinho ninguém faz nada. A APAE não faz nada, a família não faz nada, o Poder Público não faz nada. Essas medidas são dolorosas, mas totalmente essenciais para poder dialogar e poder fazer com que cada parte cumpra o seu papel”, prossegue ela.
Boatos
“Essa história de que a APAE vai fechar causa uma mágoa muito grande. Tomar uma atitude dessa nesse momento, que é dura, é triste, deixa a gente com o coração triste, mas é para melhor e nós vamos fazer desta instituição, ainda este ano, uma instituição com superávit, uma instituição que não vai depender de tomar atitudes deste tipo para poder continuar funcionando”, afirma Micai.
Diretora pedagógica da instituição, Rosana dos Reis, no entanto, frisa. “Não vai fechar, mas precisa de apoio. As pessoas precisam se envolver com a APAE, praticar o ato de doar. Todo esse trabalho foi feito pensando na nossa missão, de garantir a defesa e o direito das pessoas com deficiência, trabalhando fortemente pensando na inclusão, na escola, no mercado de trabalho, na sociedade como um todo”.
O Periscópio também esteve em contato com a administração municipal, que informou à reportagem que mantém contato constante com a APAE de Itu e já ajuda a entidade de diversas maneiras, investindo anualmente, aproximadamente, R$ 240 mil.
Ajude a APAE
Os interessados em ajudar de alguma maneira a APAE de Itu, seja voluntariamente ou financeiramente, pode obter mais informações por meio do site apaeitu.org.br, pelo telefone (11) 4022-4604 ou ainda através do e-mail falecom@apaeitu.org.br.