Espaço Acadil | Celular na escola: vilão ou aliado da educação?
Com o avanço da tecnologia, cresce o debate sobre o papel do celular nas salas de aula brasileiras. Proibir é a única solução?
O uso do celular nas escolas brasileiras tem gerado debates intensos. De um lado, há quem defenda a proibição total, alegando que o aparelho distrai os alunos, facilita o acesso a redes sociais durante a aula e prejudica o rendimento escolar. De outro, há educadores e especialistas que propõem uma abordagem mais equilibrada, integrando o celular como ferramenta pedagógica, especialmente em turmas do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio.
O grande desafio não está no aparelho em si, mas na forma como ele é utilizado. Quando bem orientado, o celular pode se tornar um recurso valioso dentro da sala de aula. Professores já vêm utilizando essa tecnologia para atividades como pesquisas rápidas, acesso a dicionários e tradutores online, consulta a plataformas educativas, e até para gravação de vídeos e realização de projetos audiovisuais.
Em vez de uma proibição rígida, muitas redes de ensino no Brasil têm adotado políticas de uso consciente, estabelecendo normas claras sobre quando e como os celulares podem ser utilizados. O objetivo é transformar um possível elemento de distração em uma ferramenta de aprendizagem ativa e significativa.
Alguns exemplos ajudam a ilustrar esse movimento. No estado de São Paulo, a Secretaria da Educação regulamentou, em 2024, o uso dos celulares na rede estadual: seu uso recreativo durante as aulas está proibido, mas o aparelho pode ser utilizado com fins pedagógicos, desde que autorizado e orientado pelo professor. Já em Joinville, Santa Catarina, a rede municipal definiu regras que restringem o uso do celular fora das atividades escolares, mas incentivam sua utilização em projetos educativos. No Distrito Federal, uma norma vigente desde 2008 proíbe o uso inadequado dos celulares nas escolas públicas, mas permite seu uso com fins didáticos.
Essas iniciativas mostram que é possível encontrar um caminho do meio: não se trata apenas de permitir ou proibir, mas de educar para o uso responsável e produtivo da tecnologia. A escola, nesse contexto, tem um papel fundamental — não apenas de ensinar conteúdos curriculares, mas também de preparar os alunos para o uso ético e inteligente dos recursos digitais que fazem parte do mundo em que vivem.
Mais do que excluir o celular do ambiente escolar, o desafio é integrá-lo com propósito. Quando bem orientado, ele pode deixar de ser um vilão e se tornar um aliado valioso da educação contemporânea.
Roberto Melo Mesquita
Cadeira Nº 33 | Patrono Capitão Bento Dias Pacheco