Itu deve captar água do Ribeirão Piraí em 2028, afirma Herculano

Canteiro de obras da Barragem do Piraí, localizada na divisa entre Itu e Salto. Trabalhos serão retomados após liberação do Ibama (Foto: André Roedel)

A reportagem do JP esteve na manhã de terça-feira (18) no local das obras da barragem do Ribeirão Piraí. A comitiva contou com a presença do prefeito Herculano Passos (Republicanos) e uma equipe técnica composta por representantes da Companhia Ituana de Saneamento (CIS) e das pastas de Comunicação, Obras e Agricultura. 

A barragem do Piraí é uma obra de grande importância para a região, pois garantirá o fornecimento de água para Itu, Salto, Indaiatuba e Cabreúva mesmo nos períodos de estiagem. Com investimento previsto de R$ 227 milhões, a barragem terá capacidade para armazenar mais de 9,7 bilhões de litros de água. 

A obra, que está sendo realizada em parceria com o Conirpi (Consórcio Intermunicipal do Rio Piraí), ocupará uma área total de 3.441.210 metros quadrados, sendo 1.823.960 m² de espelho d’água e 1.617.250 m² de área de preservação ambiental na divisa das cidades de Itu e Salto. Durante a visita, o prefeito Herculano deu detalhes do cronograma das obras.

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Segundo o chefe do Executivo, já foi conseguido o recurso para fazer toda a desapropriação das áreas que serão inundadas e da margem de segurança. Herculano criticou a gestão anterior, que teria deixado o consórcio de lado. “Eu percebi que algumas coisas estão erradas e nós vamos assumir o comando ano que vem”, declarou o prefeito de Itu. A atual presidente do Conirpi é a prefeita de Cabreúva, professora Noemi Bernardes (Podemos).

Um dos pontos que Herculano criticou é a outorga de captação de água de Itu (120 litros por segundo) ser menor do que Salto e Indaiatuba (200 l/s). Outro é o fato de que as duas cidades serão contempladas logo na primeira fase de obras, prevista para ficar pronta em um ano e meio. Já Itu deverá receber água do Piraí somente na segunda fase, com previsão de término para três anos – ou seja, somente em 2028.

“Daqui três anos, nós vamos poder captar água desta represa, que é importante porque 120 litros por segundo ajuda muito nosso sistema de abastecimento. E o mais importante: essa é uma água pura e limpa, diferente de outras que vão para Itu, o que vai ter muito menos custo para fazer o tratamento”, disse o prefeito, apontando que a represa irá encher rapidamente.

Herculano também destacou sua atuação política no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), onde conseguiu destravar o reinício das obras que estavam suspensas após o órgão constatar a presença de uma espécie de macaco em extinção – os saguis-caveirinhas (Callithrix aurita) – no local da represa. Segundo o prefeito, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, é seu amigo e foi através desse contato que possibilitou-se a sequência dos trâmites.

Mais recursos

Ainda de acordo com o prefeito, agora serão necessários mais R$ 150 milhões em recursos para a segunda fase da obra (rateados entre as quatro cidades do consórcio). Além disso, também será preciso captar mais verbas (sem rateio, no caso) para a construção do bombeamento e das adutoras para levar a água até a cidade. 

“Eu não tenho esse projeto pronto ainda. Estamos agora contratando o projeto, que é uma segunda fase, e eu não sei o valor. Mas estimo que é bem alto”, disse Herculano ao JP, frisando que as cidades têm capacidade de endividamento e que, se preciso for, buscará recursos do Fundo Perdido do Orçamento Geral da União (OGU), um financiamento não-reembolsável concedido pelo Governo Federal.

Ele também afirmou que vai fazer “tudo o possível” para captar água do Piraí ainda neste mandato e irá tentar aumentar a outorga para Itu. “Com o volume de água dessa represa, o tamanho da nossa cidade e o histórico de falta d’água, eu vou pedir para tentar aumentar essa outorga”, destacou Herculano, que pretende, em uma etapa futura, utilizar o trecho ituano da represa para o turismo, lazer e esportes aquáticos.

Além da conclusão da barragem do Piraí, Herculano aposta no desassoreamento das atuais represas da cidade para garantir o abastecimento de água na cidade e na detecção de vazamentos na rede e troca de tubulações. “A perda de água de Itu é a maior da região, e quase do Brasil todo: 56% de água desperdiçada”, frisou o prefeito. Já Adilson Pereira, superintendente da CIS, falou sobre a situação do Sistema Utu-Guaçu. Segundo ele, a obra está 66% concluída, faltando a construção da linha elétrica para dar sustentação à operação. A previsão de conclusão é final de junho.