Estudantes se dizem vítimas de calote em faculdade da cidade
Alunos alegam que, na matrícula, instituição educacional se comprometeu a quitar a dívida do Fies. Faculdade rebate as acusações
Lucas Gandia
Um grupo de alunos do curso de administração está processando o Grupo Educacional Uniesp (União das Instituições Educacionais do Estado de São Paulo) por propaganda enganosa. Os estudantes afirmam que, atraídos pelo programa “Uniesp paga”, realizaram contratos do Fies e adquiriram dívidas que chegam aos R$ 25 mil.
Para participar da promoção, os estudantes deveriam procurar um banco e contrair — em seu nome — o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), programa do Ministério da Educação (MEC) que financia cursos superiores não gratuitos. Feito isso, os alunos receberam do grupo educacional um documento em que a instituição dizia se comprometer a quitar a dívida.
Entretanto, para os órgãos de defesa do consumidor, o documento não tem valor legal. Ou seja, caso o grupo educacional não pague as parcelas do financiamento, é o aluno que ficará com o nome sujo na praça. E foi isso o que aconteceu com Mariana Gisele Martins Rodrigues, 30 anos, que concluiu o curso de administração pela Uniesp de Itu em dezembro do ano passado. “Eles falam que a gente vai fazer o curso e a faculdade vai pagar. Mas já terminei meus estudos, não pagaram nada e estou devendo R$ 25 mil”, afirma.
Mais problemas
O problema enfrentado por Mariana é uma realidade comum a quase todos os colegas de turma. Indignados, os estudantes decidiram procurar a Justiça para resolver a situação. “A maioria já contratou advogados e entrou com ação, mas as coisas não se resolvem. Estou com um problema financeiro enorme, pois, com o nome sujo, minhas contas não estão sendo quitadas e meus cheques estão voltando”, relata Sandra Regina Arduini, 43 anos.
A recém-formada conta que, além da questão financeira, muitos alunos estão com problemas no cadastro da instituição de ensino. “Quando entramos na faculdade, em 2012, a Uniesp de Itu não tinha liberação do MEC para o curso de administração. Então, no contrato do FIES, fomos inscritos como estudantes de processos gerenciais”, observa. “As parcelas do financiamento só deveriam começar a cair um ano e meio após o término dos estudos. Mas como os cursos têm durações diferentes, o banco já está debitando as parcelas”.
Segundo Nívea Gomes dos Santos, 38 anos, também graduada em administração pela Uniesp de Itu, a falta de transparência compromete ainda mais a gestão do grupo. “Quando questionamos, falam que vão cumprir o que prometeram e acertar o financiamento do aluno. Mas até agora estão todos com o nome restrito. É muita coisa errada que acontece naquela faculdade; já prejudicaram muita gente”, enfatiza. “Sinceramente, não espero nada deles. É uma confusão vergonhosa”.
Uniesp rebate
Questionada pelo “Periscópio”, a Uniesp rebate as acusações das estudantes e afirma que o programa oferecido pelo grupo educacional tem credibilidade. “A Uniesp efetivamente cumpre sua parte no acordo, quitando as mensalidades dos alunos que cumpriram todos os pré-requisitos propostos no contrato”, pondera. “Informamos que a direção da faculdade está fazendo um levantamento detalhado de cada caso e analisando se há algum equívoco. Os alunos serão informados assim que as análises forem concluídas”.