João Narciso do Amaral: Maestro, Músico e Compositor.
João Narciso do Amaral foi o primeiro maestro e organizador da Banda de Música denominada 13 de Março, fundada em finais do século XIX por integrantes do grupo político republicano denominado Maragatos. Antes de se mudar para Itu segundo notícia publicada no Jornal Republica de 10 de dezembro de 1905, Narciso do Amaral foi regente de banda de musica e professor de piano na cidade de Santos
Em 1876, Narciso do Amaral, provavelmente, já era morador ou então frequentador de atividades da cidade de Itu, pois participou em nove de julho daquele ano, da inauguração de um Clube na cidade de Bethlem do Jundiaí (Jundiaí) em companhia do maestro ituano Elias Álvares Lobo, que havia se mudado para aquela cidade. Na ocasião, Narciso do Amaral apresentou a obra “Phantasia de Azarias” para Ophicelide, instrumento do qual era exímio tocador. Em 1890, era conhecido como “popular orphicleidista”, instrumento de sopro, da família dos metais que foi muito utilizado na segunda metade do século 19 e também nas primeiras décadas do século 20. Em 1878, seu nome já constava na listagem de eleitores locais.
Pertenceu à Irmandade de São Benedito, foi organista da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis e Regente da Banda de Música dos Artistas (já existente em 1890). Em 1880, com a reestruturação da Banda Musical Saltense, pelo industrial Francisco Fernando de Barros Júnior, foi contratado como Regente e, em 1899, aparece como maestro da Filarmônica de Salto, que naquela ocasião estava estudando o Hino Campos Salles. (Jornal Correio Paulistano 18.12.1899).
Tudo indica que João Narciso foi professor e um músico itinerante e que freqüentava várias localidades da região, organizando Bandas de Música ou mesmo ensinando a tocar instrumentos. Isto se faz sentir pelas notícias veiculadas pelo Jornal O Estado de São Paulo como a de 18 de dezembro de 1898, que afirmava: “ O professor de música Sr. João Narciso do Amaral não se mudou para cá como por engano se noticiou, mas vem auxiliar a Banda Musical Saltense, todas as semanas, sendo portanto, o mestre dela”.
Em 1900, João Narciso, residia na Rua Santa Rita, no. 79, possivelmente no mesmo local onde estava instalada a casa de ensaios da Banda 13 de Março. Em 7 de dezembro de 1905, falecia na cidade de Itu o músico e maestro João Narciso do Amaral com 49 anos de idade,.
Em 1905, após o falecimento deste Maestro, a “Banda 13 de Março”, passou a ser denominada, por vontade de seus integrantes, de Banda de Música ‘João Narciso”, tendo como regente Ezechias Nardy. (Jornal Republica, 1905). Em 1908, os integrantes desta Banda formaram um sexteto para bailes e, a partir de 1912 esta Banda particularmente desaparece do cenário urbano. Uma das possibilidades é que seus integrantes passaram a compor outras Bandas de Música, como a recém formada Corporação Musical União dos Artistas, em 1912.
Em 1908, foi organizada uma Comissão formada por Affonso Borges, jornalista e escritor do Jornal A República, Lupércio Borges e Juvenal Amaral para arrecadação de fundos para a construção de um Mausoléu no Cemitério Municipal de Itu e inaugurado em 10 de maio de 1908. A importância necessária para aquela construção foi obtida por meio de doações feitas pelos músicos das Bandas de Mayrink, da Floresta (Echo da Floresta) e Grêmio Recreio Saltense, que tinha como regente Henrique Castellari, um antigo aluno de Narciso do Amaral; da população e do grupo dramático saltense, “Amor a Arte” que promoveu, em 1908, um espetáculo em prol daquela construção.
A construção, segundo descrições: “representa uma coluna partida, feita de pedra granito do Salto, sobre uma base de mármore. É um trabalho sem o luxo, mas de bastante arte, muito bem acabado e de grande duração. Foi ele feito nas acreditadas oficinas de cantaria e mármore do Senhor Pilado Bonetti” (jornal República. 10.05.1908.p.1). A inauguração deste mausoléu contou com a presença de toda a população, num momento em que os grupos políticos da cidade, em 1904, haviam decretado um momento de “congraçamento político”. (Nardy Filho, vol. 4, 2000, p. 156). Assim se procedeu a inauguração:
Durante sua trajetória musical, dedicou-se a música sacra e popular, tornando-se importante compositor. Entre elas as Valsas: Mariquinha, Recordações da Pedra Azul, Laguna, Guaia, 18 de junho, 1º. de maio (1895), esta última estava a venda no comércio de Eugenio Hollender, em 1895 e Dobrados: 10 de julho, Rapizado e 9 de janeiro. Sua última composição, em 1905, foi a valsa denominada “Victória”, dedicada a Victoria Alves, filha do Major José Maria Alves. (Jornal República 10/12/1905). Em 1895, “ofereceu às escolas Reunidas vinte exemplares da polka de sua composição “Se eu pudesse, minha comadre” (A Cidade de Ytu, 20.1.1895). Destaque para as quatro Marchas do Senhor dos Passos, para procissão de Passos, obras festejadas pela imprensa local, cujas partituras estão preservadas na Corporação Musical União dos Artistas”. (Caderno de Música/ Museu da Musica Itu. 2012, p. 22).
Suas obras ainda foram amplamente executadas após o seu falecimento, em 1905. Como exemplo, em 1910, durante a Procissão dos Passos, o Maestro Tristão Júnior, juntamente com a Banda “João Narciso” executou a “belíssima coleção de marchas do Senhor dos Passos”. (jornal Correio Paulistano. 19.03.1910. p. 3).
Acadêmica Anicleide Zequini
Cadeira nº
Patrono