Infectologista destaca importância da campanha “Dezembro Vermelho”
A terça-feira (1º) marcou o Dia Internacional de Luta contra a Aids e abriu a campanha “Dezembro Vermelho”, mês de reflexão e prevenção ao HIV, que de acordo com dados da ONU contou com um aumento de 21% de casos no Brasil entre 2010 e 2018.
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Causador da Aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. O vírus pode ser transmitido pelo contato com sangue, sêmen ou fluidos vaginais infectados.
Além da reflexão e da conscientização, a campanha tem como objetivo auxiliar no combate ao preconceito que os portadores de HIV sofrem na sociedade. No Brasil, o “Dezembro Vermelho” ocorre por meio do Ministério da Saúde desde o ano de 1988.
Nesta semana, o Periscópio conversou com o Dr. Marco Aurélio Hortêncio Bastos, médico infectologista que pertence ao quadro da Unimed Salto/Itu. O profissional explica a importância da campanha. “É importante para reflexão, porque a Aids, uma pandemia há 40 anos, continua se manifestando, havendo transmissão de casos, um vírus transmitido por via sanguínea e sexualmente e os casos continuam a acontecer”.
O médico comenta ainda que, de acordo com números do Ministério da Saúde, atualmente no Brasil existem 920 mil pacientes com o quadro de HIV que estão sabidamente fazendo controle. Porém, “o grande problema é que desse número de casos, 89% são conhecidos e 11% não sabem que tem e continuam transmitindo”.
Dr. Bastos segue demonstrando preocupação. “A gente sabe que o índice de prevenção é pequeno, o uso de camisinha gira em torno de 30%, a grande maioria não usa. Além disso, dos 89% dos casos conhecidos, apenas 77% utilizam medicamentos”.
No entanto, o profissional destaca. “O tratamento evoluiu muito, existem medicamentos muito potentes, seguros e que zeram a carga viral, ou seja, colocam a pessoa indetectável e isso diminui a transmissão, por isso os números do Ministério que de oito anos para cá houve uma diminuição do número de casos de mortes”.
Ainda segundo o infectologista, a maioria dos casos de Aids no Brasil é em sua maioria em homens, entre 25 e 39 anos de idade. Mas ele alerta. “As mulheres também são vítimas e houve um aumento de casos em gestantes, cresceu em 22%”. Como destacou anteriormente Dr. Bastos, a Aids trata-se de uma pandemia e em 2020, um ano atípico, a mesma coexiste com outra pandemia, a de Covid-19, o que faz com que os cuidados precisem ser aumentados.
“Ela veio (a Covid-19) e também os pacientes, os portadores da doença de Aids, têm que tomar um cuidado redobrado, aqueles que estão com a imunidade comprometida estão sujeitos a pegar o coronavírus e terem complicações”, explica Dr. Bastos. Apesar da preocupação, o infectologista, procura tranquilizar. “Porém, a gente tem atenuante e como a grande maioria está se tratando e com a carga viral quase zerada e a imunidade boa, faz com que eles fiquem mais protegidos”.
O profissional reforça a importância do tratamento. “Hoje em dia tem tratamento, o medicamento é seguro, é eficaz e as pessoas conseguem um tratamento gratuitamente e praticamente todas estão com a doença controlada. Outra vantagem atualmente é o tratamento, oferecido a todas as pessoas soropositivas e que quiserem se tratar de forma gratuita”, esclarece Dr. Bastos.