Ex-presidente manifesta-se sobre situação do Ituano
Na edição do último sábado, o jornalista e editor do Periscópio André Roedel publicou um artigo discorrendo sobre o Ituano e a possível – ou não – SAF. Não foram poucas as manifestações que foram enviadas a respeito.
Dentre tantas, o jornal recebeu um e-mail enviado por José Domingos Francischinelli, o Rosan, que foi presidente do Ituano durante seis anos e em outras oportunidades foi dirigente com destaque no clube. Segue abaixo o posicionamento de Rosan na íntegra:
Ao
Jornal Periscópio
Prezados Senhores,
O editorial da edição do dia 22 de fevereiro me estimulou a escrever o que se segue:
Lamentavelmente a história do Ituano está sendo manchada absurdamente pela péssima gestão de Juninho e Paulo Silvestre.
Há dois períodos distintos da gestão deles. Até final de 2022, quando o time esteve prestes a acender a série A do Brasileirão, sendo derrotado pelo Vasco da Gama, em Itu.
Em várias oportunidades, através de e-mails, enviei parabéns aos dois gestores. Parabéns, até lá muito merecidos.
A partir de 2023, tudo mudou. O único objetivo foi o resultado econômico-financeiro, formando um grupo de atletas de péssima qualidade, não parando de piorar em 2024 e 2025, time horrível. Plantel fraquíssimo e reduzido com cerca de menos de 14 atletas profissionais.
Aqui vale lembrar que o Ituano tem um departamento de “scout” (olheiros de futebol), composto, conforme informação que recebi do próprio Paulo Silvestre, de 2 ou mais pessoas, há cerca de 2 ou 3 anos;
O departamento não funciona? Funciona somente, para descobrir novos talentos para formar as equipes de base (sub 15, sub 17, sub 20)
A seguir esta toada o futuro do Ituano será igual ao Desportivo Brasil, formar atletas e vender, disputando qualquer série dos campeonatos, para não cair e também não subir.
Aí que reside, a partir de 2023, os interesses dos gestores, embora, na edição da Revista do Ituano, logo após o rebaixamento no Campeonato Brasileiro, série B, com o título ‘HORA DE REMONTAR AS PEÇAS” temos a entrevista do Paulo Silvestre:
“O planejamento para 2025 já começou e as metas são claras, queremos subir nos 2 torneios…”
Por favor, apesar de pequena a torcida do Ituano merece respeito. Não merece ser tão enganada, com promessa não cumprida, somente cerca de 60 dias após ela ser prometida.
A torcida vai acreditar em um gestor que em dezembro de 2024, faz a afirmação acima e faz as péssimas contratações, formando péssimo time, sem as mínimas chances de obter sucesso, cumprir o prometido por um dos gestores. Futebol não é ciência exata. No futebol se for feito tudo certo, pode dar certo; se fizer algo errado, certeza que vai dar errado (Prof. José Teixeira) Com tudo errado, só pode dar MUITO ERRADO.
Por outro lado, as equipes da base estão indo bem. Por que esta diferença? Está clara: a equipe de base dá lucro, dá receita. Na semana passada, os direitos do artilheiro da base foram cedidos ao Palmeiras.
Vocês viram o Rodrigo Haurki, jogar? Por quanto foi cedido?
Ah, mais o Ituano foi cedido, até 2030, para a Dimachi, portanto, o clube não precisa saber o valor da cessão.
Enquanto eu escrevia este texto recebi a seguinte noticia: São Paulo contratou o meia atacante Pedro Falvela, considerado novo Martinelli, 15 anos para o sub-15 e também o zagueiro Pablo Nereu, 17 anos, para o sub-17.
O Ituano tem direito a 1,5% da receita liquida, portanto, é um sócio minoritário e não há limite do percentual da participação para conhecer as receitas. Só vai tomar conhecimento quando da prestação anual de contas?
Na prestação anual de contas, demonstração de resultados do exercício os documentos são apresentados? Eu pergunto.
Só para efeito de comparação: São Paulo vendeu Luiz Araújo e como o Mirassol tinha direito a 20%, recebeu R$ 7.700.000,00 ou R$ 7.800.000,00 (a impressa divulgou os 2 valores, talvez esta pequena diferença deva-se ao fato de que a venda foi em moeda estrangeira e momento da conversão).
O Ituano vendeu Martinelli ao Arsenal, por € 6.000.000,00 (seis milhões de euros), na época, R$ 30.000.000,00 e ficando com parte dos direitos (na época noticiado 30%, depois 20% e ultimamente 10%).
