Em meio ao agravamento da pandemia, manifestação causa aglomeração em Itu

Foi realizada na manhã do último domingo (14), na Praça Duque de Caxias, em frente ao 2º GAC L – Regimento Deodoro (Quartel de Itu), uma manifestação com pautas difusas, que acabou causando aglomeração. Os manifestantes carregavam bandeiras do Brasil e vestiam camisas amarelas, além de exaltarem o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Entre as pautas, estavam a solicitação de intervenção militar no país e mudanças no Supremo Tribunal Federal (STF). As críticas à Suprema Corte foram motivadas pela decisão de Edson Fachin, que anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), liberando o petista a concorrer nas eleições do ano que vem.

“Foi amplamente ovacionado entre os participantes a intervenção militar, com o atual presidente no poder e também que os elementos do supremo sejam escolhidos por votação das casas de lei e não por presidentes da República”, disse Carlos Roberto dos Santos, de 70 anos, que participou do ato. Segundo ele, poucos jovens estiveram presentes. “Muitos presentes foram os que vivenciaram de 1964 a 1985, como eu estive lá”, reforçou.

Os manifestantes também criticavam as medidas restritivas impostas pelo governador João Doria (PSDB) para conter a pandemia de Covid-19. De acordo com informações de participantes do ato ao Periscópio, a manifestação contou com a presença de pouco mais de 300 pessoas e teve início por volta das 10h, se encerrado às 12h.

Por meio de imagens divulgadas nas rede sociais, puderam ser vistos manifestantes sem máscaras, o que foi muito criticado por internautas, que destacaram a falta de cuidado em meio ao agravamento da pandemia – que registra no Brasil a maior média móvel de óbitos desde o início.

O JP questionou a Prefeitura a respeito do ato e a mesma respondeu que “sobre a manifestação, a Guarda Civil Municipal se fez presente e orientou os participantes a colocarem as suas máscaras”.

A administração municipal acrescenta que “a aglomeração durou poucos minutos e os manifestantes se dissiparam após a chegada da GCM” e que “não houve autuações, pois assim que orientados, os poucos munícipes que estavam sem máscaras, colocaram as proteções e não apresentaram resistência”. Vale destacar que a Lei Municipal nº 2220 de 30 de junho de 2020 estabelece pagamento de R$ 100 em caso de não utilização de máscaras em espaços públicos.

Críticas

O Periscópio divulgou, em sua página no Facebook, imagens da manifestação na manhã de domingo e foram muitos os comentários criticando a aglomeração. “Tá sobrando leitos em Itu mesmo, né? Isso mesmo, vamos aglomerar!”, ironizou uma internauta.

“Aglomeração que não vai trazer nada na prática, em um tempo que o distanciamento social é a única arma contra o vírus, enquanto a vacinação acontece”, disse outro. “Manifestação a favor da morte”, lamentou outro internauta. A cidade de Itu ultrapassou os 9 mil casos de Covid-19 e possui quase 200 mortos pela doença desde o início da pandemia.

Fase Emergencial

Desde a meia-noite da última segunda-feira (15), está em vigor em todo o Estado de São Paulo a Fase Emergencial, com adoção de medidas ainda mais restritivas para o enfrentamento da pandemia. As novas medidas se estenderão pelo menos até o dia 30 deste mês, com o objetivo de frear o aumento de novos casos, internações e obtidos por Covid-19, assim como conter a sobrecarga em hospitais.

Com a nova medida, está proibida a retirada presencial de produtos em restaurantes e lanchonetes, além do atendimento presencial em lojas de material de construção. Também entre as restrições, estão vetadas as celebrações religiosas coletivos e atividades esportivas em grupo.

Lojas e restaurantes só poderão fazer entregas pelo sistema drive-thru, entre 5h e 20h ou por delivery (por telefone ou aplicativo de internet). Durante a Fase Emergencial, que também determina toque de recolher entre 20h e 5h, está vetado o acesso a praias e parques.

O Periscópio questionou a Prefeitura de Itu, a respeito da fiscalização no município, com a administração municipal informando que “ao longo do período diurno de segunda-feira, houve um número baixo de ocorrências, solucionadas mediante orientação aos proprietários”.

Já durante o plantão noturno, “uma força-tarefa que passou por todas as regiões da cidade, foram fechados cerca de 10 estabelecimentos que estavam abertos após as 20h, havendo a notificação dos mesmos”, prossegue a Prefeitura em nota.

“De acordo com a equipe de fiscalização, a adesão à Fase Emergencial está sendo satisfatória, havendo colaboração da maior parte da população. Independente disso, as ações fiscalizatórias prosseguem normalmente, dentro do rigor exigido pela etapa atual do Plano SP”, conclui a administração municipal.