Entrevista: César Calixto fala sobre o turismo local
A cidade de Itu é uma estância turística e vem, a cada dia, aproveitando mais essa alcunha para atrair mais investimentos. Tanto é que grandes obras nesse setor foram feitas nos últimos anos pela Prefeitura, em parceria com o Governo do Estado. O setor tem se profissionalizado e gerado grandes oportunidades, especialmente nesse período de melhora da pandemia.
Para falar sobre essas oportunidades, o cenário e a importância do turismo na economia local, o JP conversou recentemente com o secretário municipal de Turismo, Lazer e Eventos de Itu, César Calixto, que comenta este e outros temas. A seguir, você confere os principais tópicos da entrevista, que pode ser ouvida na íntegra no player abaixo.
JP: Qual balanço você faz da atuação da Secretaria de Turismo sob seu comando? O que você aponta como avanços promovidos nesse período?
Eu vejo que a Secretaria de Turismo de Itu – e qualquer outro município – tem um papel fundamental como ente articulador. Eu brinco sempre que nós somos o grande “vendedor” da cidade. Nós não fabricamos o produto; a gente embala, promove, vende e procura ser um grande destino turístico. O que tenho procurado fazer é fortalecer o que temos em Itu para entregar ao turista. O meu papel é esse, é nesse ponto que procuro avançar sempre. Não é criar novos eventos, não é fazer grandes festas, mas é dar para o destino turístico aquilo que o turista espera: uma boa receptividade.
JP: Qual a importância do turismo atualmente para a economia ituana?
O turismo está agregado em todos os setores da economia. Eu faço uma proposta inversa para fazermos uma meditação: se nós não tivéssemos o turismo, se no dia de hoje todas as ações estimuladas a partir do turismo, deixassem de existir? Venderíamos menos gasolina, teríamos zero de atividade hoteleira, com certeza a rede gastronômica teria um problema muito grande. Isso impacta as outras atividades, as pessoas deixam de ganhar dinheiro. Quando incentivamos o turismo, a gente faz com que todo mundo cresça.
JP: Você acredita que o setor turístico é valorizado como deveria, principalmente pela iniciativa privada? E como fazer para que os empresários passem a apostar mais no setor, fazendo os investimentos necessários?
A atividade econômica tem que ser executada pelo privado. Aos empresários que têm essa visão e que entendem que podem ter prosperidade econômica no turismo, Itu é um campo aberto. Eu tenho certeza que Itu precisa de mais empreendimentos hoteleiros. Cabem mais empreendimentos hoteleiros. A política pública proposta pelo município é de que aqui cabe mais empreendedores para a área do turismo. É abrir, fazer uma boa gestão, divulgar o seu produto e aguardar uma rentabilidade, porque hoje o turismo é um dos segmentos que mais crescem no mundo.
JP: Recentemente tivemos dois grandes eventos promovidos pela Secretaria de Turismo, que foi o aniversário da cidade e o Carnaval. Qual seu balanço das atrações e como melhorá-las nos próximos anos?
Eu fiquei muito feliz, acho que a repercussão de todos os eventos foi muito boa. A cidade de Itu é preparada para fazer grandes eventos. O Carnaval foi surpreendente. Acho que acertamos na música eletrônica. Tendo à frente no horizonte o Tomorrowland e outros eventos eletrônicos, acho que a Prefeitura pode entrar nessa linha também. Fiquei muito feliz com todos os eventos e acho que sempre a gente pode melhorar, em todos os aspectos.
JP: Quais são os principais projetos a serem desenvolvidos pela secretaria ao longo deste ano?
Em abril nós temos os 100 anos do Museu Republicano, 150 anos do Trem Republicano e 150 anos da Convenção Republicana e fundação do Partido Republicano Paulista (PRP). Do dia 15 ao dia 18 de abril, nós faremos uma série de eventos juntos com o Museu Republicano. Eu posso adiantar que deveremos ter a inauguração da cápsula do tempo do Marco Zero. Em seguida vamos ter o terminal turístico agregado à Praça dos Exageros e a proposta é que nós tenhamos uma linha turística de passeio a partir deste terminal, oferecendo um city tour por Itu. Deveremos ter ainda este ano a finalização do Polo Gastronômico da Avenida Ernesto Fávero e eu já digo que nós pretendemos que essa avenida e toda aquela área passe a ser também um polo de atrativo de lazer para o cidadão e para o turista.