Onde está Mirassol? Onde está o Ituano?
Não sou contra a SAF. Talvez seja a única solução para o Ituano continuar existindo, porém, os valores devem ser divulgados, e não constituírem uma caixa preta.
O que escrevi até aqui são verdades.
A partir de agora são comentários de amigos conselheiros do clube (fui presidente durante 6 anos, de 1986 a 1991, tenho pago à vista a contribuição de sócio torcedor, inclusive para 2 netos, (até então nada mais do que minha obrigação como torcedor) com exceção deste ano, pois, o disparate entre a entrevista do gestor Paulo Silvestre e a realidade do time deste ano, me fez desistir de ir aos jogos do Ituano.
Inicialmente estimou-se o valor da SAF do Ituano entre 120 e 130 milhões de reais. Ultimamente o valor de consenso está na ordem de oitenta milhões de reais.
É constante a informação de que a proposta é de 60% para Dimachi, empresa dos atuais gestores e 40% para o Ituano, sendo que na sequencia o Ituano e a Dimachi, cada uma das partes, venderiam 10% ainda, por dedução, 8 milhões para Dimachi e 8 milhões para o Ituano).
Sendo que os 8 milhões da Dimachi seriam destinados ao time de futebol, juntamente com 4 milhões da parte do Ituano, portanto, 12 milhões seriam investidos no futebol.
Há dias em Assembleia dos Associados, com número reduzido de presentes, foi aprovado a entrada do Ituano em uma das ligas do futebol.
Não haveria como não votar a favor, pois, o Ituano não teria nenhuma condição de negociar individualmente, por exemplo, direito de transmissão pela TV de seus jogos.
É voz corrente que o Ituano receberá, a título de luvas, por contrato de 50 anos, cerca de 14 a 15 milhões à vista. Até agora não se discutiu com seria destinado este valor. Ora, se é luvas por 50 (cinquenta) anos, temos 300 mil por ano. Se o contrato com a Dimachi é até 2030, temos mais 6 anos, (2025 até 2030), o correto é a Dimachi ficar com um milhão e oitocentos mil reais (300.000,00 x 6 anos). Isto precisa ser mais bem esclarecido.
Se considerarmos os 12 milhões (decorrente da venda de 10% da SAF, de cada, Dimache e Ituano,) mais 14 ou 15 milhões, como estes valores serão aplicados? Num centro de treinamento? Quem será ou serão os proprietários?
Por derradeiro, os gestores atuais sustentam que possuem o direito a adquirir 60% da SAF, sem ônus, pois, aplicaram recursos na manutenção do time de futebol de 2010 até agora.
Eventual prejuízo apurado pela DIMACHI, não há previsão contratual de reembolso por parte do Ituano. Se por gesto de boa vontade for aceito eventual prejuízo, como pagamento de 60% da SAF, este prejuízo precisa ser comprovado e pelo que consta, os gestores não tiveram prejuízos, e se tiveram, mesmo corrigidos, provavelmente, não seriam na ordem de quarenta e oito milhões de reais.
Após o contrato firmado em 30 de dezembro de 2009 entre Ituano, DimachI e JP, o Ituano cedeu vários atletas, com destaques para:
Igor Vinicius – SPFC 400 mil euros; Clayson, Ponte Preta 495 mil euros; Luan Peres, Club Brugge (BEL) 500 mil euros, Luiz Felipe, Lazio (ITA), 750 mil euros; Marcão, Gyeongnam (COR), 870 mil euros; Martinelli, Arsenal (ING), sete milhões e cem mil euros, totalizando, somente nestas vendas, mais de dez milhões de euros.
Em 07/09/2023, foi noticiado que o Ituano iria receber três milhões de reais, referente a venda de Luiz Felipe ao Al-Ittihad da Arábia Saudita, referente ao chamado mecanismo de solidariedade da Fifa. Certamente o clube recebeu, além deste valor, outros a este título
Por derradeiro, se a SAF do Ituano tiver somente o objetivo de lucros, o MP deve ser acionado, pois, com este objetivo exclusivo, sem trazer alegrias aos torcedores do Ituano e ainda manchando o nome do clube e da cidade, penso ser ilegal usar as dependências do Novelli Júnior, com consumo de energia elétrica, água e conservação, de forma gratuita, ou seja sem nenhum retribuição à municipalidade
José D. Francischinelli (Rosan)