Espaço Acadil: Sem Assunto

Guilherme Del Campo
Cadeira nº 11 I Patrono Guilherme de Almeida

Chegou o “MEU DIA”. O verdadeiro terror de um escritor, cronista ou articulista é se ver sem assunto para elaborar um texto. À frente de sua antiga máquina de escrever, de um moderno “laptop”, ou em meio a uma pilha de papéis brancos, lápis e canetas, tudo à disposição para escrever e nada. A falta de assunto representa o aniquilamento temporário de ideias criativas, a serem enviadas aos periódicos.

Grandes escritores do passado e da atualidade, inclusive os futuros passaram ou passarão por este tipo de angústia e da privação de um projeto de texto imediato.

No “Estadão” de domingo, dia 10/04/22, o articulista Leandro Karnal confessou já ter sofrido do mesmo mal. Lembra-nos o exemplo do capixaba Rubem Braga (1913 – 1990), escritor famoso por suas disputadíssimas e grandes crônicas, ao referir-se a esta falta de assunto: – “Chegou meu dia. Todo cronista tem seu dia em que, não tendo nada a escrever, fala da falta de assunto. Chegou meu dia. Que bela tarde para não se escrever”.

Creio que não só eles como grandes escritores como Monteiro Lobato e Machado de Assis no passado, Laurentino Gomes e Paulo Rezzutti, grandes historiadores da atualidade e todos os nossos confrades e confreiras da ACADIL – Academia Ituana de Letras, também devem ter sofrido ou sofrem seu momento de privação de criatividade.

Esse apagão, que acomete todo cronista é universal. Na verdade há milhões de assuntos a serem abordados ou debatidos, mas parece-me que naquele tal momento, as ideias, as escolhas, as opções escondem-se sob o tapete da sala, juntando-se aos ciscos que ali foram empurrados, por domésticas adeptas da vagabundagem ou donas de casa relapsas.

Para piorar essa falta de assunto, você se depara diante do prazo que o jornal lhe dá, o qual você assinou um contrato formal, ou mesmo de maneira tácita, com o comprometimento moral e social de enviar um texto, a tempo de ser publicado.

Mas, graças a Deus, esse breve momento de letargia e inoperância literária passa, como tudo na vida passa. Nós passamos ou outros também passam e assim vamos levando a nossa breve existência, talvez inspirados por nossos limitados conhecimentos ou por inspiração divina de algum anjo caridoso, simpático a nós.

Enquanto isso, vamos escrevendo e sonhando com nova ideias, pedindo perdão e paciência aos leitores.