Espaço Acadil: Conhecer para defender
Vilma Pavão Folino
Cadeira Nº 35 I Patrono Maria José de Toledo Piza
A Amazônia Brasileira, tão citada atualmente, é imensa, deslumbrante e ao mesmo tempo contundente.Com 29 milhões de habitantes (IBGE), sua história é magnífica e mais antiga que o suposto.
Na região do Xingu, pirâmides de aproximadamente 6.000 anos, formadas por sambaquis, conservam esqueletos humanos e obras de arte. As cartas dos séculos XVI e XVII, relatavam uma densidade populacional na região do Rio Amazonas, assim como graves confrontos com belicosas indígenas, as amazonas, a presença de tribos de gigantes e de outras tribos estranhas, além do Eldorado. Um corsário inglês confirmou a presença de amazonas e a existência da cidade de ouro. Mal sabiam que estavam originando misteriosos mitos de cidades perdidas. Recentemente o Washington Post afirmou existirem muito mais de 81 assentamentos históricos escondidos na região.
Desde 2006 (IPHAM), arqueólogos estudam o Parque do Solstício,sítio rupestre de mais de 1000 anos, em Calçoene, a 374km de Macapá, chamado de “Stonehenge da Amazônia”, referência ao monumento megalítico inglês. O espaço era dedicado a funerais, ritos e observatório astronômico e é considerado especial pelo material granítico, pelo tamanho do círculo megalítico e das grandes pedras em alinhamento astronômico com o solstício de inverno, em dezembro, por estar acima do equador.
A exuberância da flora, da fauna, da água, e de seus valiosos minérios atraem a cobiça nacional e internacional. Palco verde de graves e intrincados problemas requer um planejamento sério e acompanhamento permanente, sobretudo sobre: o fornecimento de patentes a fármacos e extratos; a questão madeireira, o desmatamento, o conflito agrário; as grilagens de terra, a questão indígena; a reforma agrária que contemplou no passado pessoas não provenientes da atividade agrícola, incluindo mais de 1000 políticos (INCRA); a mineração e o garimpo; a venda de milhares de hectares de terras a estrangeiros, baseada em projetos de “auxílio à conservação”, que não foram, nem são cumpridos; os massacres e mortes constantes desde longa data (última década, mais de 300 assassinatos); o escoadouro de drogas, a constrangedora prostituição infantil, o contrabando de animais,além do manejo sustentável.A falta de ética permeia os meandros do rio…
Em 2010, a pesquisa de doutorado da brasileira Elizabeth Pimentel, da UFAM (Universidade Federal do Amazonas) revelou uma fantástica descoberta: a imensurável fonte de água doce, o rio subterrâneo Hamza com mais de 6.000 km de extensão, que segue lentamente o Rio Amazonas, a 4000 m abaixo até o Atlântico. (G1 29/01/22). A ciência do volume de água doce aumentou… assim como os mais diversos interesses sobre a região…
Um universo que nós brasileiros pouco conhecemos e por este motivo, assombrados pela pirataria geral, permanecemos como espectadores.
Parafraseando Dorival Caymmi:
Você já foi à Amazônia, cara?
Não?
Então, vá… com todo o respeito que ela merece.