“Lixo atômico” de Itu é colocado à venda pela INB
A INB (Indústrias Nucleares do Brasil) lançou, no dia 13 de junho, um edital de Oferta Pública de Torta II. O objetivo é vender as 15.424 toneladas métricas de material armazenadas na Unidade em Descomissionamento de Caldas (MG), na Unidade em Descomissionamento de São Paulo e na Unidade de Estocagem de Itu, no bairro do Botuxim. O material é popularmente conhecido como “Lixo Atômico”.
Os interessados devem apresentar sua proposta para a INB em até 90 dias, de acordo com as regras estabelecidas no edital. Será declarada vencedora a proponente que apresentar a maior oferta de preço.
O material denominado Torta II (Hidróxido de Urânio, Tório e Terras Raras) é um subproduto do processamento químico de monazita na Usina Santo Amaro – USAM, das décadas de 1950 a 1990. É considerado um resíduo de baixo nível de radioatividade e precisa ser estocado seguindo normas de segurança.
Trata-se de material que contém pequena quantidade de urânio (em média 0,9%), tório (22%), entre outros componentes. A monazita era processada para produzir compostos de terras raras, utilizados em cerâmicas, composição de materiais eletrônicos, supercondutores, ímãs permanentes e ligas metálicas especiais.
Histórico
Em uma audiência realizada em Itu no ano de 2014, o então superintendente de planejamento e comercialização da INB, José Carlos Castro, disse que o material seria exportado para a empresa Global Green Energy Science Technology, da China, já que nenhuma empresa do Brasil possui a tecnologia necessária para o reaproveitamento de Torta II.
Os chineses pagariam R$ 65 milhões por 16 toneladas do resíduo (deste montante, 3,5 toneladas estão em Itu). Porém, isso nunca ocorreu. A questão do “Lixo Atômico” é antiga, sendo alvo de grande polêmica desde os anos 1970, quando foi trazido para a cidade “na surdina”. A fiscalização do depósito é de responsabilidade da INB, subordinada à CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear).
O material radioativo fica armazenado no Sítio São Bento, no Botuxim. Os silos em que o “lixo” está são parecidos com “piscinas” de concreto armado, com paredes de 20 cm de espessura, cobertos com telhas.