Faculdade Prudente de Moraes decide fechar as portas em Itu
Medida gera incertezas aos estudantes, que têm receio em receber diplomas e estão com problemas referentes a financiamento
O Grupo Educacional UNIESP (União das Instituições Educacionais do Estado de São Paulo) comunicou nesta semana a “suspensão das atividades” das faculdades César Lattes e Prudente de Moraes, que funcionavam em um mesmo prédio na Rua Sorocaba. Segundo o grupo, o fechamento das unidades foi por questões estratégicas. E isso tem gerado problemas para os estudantes.
Ana Paula Alves de Souza, que se formou em Administração de Empresas em junho passado, diz que agora os estudantes terão que ir até Sorocaba – onde o grupo possui faculdade – para retirar diplomas e outros documentos. Além disso, ela declarou ao JP que a atual direção da UNIESP de Itu não responde seus e-mails e nem atende telefones mais.
“E sem dizer o transtorno que a faculdade causou com documentação. Perderam vários documentos, não lançavam notas corretas. A nossa sorte é que, por diversas vezes, tínhamos e-mails que comprovavam o contrário do que a faculdade dizia”, comenta a estudante.
Problemas com financiamento
Ana Paula também reclama de uma ação promovida pela entidade, chamada “UNIESP Paga”, que prometia o pagamento das mensalidades dos estudantes que fizessem financiamento pelo FIES (Fundo de Financiamento Estudantil) – problema relatado em matéria deste jornal em fevereiro do ano passado. “A faculdade fez uma propaganda dizendo que pagaria nosso curso, caso o aluno cumprisse alguns requisitos”, explica Ana Paula.
“Começamos a ouvir rumores de que o banco já estaria debitando o valor do financiamento dos alunos que estavam frequentando aulas de Administração, o que não era para acontecer”, conta a estudante. Isso aconteceu porque a UNIESP matriculou os alunos em cursos diferentes, pois ainda não possuía autorização do Ministério da Educação para ministrar Administração.
“Por exemplo, aluno matriculado e financiado Processos Gerenciais (dois anos de curso), mas que frequentava aulas de Administração (quatro anos de curso). Assim, para o banco, o prazo desse aluno realmente já estava dentro do que o programa FIES compete, que é cobrar um ano e cinco meses depois da conclusão do curso”, prossegue a jovem.
“Com tudo isso, a faculdade nunca nos dava retorno de nada, sempre tinha que ficar fazendo solicitações, ou mandar e-mails, mas resposta que era bom, não tínhamos. E sem dizer no valor absurdo que era debitado, muito acima de média que outras faculdades cobravam mensalmente”, critica Ana Paula.
Na Justiça
Por conta deste entrave, um grupo com cerca de 50 estudantes entrou na Justiça com uma ação. “Entramos com uma ação conjunta para termos o direito de receber nosso diploma e fazer com que a faculdade cumpra com o que disse, pague o financiamento, claro que para aqueles que realmente cumpriram os requisitos, porque o que já imaginávamos aconteceu, a faculdade fechou”, conta a estudante, que ainda diz ter enfrentado barreiras por ter encabeçado a ação.
“Por eu ser uma das pioneiras em dar andamento nesta ação e por representar diversas pessoas, não só da minha sala, eles (UNIESP) começaram a dificultar a minha estadia na faculdade”, conta.
UNIESP confirma fechamento
O “Periscópio” entrou em contato com a UNIESP, fazendo uma série de questionamentos – inclusive a respeito do problema referente ao financiamento. Porém, o grupo se limitou a dizer que o fechamento das faculdades foi uma questão estratégica e está dando suporte aos alunos.
“O grupo já comunicou a todos os discentes que há um plantão de atendimento presencial nas unidades para informações e para auxiliá-los no processo de transferência para outras faculdades do grupo existentes na região, como a Faculdade de Sorocaba, ou, ainda, de acordo com a opção de cada um, para outras regiões ou até mesmo outra instituição de sua escolha”, informa em nota.
A assessoria de imprensa também declarou que o “Grupo UNIESP está dando todo o suporte nesse processo de transição e que já estão em andamento as análises de transferência, que serão realizadas pelos estabelecimentos que receberão os alunos, não havendo, portanto, qualquer prejuízo acadêmico nesse sentido”.