Espaço Acadil: As efemérides do Piotto
Quem já chegou à casa dos cinquenta anos vai lembrar-se de umas revistas distribuídas nas bancas de jornais da cidade, com curtas informações sobre a história de Itu. Eram pequenas brochuras sob o título “Efemérides”, publicadas mês a mês, que traziam notícias de acontecimentos do passado da cidade, organizadas por datas. Memorialistas antigos publicavam assim, creio que o mais famoso o J. J. Ribeiro, com sua “Cronologia Paulistana”. O autor das efemérides de Itu, a partir de 1978, era o jornalista Paulino Domingos Piotto, atuante cidadão em diversos segmentos da vida social, sobretudo nas letras e nos esportes.
Aluno do Grupo Escolar “Convenção de Itu”, Piotto reunia, anualmente, os antigos colegas das diversas turmas para lembrar as mestras e o quanto aprenderam naquela escola.
Aos dezoito anos, Paulino se tornou carteiro em Itu e, no ano seguinte, em São Paulo, o que o fez conhecer muita gente e se interessar por notícias e divulgá-las pela imprensa. Desta forma, em 1943, ele se tornou jornalista, colaborador do jornal A Federação. Posteriormente, voltando a viver em Itu, tornou-se correspondente do jornal Gazeta Esportiva. Por muitos anos foi comentarista esportivo na Rádio Convenção de Itu. A atividade jornalística o levou a outros semanários locais, como A Gazeta de Itu e A Voz de Itu. Em Salto, colaborou com o Taperá e, em Porto Feliz, com a Tribuna das Monções. Posteriormente foi jornalista responsável pelo República de Itu. Neste jornal ele mantinha uma coluna dedicada à memória da cidade, noticiando algo relacionado ao passado da cidade, sempre acompanhado de foto ilustrativa.
Poucos sabem, mas Piotto foi Deputado Federal pelo PSB, por um ano, em 1955, ainda no Rio de Janeiro. Aposentou-se da empresa de Correios e Telégrafos em 1976, mas nunca do jornalismo. Em 1995 concorreu e foi eleito para a Cadeira 29 da Academia Ituana de Letras, cujo patrono, João Tibiriçá Piratininga era uma das figuras de quem ele se orgulhava enormemente de ser conterrâneo. A sua posse na ACADIL deu-se dois anos depois, em solenidade no Museu Republicano Convenção de Itu. Foi frequente colaborador nas reuniões e publicações da Academia.
Paulino Piotto era um comunicador nato. Diariamente circulava pela cidade, em rodas de amigos, trazendo e levando notícias. Na prosa, imperavam as coisas dos esportes.
Em 2008, Paulino lançou o seu único livro, Memória de um carteiro antigo, pela editora Ottoni, reunindo centenas das efemérides que ele estudou, selecionou, escreveu e já havia publicado. Foi a coroação de uma vida dedicada a registrar as tradições da cidade. Faleceu em Itu a 9 de outubro de 2009, deixando viúva a dona Lourdes, e a filha Paula.
No centenário de nascimento deste velho amigo, parodiando-o, podemos escrever assim: “1924, 02 de maio. Na antiga Rua da Misericórdia, atual “Joaquim Borges”, em Itu, nasceu Paulino Domingos Piotto. Era uma sexta-feira.”
Luís Roberto de Francisco
Cadeira Nº 30 I Patrono Tristão Mariano da Costa