José da Silva: exemplo de vida e fé

Salathiel de Souza – Jornalista / Seminarista

Sou filho de Nossa Senhora da Candelária. E nessa proeminente comunidade católica de Itu, tive a honra e o privilégio de conhecer um dos melhores seres humanos que a espécie já produziu: o diácono José da Silva.

Corria o ano de 1996 quando ele e o seminarista Celso Pôrto Nogueira (hoje sacerdote na cidade do Rio de Janeiro) conduziram a mim e a toda uma turma na catequese de adultos em preparação ao sacramento da Confirmação. Foram seis meses de preparação, com encontros e atividades fundamentais para que a semente do Evangelho brotasse de vez no meu coração.

Fui crismado por Dom Amaury Castanho que, em 2003, o último de seu episcopado titular na Diocese de Jundiaí, ordenou para o diaconato o Diácono José da Silva. Tínhamos isso em comum: a amizade, a admiração e o carinho reverencial por Dom Amaury. Juntos participamos de inúmeros encontros e atividades do então MOFIC (Movimento Fraterno de Igrejas Cristãs), organismo de caráter ecumênico.

José da Silva: um nome tão comum para uma pessoa ímpar! Desde a juventude a alegria, o desprendimento, a caridade, a fé, a sabedoria, foram seus traços marcantes. Como professor, pai de família, cidadão brasileiro e católico convicto, deu exemplos mil na cidade de Itu e região.

Foram quase 13 anos servindo a Igreja e o povo de Deus na função sagrada de Diácono. Quantos batizados! Quantos casamentos! Quantas celebrações da Palavra! Quantas visitas a doentes! Quantos funerais!

Lembro-me de seu voluntariado no grupo dos Doutores da Alegria, na Santa Casa de Itu, levando esperança e consolo aos doentes. Depois, já ele próprio enfermo, não perdeu a característica. Mesmo internado pensava mais nos outros que em si.

Usava um monte de bugigangas e bonecos engraçados para distrair os doentes internados. O Diácono José era um bálsamo de alegria em meios aos sofrimentos de todos e de cada um.

Em 19 de setembro de 2012, dia do aniversário do já então falecido Dom Amaury, visitei o Diácono José (já enfermo) e sua esposa Rita. Contei-lhes meus planos de trocar a vida civil pelo Seminário. Quanta alegria ele demonstrou! Deu-me todo o incentivo possível. Fez alertas e ponderações. Partilhou comigo esperanças. Fez por mim suas orações.

Neste último 4 de janeiro de 2016, fiz-lhe minha última visita. Pretendia ficar meia hora, para não incomodar. Acabamos ficando hora e meia na conversa, na partilha das dores presentes e das esperanças futuras. Por fora, devido à convalescência, estava bastante mudado. Por dentro, qual nada! Estava mais forte que nunca. O espírito firme. A fé inabalável. O amor de sempre.

Na hora de ir embora, saí prometendo nova visita. Eu pedi a sua bênção, dei-lhe um abraço. Em tom de oração o diácono disse umas palavras, que guardarei para mim e para sempre. Deu-me sua bênção, fez o sinal-da-cruz sobre a minha testa. E disse para eu permanecer firme na vocação religiosa porque tinha um futuro extraordinário.

Na carta de São Paulo a Timóteo o “Apóstolo dos Gentios” fala sobre as qualidades que devem ter os homens escolhidos para exercer o diaconato. Necessitam ser “dignos” e “de palavra”, entre outras coisas. Na minha caminhada rumo ao sacerdócio terei antes que ser diácono, mesmo que provisoriamente. Mas, desde já, tenho no coração o desejo de honrar essa diaconia, da qual um dos meus exemplos é o Diácono José da Silva.

Ê, saudade! É o amor que fica! O Diácono José nos fará falta! Mas já está no Reino Celeste, vendo Jesus Cristo face a face, embalado por Nossa Senhora e na companhia dos santos e das santas, de tanta gente que já passou por esta vida. Será agora um intercessor, alguém que pede em nosso favor. E estará sempre vivo. Porque ninguém morre de verdade enquanto permanece vivo em nossas lembranças e sentimentos.

Vai, Diácono José! Vai colher os frutos que plantou, servo bom e fiel! E até breve, pois o futuro nos espera juntos na eternidade, se Deus assim permitir. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, pela vida e pelo ministério desse grande ser humano chamado José da Silva!

Amém.