Em meio à pandemia, EE “Anthenor Fruet” faz a diferença por meio de educar e alunos
A pandemia de Covid-19 tem feito com que diversos setores tenham que se reinventar, e na educação não é diferente. Na Escola Estadual “Professor Anthenor Fruet”, situada no bairro Cidade Nova, que tem como diretora Cristiane Aparecida Ferreira e coordenadora Elaine Cristina Sales Martins, o professor Rodrigo Paulino decidiu dar “um chega pra lá” nas adversidades, incentivando seus alunos a participarem de diversos projetos. “Essa foi a saída que encontrei para continuar a motivar nossos alunos e encorajar todos a participarem de eventos a nível nacional e internacional, projetos culturais e de prevenção ao suicídio”, conta.
Segundo ele, os resultados são gritantes. “Minha coordenadora me disse que eles estão com um brilho diferente nos olhos, estão motivados, eu digo que eles despertaram justamente o que eu queria, o ‘olho de tigre’. Este vírus não vai nos pôr de joelhos, nós vamos vencer, juntos somos mais fortes”, comenta o professor que leciona Geografia, porém incentiva seus alunos em outras disciplinas também.
Entre os incentivos está a realização do projeto “Guardiões da Galáxia”, que tem como objetivo a participação em eventos da educação de alto nível, como o torneio cientista por um dia da NASA e Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, além de participação em um curso de astronomia da USP chamado Astrominas, que tem como finalidade empoderar as meninas no campo da astronomia.
Ainda de acordo com Rodrigo, os estudantes estão participando do evento “Caça Asteróides”, evento internacional da NASA em parceria da Agência Espacial Brasileira. “Neste evento tivemos muitas dificuldades pois precisamos baixar uma ferramenta chamada Astrometrica, um aplicativo para caçar asteróides e catalogar, enviando as imagens para a NASA. O grupo que encontrar um asteróide desconhecido poderá dar o nome para o mesmo”, explica o professor.
“Nossa equipe escolar é a número 70 de somente 100 equipes do Brasil, sendo a única escola da região. Mesmo precisando de computadores nossos alunos não se renderam. Muito pelo contrário: estamos em busca de empresas parceiras ou pessoas que possam doar notebooks para que a equipe possa ingressar com tudo nas competições”, acrescenta o educador.
O vereador Luisinho Silveira (MDB), morador e bastante atuante no bairro Cidade Nova, região do Pirapitingui, tem sido, de acordo com Rodrigo, “incansável junto dos alunos”. “Inclusive veio nos visitar e conhecer os projetos dos estudantes, e fez parceria com o Observatório de Campinas para troca de informações e tecnologia, além de marcar uma visita técnica levando nossos alunos para conhecer a estrutura pela primeira vez”, conta.
Além disso, a estudante do 9º ano da instituição, Letícia Lopes de Oliveira, de 14 anos, durante a visita do parlamentar, teria apresentado um projeto do primeiro observatório espacial em Itu, assim como as vantagens em ser construído, retorno científico, e financeiro para a cidade, por atrair a atenção de turistas para a cidade. “Estamos participando também do 1º Seminário de Astronomia e Astronáutica, promovido pela NASA e Estação Espacial Brasileira”, destaca Rodrigo.
Idealizadora do projeto do observatório espacial e presidente do grupo “Guardiões da Galáxia”, Letícia Lopes de Oliveira fala ao Periscópio a respeito da ação. “Tudo começou quando eu estava em aula com o meu professor e contei sobre o meu interesse na astronomia. Ele pediu para que eu entrasse em contato para contar mais sobre esse assunto e me estendeu a mão para me ajudar na minha carreira. E eu encontrei mais alunos com o mesmo interesse”. explica.
“Então, juntamente com o nosso mentor professor Rodrigo, fomos adiante com novas pessoas envolvidas, participando de projetos. Pensei em fazer uma excursão para todos os integrantes irem ao planetário mais próximo, que fica a 96 km de distância, então veio na minha cabeça em fazer um nosso, em nossa escola e um planetário em nossa cidade, o que beneficiaria a nossa cidade e alunos. Como Itu é conhecida por ser turística, isso sem dúvidas iria se destacar em toda região, além de Itu estar a 400 metros acima do nível do mar, o que é perfeito para uma observação”, explica a estudante.
Letícia destaca. “O nosso grupo leva a frase ‘podemos não mudar o passado, mas podemos fazer diferente no futuro’ e é isso o que queremos, além de fazer o que amamos, podemos fazer a diferença. Estamos participando do Caça Asteróides, um evento da NASA, porém não temos o equipamento para poder estar recebendo as imagens”, explica ela, que diz que toda a ajuda é bem-vinda. “Precisamos de cinco notebooks para concluir essa caminhada e conseguir achar asteróides ainda não reconhecidos”, afirma.
Integrante do grupo “Guardiões da Galáxia” ao lado de Letícia, Wendel Gabriel da Silva Sena e João Victor Ribeiro Rosa de Jesus, todos os 9º ano B da EE. Prof. Anthenor Fruet, Lauanda Dias Ribeiro foi medalhista de prata da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, com nota 8,20. Ao JP, a jovem estudante falou sobre o expressivo resultado e como chegou ao mesmo.
“A Olimpíada foi bem difícil, não é uma prova fácil e eu estudei muito para essa prova, estudei quase dois meses, pois sabia que não iria ser fácil e é muito gratificante ver que o estudo não é em vão. Eu estudei muito, tirei muitas horas do meu dia para estudar, ver e rever os conteúdos, li e reli várias vezes”, relata.
“Foi minha primeira vez na Olimpíada e o resultado foi muito além do que eu estava imaginando, realmente pensei que nem fosse chegar nos 8 e cheguei em 8,20, para mim já é uma grande vitória e estou muito feliz, muito feliz mesmo”, prossegue a jovem.
Entusiasmada e cheia de planos, Lauanda não para. “Temos muitos outros projetos, estamos estudando bastante, vendo várias coisas e quanto aos estudos tenho outras Olimpíadas para fazer, como a de Geografia, estamos participando do Caça Asteróides, estou no Grêmio (Estudantil) e estamos ajudando com os projetos escolares, dando várias ideias”.
“Em poucos meses minha vida mudou completamente e uma mudança muito boa, estou muito feliz com o que aconteceu e espero que esses quase quatro anos que tenho na escola eu possa fazer muitas coisas, muitas coisas mesmo”, acrescenta.
Voltando a conversar com o professor Rodrigo Paulino, o mesmo comenta que existem outros projetos, como o de transformar a instituição em um espaço cultural e artístico, transportando desenhos para os muros da escola e, para esse projeto, a instituição conta com a doação de tintas, por meio de moradores da região, empresários e outros parceiros.
“A intenção de meu trabalho é levar o aluno a entender seu papel na escola e comunidade, como o protagonista e construtor do saber junto dos professores”, comenta Rodrigo, que atua ainda em um outro projeto chamado “caixa dos sentimentos”, em que aluno pode deixar cartas ou bilhetes dizendo como se sente, ou simplesmente pedir socorro, evitando todos os tipos de violência. “Esse projeto já encaminhou mais de 500 crianças para os mais diversos tipos de ajuda”, comenta.
“Costumo dizer que, se cada escola do Brasil tivesse uma caixa dessas, milhares de vidas seriam salvas”, explana Rodrigo que conclui falando sobre tantas realizações em meio à pandemia. “Meu sentimento é de esperança e resiliência. Sei que todos os professores estão fazendo o seu melhor nesse momento tão difícil. Agradeço a todos”.