Liga da Justiça

Por André Roedel

Acertar o tom em um filme sempre é uma tarefa difícil para diretores, atores e produtores. A tarefa é ainda mais árdua quando se trata de uma obra baseada em personagens tão queridos como os dos quadrinhos. Superman, Batman e Mulher-Maravilha, por exemplo, fazem parte do imaginário popular e, quando transpostos para outra mídia, sempre causam polêmica. É fato que a DC Comics não estava conseguindo acertar esse tom nos cinemas. Batman vs Superman, apesar de eu gostar, tem problemas. Porém, acredito que Liga da Justiça possa mudar o panorama.

Lançado nesta semana, o filme une os principais personagens da editora americana para combater o vilão Lobo das Estepes (Ciarán Hinds), um poderoso ser vindo de um planeta chamado Apokolips. Ele vem à Terra com o intuito de recuperar três “caixas maternas”, espécie de cubos de grande poder. E é em meio a essa trama que Batman/Bruce Wayne (Ben Affleck) e Mulher-Maravilha/Diana Prince (Gal Gadot) partem em busca de recrutas para a grande missão.

Toda a dinâmica desses personagens – alguns ainda não apresentados da melhor forma – é incrível, resultando num filme divertidamente leve e descontraído. Dos novos heróis, Flash/Barry Allen (Ezra Miller) é o grande alívio cômico do longa, e as versões de Aquaman/Arthur Curry (Jason Momoa) e Ciborgue/Victor Stone (Ray Fisher) são muito interessantes, com nuances que podem ser exploradas em filmes solos deles. Já entre os estabelecidos, a Princesa Amazona é quem rouba a cena, assim como o Superman (Henry Cavill) – sim, ele está de volta. E isso não é spoiler.

Liga da Justiça acerta ao resgatar a esperança aos filmes da DC. Os heróis desse universo, até então, pareciam desconfortáveis, fora do padrão. Neste novo filme, não. Tudo funciona, a integração dos personagens é gostosa de se ver e até o estilo episódico adotado pelo diretor e roteirista Zack Snyder funciona bem. As diversas cenas de humor e de heroísmo puro e simples são bem conduzidas, dando ao filme a leveza e a até a inocência de quadrinhos da Era de Ouro.

Mas Liga da Justiça não é isento de críticas. Existem falhas consideráveis no roteiro e, principalmente, com o vilão – sem carisma algum, nem motivação evidente. Ainda existem problemas nos efeitos de computação gráfica que atrapalham a experiência e também em simplificar demais a trama, apostando no velho maniqueísmo e em diversos clichês de filmes do tipo.

Mas nada que tire o brilho e a importância do filme. Apesar de não ousar tanto quanto os outros longas-metragens da DC, Liga da Justiça faz o básico de forma competente e que pode até não agradar a todos, mas certamente não irá polarizar tanto e gerar críticas extremistas como foi com Batman vs Superman. A expectativa que fica é que os (poucos) erros sejam acertados e os (muitos) acertos sejam aprimorados para termos uma continuação ainda mais digna e esperançosa.

 

Nota:

 

 

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