JP: Como está a situação do Mercado Municipal e o que temos em termos de novidade para este ano?
A gente pretender dar prioridade para os eventos a serem realizados no Mercado Municipal. O que tem de novidade é que vamos estabelecer uma parceria a Secretaria de Cultura e levar para dentro do Mercado a produção de arte e artesanato de Itu, mas não de forma esporádica. Que lá se tenha um ponto fixo de venda de produtos. Nos próximos dias a Prefeitura vai editar mais um chamamento público aos interessados em ocuparem os espaços ainda disponíveis.
JP: O orçamento da Secretaria de Turismo atualmente é de pouco mais de R$ 19 milhões. Esse valor é suficiente? De quais os outros recursos a pasta dispõe, como emendas e convênios, e como melhorar?
Melhora sempre com parceria. Desse valor citado, já está vinculado a ele um pouco mais de R$ 7 milhões que são recursos do Dadetur, como uma cota que o município tem para execução de obras. O Dade deve mudar, com a possibilidade de contratar outras coisas senão obras: projetos, área de marketing e assim por diante. Isso vai ser muito bom pra gente, porque muitas vezes a cidade não precisa de mais obras de turismo. No Natal, por exemplo, a gente mostra que a iniciativa privada está disposta a investir nos eventos. Nós trouxemos o Mercado Pago, que nos ajudou no Natal. E assim tem sido. E quando eu digo ajuda, não é benemerência; é participação porque tem retorno publicitário previsto em lei, e a Prefeitura faz questão de executar isso da melhor forma.
JP: Um dos grandes eventos do ano no Brasil será o Tomorrowland, que acontecerá em Itu. Como a cidade está se preparando para aproveitar as oportunidades geradas pelo festival?
Para a cidade de Itu, isso tem um impacto em diversas frentes. Vai ter um impacto com a presença de aproximadamente 180 mil pessoas. É claro que esse contingente não vem totalmente para movimentar a economia direta da cidade de Itu, mas muitos deles vêm, se hospedam. As redes hoteleira e a gastronômica devem ficar 100% ocupadas. Nós estamos nos preparando para ser um bom receptivo. Nós vamos capacitar nossos servidores, vamos fazer uma sinalização turística mais forte, a segurança estará extremamente empenhada. A Prefeitura pretende colocar um número maior de câmeras de segurança. Mas acima de tudo isso, um evento como o Tomorrowland repercute o nome institucional da cidade. E quando você divulga para o mundo afora Itu, isso dá uma mídia que não tem como dimensionar. Se o município tivesse que pagar essa publicidade, não teria como. O mais importante de tudo é a gente se apropriar do evento.
JP: Muito se fala do potencial turístico de Itu. O que falta para a cidade explorar ao máximo esse potencial? Por fim, deixe suas considerações finais.
O meio turístico é, como toda atividade econômica, caminha no seu ritmo, baseado nas ações que a gente pratica. Não dá para dizer que em um ano, ou seja quanto for o tempo, você consiga subir patamares muito elevados. O que a gente tem que fazer é ir demonstrando e construindo essas ações. Vou dar um exemplo prático: recentemente, a operadora do Trem Republicano, que é uma empresa privada, trouxe pra cá a CVC. A CVC não vende pacotes para Itu. Isso está começando a acontecer. O que faltava, e está acontecendo agora, é empresas que profissionalizem esse receptivo aqui. Tudo isso é um agregado de fatores. Toda melhoria que nós estamos impondo, praticando, são um pedacinho dessa escalada. E eu acho que, em curtíssimo tempo, Itu vai se posicionando cada vez mais no cenário. É isso que a gente precisa fazer.