Fórmula mágica?
Lucas Gandia
Colheradas de lentilha, banhos de sal grosso e caroços de romã certamente fizeram parte da festa de Réveillon de muitos brasileiros. Quando as notícias não ajudam, só nos resta apelar às superstições e crendices populares. Cá entre nós, não há mal algum nisso. Entretanto, ainda prefiro acreditar na força de superação do nosso povo.
Ao longo de 2015, não foram poucas as vezes que a palavra “crise” atormentou o sono das famílias. Nem sempre contextualizado, o termo passou a ser utilizado, inclusive, como argumento para qualquer dificuldade – seja dentro de casa ou em todo o país.
É fato que não estamos em tempo de “vacas gordas”. Aliás, a situação não é exclusiva do Brasil, como muitos preferem crer. Em um cenário internacional cada vez mais globalizado, seria ingenuidade acreditar que as economias caminham de forma isolada e independente. Trata-se de um efeito em cadeia: se as coisas não vão bem na China e na Europa, por exemplo, uma hora sentiremos as consequências por aqui. E vice-versa.
Inflação, desemprego, alta do dólar, escândalos políticos… Imersos em um mar de pessimismo, apenas nos questionamos: qual é o caminho para sair dessa situação? A solução, talvez, esteja em uma frase de Facebook: “Crise? Decidi que eu e minha empresa não vamos participar”. É óbvio que as coisas não são simples assim – até porque ninguém escolhe ser vítima das estatísticas. Contudo, além de ser curiosa, tal afirmação propõe uma interessante reflexão sobre o momento que estamos vivendo.
Na edição do último dia 1º de janeiro, o “Periscópio” noticiou o balanço atualizado de 2015 do “Empresômetro, pesquisa realizada por meio de uma parceria entre o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) e a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Os resultados são surpreendentes: em Itu, o número de empresas ativas cresceu 10,79% em relação a 2014.
E mais: com 17.255 negócios em funcionamento, a cidade ocupa a 46ª posição no ranking empresarial do Estado de São Paulo.
Além de evidenciar que é possível, sim, crescer nos períodos de crise, o levantamento indica que nós, moradores de Itu, estamos em uma região favorável aos investimentos. E se “enquanto uns choram, outros vendem lenços”, tem muita gente se dando bem neste momento.
Em uma breve volta pela cidade, é possível notar muitos galpões fechados, com placas de “aluga-se” e “vende-se”. Por outro lado, também é possível observar o crescimento de outros negócios, com ampliações e investimentos.
São muitos os fatores que fazem de um negócio um exemplo de sucesso ou fracasso. Entretanto, tão importante quanto visão estratégica, estudo e força de equipe está a capacidade de perseverança. Todo empreendedor deve ter em mente que, para lucrar amanhã, é preciso se dedicar e investir (muito) hoje. Se o próprio líder não acreditar no potencial do seu trabalho, como ele vai transmitir confiança aos cada vez mais exigentes consumidores?
No campo do trabalho, não existe fórmula mágica ou receita de sucesso, já que cada um possui sua própria trajetória de altos e baixos. Porém, assim como em uma economia globalizada as realidades estão interligadas, no dia a dia cada cidadão tem o poder de criar seu próprio “efeito dominó”. Sem ser ingênuo, ainda aposto no otimismo das boas notícias, afinal ninguém será capaz de enxergar a luz no fim do túnel enquanto houver uma cortina de incertezas e dúvidas diante dos nossos olhos.