LENDO VINÍCIUS DE MORAES
Em sua coluna da “Folha de São Paulo” no Caderno Cotidiano, o Professor Pasquale Cipro Neto costumava fazer rasgados elogios à correção da linguagem de festejados compositores de música popular brasileira.
Com tal motivação, passei a prestar mais atenção às letras das músicas, mas o que consegui com isso foi me encantar, cada vez mais, com as inspiradas frases derramando delicadezas e rimas espontâneas, suaves, com a facilidade de despertar emoções jamais suspeitadas, com a doçura do amor real ou imaginário, enfim, com a eloquência do “querer bem”.
Eis senão quando me chega às mãos a encomenda que fizera de “Vinícius de Moraes & Amigos”: cinco CDs totalizando setenta músicas simplesmente deliciosas e evocativas.
Além de ouvir, pus-me a ler Vinícius, tendo em mãos o livreto com as letras. Preciosidades foram surgindo e brincando com as emoções despertadas, acelerando a respiração e causando arritmia…
Algumas mereceram anotação em caderninho especial:
De “Se todos fossem iguais a Você”
Vai sua vida/ Seu caminho é de paz e amor/
A sua vida/ É uma linda canção de amor/
Abre seus braços e canta a última esperança.
De “A Felicidade”
Tristeza não tem fim/ Felicidade sim.
De “A Aquarela”
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo/ E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo.
De “Testamento”
Você, que só ganha pra juntar/ O que é que há, diz pra mim o que é que há?
Você vai ver um dia/ em que fria você vai entrar/
De “Sei lá” (A vida tem sempre razão)
A hora do sim/ É um descuido do não/ Sei lá, sei lá/
Só sei que é preciso paixão/ A vida tem sempre razão.
De “Água de beber”
Eu nunca fiz coisa tão certa/
Entrei pra escola do perdão/
A minha casa sempre aberta/
Abri todas as portas do coração.
De “Tomara”
E a coisa mais divina/
Que há no mundo/
É viver cada segundo/
Como nunca mais.
De “Apelo”
Vê a vida como chora/
Vê que triste esta canção/
Ah, eu te peço não te ausentes/
Porque a dor que agora sentes/
Só se esquece no perdão/
E por ai foi…
Ah, como nunca havia pensado seriamente em ler os poetas da canção???
Maria Angela Pimentel Mangeon Elias
Cadeira nº 17 | Patrono Olívia Sebastiana da Silva