Fim de feira
Por Ivan Valini
A cada semana, o clima de “fim de feira” toma mais conta da Câmara dos Vereadores de Itu. O desinteresse dos vereadores para com a cidade e sua população, após as derrotas nas urnas, fica mais evidente a cada sessão.
Quem acompanha o Legislativo percebe claramente que o objetivo é “cumprir tabela”. São sessões cada vez mais curtas (a última durou menos de uma hora), nenhum projeto importante sendo discutido ou votado, pouquíssimos vereadores se manifestando em falar na Palavra Livre (tempo que cada vereador tem para expor o que quiser durante 15 minutos), enfim, estão literalmente empurrando com a barriga para que o ano termine.
Curiosamente, nos anos anteriores, esses meses (outubro e novembro) eram de intensa movimentação dentro do Legislativo.
A esperança que fica é que o recesso parlamentar (com exceção do dia 1° de janeiro, quando acontece a posse dos eleitos) seja usado como tempo de reflexão. Serão praticamente dois meses de férias para os vereadores, um privilégio que só existe no Brasil e que o cidadão comum nunca desfrutou, ou seja, é um emprego dos céus.
A população deu o seu recado nas urnas. A expectativa em relação à nova Câmara Municipal é auspiciosa, quiçá marque o surgimento de mais lideranças que realmente legislem, acima de tudo, em prol da cidade, mesmo que seja necessário ferir interesses em razão de um melhor e mais justo desenvolvimento socioeconômico, com mais qualidade de vida e oportunidades para todos.
Que a partir de 2017 possamos ter uma Câmara mais moderada e compassiva, dependendo, é claro, de como será a postura dos que ocuparão a cadeira pela primeira vez e que podem surpreender em suas atitudes.
Também se fará necessário uma auto-avaliação sobre a forma de se fazer oposição. Que os vereadores se baseiem muito mais em provas e documentos do que simplesmente em denuncismos e discursos verborrágicos. Que possam conquistar a atenção do prefeito eleito e de sua equipe antes de despertar neles a ira e a indiferença.
Cada um dos 13 novos vereadores terá quatro anos para mostrar aos seus eleitores que a escolha foi certa e não permitir que mais uma legislatura entre para a história com a chancela de medíocre.
2017 será o ano, tanto para o Executivo como para o Legislativo, de superar a média com louvor e não apenas tirar a nota suficiente para passar de ano.
Mas, como já dizia o saudoso Leonel Brizola: “A política ama a traição, mas abomina o traidor”.