Espaço Acadil: Pegadas do meu tamanco – poemas de 2020 e 2021
IX
Soltar as rédeas da vida
No embalo de ganhos e perdas
De fios que atam, desatam,
Fugidios de todo controle.
Soltar as rédeas da vida
Em dourados momentos de paz
Reverenciando sóis e luas,
Integrantes certos
No afogar-se de dúvidas.
Soltar as rédeas da vida
E acreditar… acreditar..
X
Que “eu” é esse
Que de dentro de mim irrompe,
Bravio, impetuoso…?
Que “eu” tão meu
Pode me satisfazer
Pode me doer,
Ser imprescindível
Ser banal?
Que “eu” é esse
Que mora comigo,
E choroso, me escraviza,
E exigente, me acalma
E me domina e me derruba?
Em qual “eu”
Poderei, questiono,
Debruçar meus anseios,
Completar meu esboço…?
XI
Por onde me carregas coração?
Pelas vielas da dor
Pelas veredas do riso
Pelos becos do amor.
Por onde me carregas?
Nos frágeis passos do dia
Nos medos das noites
Nos gritos sem resposta.
Me carregas?
Por esperanças infindas
Por amargas desditas
Por crenças desmedidas.
Por onde?
Pela música que consola
Pela dança da vida
Pela fé na mudança?
Por onde me carregas,
Coração?
XII
Um fio de esperança,
Dispara em meu corpo
E o susto se apresenta
A procurar pela causa.
Nem é dia de festa,
Nem nasceu criança aqui,
Não vou rever os meus ainda,
Não terminou a quarentena…
E o fio continua esticado,
Presente,
Quase palpável!
Esperança sem causa,
Fico a cismar:
Quem sabe errei
E desta vez,
Chama-se fé?
É isto!
Eu tenho fé
E dias muito melhores virão!
VIII
Se o vento, um dia,
Bater contrário
E acelerar seu coração,
Se o vento um dia
Disser que é
O que não era….
Ria!
Se o vento um dia,
Balançar tudo
E pedir reorganização,
Se o vento um dia
Surpreender de solavanco
Os desenhos antigos…
Ria!
E então…
Caminhe com ele…
Com o vento,
Em nova direção!
IX
Sempre é tempo!
Tempo de permanecer
E tempo de remexer!
Tempo para o sorriso
E para chorar se for preciso!
Sempre é tempo!
Tempo de sentir o amadurecer
E aprender de novo como viver!
Tempo para descobrir as cores
E usufruir de todos os amores!
Sempre é tempo!
Tempo de alinhavar o passado
E o futuro impedir de ser rasgado!
Tempo de desenterrar os projetos
E entender todos os afetos!
Sempre é tempo!
Tempo de aceitar novos caminhos
E por eles trilhar, mas não sozinhos!
Tempo para derrubar a barreira
E ser feliz de qualquer maneira!
Sempre vai ser tempo!
Tempo não pode ser medido
Nem antecipadamente sofrido,
Teremos de maneira perfeita
Que realizar a colheita,
Querendo em cada segundo
Sentir o sabor do mundo!
X
Vou colhendo
Migalhas,
De emoção
Felicidade…
Migalhas!
Vou engatinhando
No medo
Do tropeço,
Da solidão
Do abraço último,
Que não diz
Quando vem,
Qualquer um
Pode ser ele!
Vou indo,
Com menos doçuras!
Maria Aparecida Thomaz Alves
Cadeira N° 8 I Patrono Newton Camargo Costa