Estudantes do Colégio Divino Salvador, de Itu, se preparam para lançar satélite
Já tendo se destacado com participações vitoriosas na Mostra Brasileira de Foguetes, o Colégio Divino Salvador mais uma vez se destacou neste ano, agora sendo o único da cidade de Itu a participar da 1ª edição da OBSat (Olimpíada Brasileira de Satélite), organizada por meio de uma parceria entre a UFSCAR e o Ministério da Ciência e da Tecnologia.
Os alunos do 1º ano do Ensino Médio Felipe Gal, Beatriz Luques, Vinicius Takahashi e Giovanni Boff, juntamente com os professores Benito Trento e Ana Cláudia, formam a equipe Tardígrados, que recebeu o satélite Pion CubeSat, que será enviado para a estratosfera por um balão meteorológico.
Equipado com diversos sensores, o satélite coletará dados atmosféricos importantes que serão analisados, processados e enviados à organização da OBSat. Caso seja selecionado, o satélite poderá ser colocado em órbita. A 1ª edição da OBSat está programada para terminar em fevereiro do ano que vem.
A equipe tem se preparado para fazer o lançamento e a preparação consiste na realização de testes e tudo está sendo registrado e compartilhado com os demais alunos da instituição, para que nas próximas edições da competição, tanto os estudantes do Ensino Fundamental quanto do Médio, possam participar de novos lançamentos do gênero.
Nesta semana, o Periscópio conversou com a equipe Tardígrados, que comentou a respeito da preparação e de todo o processo. “Eu fiquei bem surpreso quando foi chamado para o projeto, foi algo bem diferente, porque não estou acostumado a mexer nessas coisas, mas a parte programação é algo que já estou acostumado, por isso não estranhei tanto, a parte de programar sensores”, explica o aluno Giovanni Boff.
“Foi uma surpresa, uma experiência muito boa, nunca havia feito algo parecido, experiência prática de programação de montagem”, comenta o estudante Felipe Gal, que tem seu comentário reforçado pelo companheiro de equipe Vinicius Takahashi. “Este tipo de Olimpíada é diferente, pois é algo que você não tem que escrever fazer prova é algo mais prático”. A aluna Beatriz Luques cita que fazer parte do projeto “tem sido uma experiência muito boa, bem interessante e proveitosa”.
Ainda no primeiro semestre, os alunos estruturaram o projeto. Na primeira fase da OBSat o objetivo era gravar um vídeo apresentando o projeto para ser julgado e ver se passaríamos para a segunda fase e receber o satélite Pion CubeSat, para depois promover a montagem de estrutura e programação, iniciadas no segundo semestre.
Os custos do projeto são financiados pelo próprio Colégio Divino Salvador. Porém, os alunos aproveitam para destacar. “Vamos usar câmeras no nosso projeto e seria interessante a gente ter um patrocínio, pois os testes não são baratos, o balão é muito caro e uso único, então seria legal um investidor, mas não somente para a nossa equipe, mas na educação, na ciência, o bem comum”, diz o aluno Felipe.
Mestre em Ciências Ambientais e professora de geografia do Colégio Divino Salvador Itu, Ana Cláudia Bento explica ao JP que ela e o professor Benito Trento, que integram o projeto, tinham como objetivo acabar com piadas e “afirmações” postadas na internet de que a Terra é “plana”. “Já tinha feito uma proposta de soltarmos um balão e aí nas férias, fazendo uma pesquisa na internet, encontrei o site dessa Olimpíada e tentamos unir o útil ao agradável”, diz a educadora.
Benito, que é professor de ciências, biologia e química na instituição, biólogo formado, bacharel na área ambiental e mestre em biologia animal faz questão de destacar. “Essa Olimpíada chegou em um momento muito legal onde a gente vê essa atmosfera de negacionismo da ciência. Essa coisa do terraplanismo, que é completamente furada, comprovada por ‘n’ fatores que a terra é redonda, uma geoide”.
“Essa Olimpíada nos traz a oportunidade além de fazer o registro fotográfico, de filme, a gente fazer o sensoriamento de gases e componentes da atmosfera, gases de efeito estufa e também vai medir durante todo o trajeto temperatura, umidade, pressão, quantidade de radiação ultravioleta, filmar o trajeto todo e isso tudo vai nos gerar dados, que a gente vai conseguir compilar e depois fazer um estudo mais refinado e culminar numa publicação por parte dos alunos do colégio”, acrescenta Benito.
A ideia é que o satélite atinja 30 km de altura e nesse trajeto todo ele vai medindo, fazendo filmagens. “Essa olimpíada é excelente. Dá para aplicar toda aquela teoria que acaba sendo maçante no livro. Quando o aluno tem a oportunidade de construir um satélite e configurar, ver aqueles conhecimentos sendo aplicados, a educação é muito mais transformadora e eficaz”, acrescenta o educador.
Coordenador de projetos do colégio, Roger Antônio Viera também falou sobre o trabalho desenvolvido. “O lema da escola esse ano é a educação do futuro agora e essa educação do futuro é mão na massa, é atividade prática e essa Olimpíada vem ao encontro disso, praticar essas questões tão importantes em pauta é o objetivo.”
“Tudo isso é ter acesso a teoria e coloca-la em prática, aliando os problemas e as questões que o futuro nos impõe, desenvolvendo projetos e técnicas que possam tornar nossos alunos capazes de intervir socialmente, tecnologicamente, cientificamente. É esse pessoal que é o futuro e é para eles que temos que oferecer essas oportunidades”, conclui.