Lojista afirma que cobrança do estacionamento do Unicenter é irregular

Comerciante alega que, apesar dos altos valores, sistema não opera de maneira legal. Empresa responsável não se manifesta

Lucas Gandia

Cerca de vinte dias após entrar em vigor, a cobrança do estacionamento do Unicenter continua sendo motivo de polêmica na cidade. Em depoimento ao “Periscópio”, um lojista afirma que a situação caracteriza abuso contra lojistas e clientes do centro comercial.

Segundo Ricardo Toledo, proprietário do Integrate Studio Pilates, a administração do Unicenter não consultou os lojistas antes de definir a cobrança e não estudou um projeto funcional para o uso das vagas. “Aparentemente, a reunião só foi feita com o Pão de Açúcar. Os outros viam a montagem das cancelas, mas as informações eram muito vagas. Como nenhum lojista foi consultado, não foram pensadas áreas de carga, descarga ou entrada de veículos pesados para reformas e apoio às lojas, causando um grande transtorno com fornecedores e prestadores de serviço”, afirma.

Intitulado “Viva Park”, o estacionamento do Unicenter passou a ser cobrado no dia 2 de março, pelo valor de R$ 6 por uma hora, no período entre as 6h e as 18h, com adicional de R$ 2 por hora. Durante a noite, das 18h às 6h, o preço é único, de R$ 7. Quem realiza compras entre R$ 30 e R$ 100 no “Pão de Açúcar” tem direito a uma hora grátis. Compras acima de R$ 101 no supermercado garantem duas horas gratuitas.

Ricardo revela que, para ter direito a duas vagas, os lojistas pagam uma mensalidade de R$ 150, mais R$ 30 por cartão de acesso. Para não gerar prejuízo aos consumidores, o proprietário do estúdio de pilates também está pagando o estacionamento dos clientes. “O meu estabelecimento é um espaço de uso contínuo, como uma academia. Por enquanto, isso tem me gerado um custo de cerca de R$ 800 por mês”, ressalta.

Problemas
Em depoimento ao “Periscópio”, o comerciante alega que a empresa responsável opera de maneira ilegal por não cumprir todas normas necessárias à implantação de estacionamentos particulares. “O sistema não foi testado previamente, causando transtorno a funcionários e clientes até hoje, com cartões e tickets que não funcionam e cancelas que caem sobre os carros antes de sua passagem”, pondera.

Ricardo também aponta que, além de possuir um único guichê de validação – sem cobertura contra chuva e distante de boa parte das lojas -, o local apresenta outras irregularidades, como as faltas de: entrada para pedestres e ciclistas em todos os acessos; marcação para motocicletas; espaço delimitado para deficientes e idosos em todos os acessos; iluminação noturna adequada e apoio e suporte em todos os acessos.

O lojista afirma que, quando questionados sobre a cobrança, funcionários da administração do Unicenter alegaram que o problema deveria ser resolvido com a empresa de estacionamento, “chegando, de maneira ríspida e grosseira, a dizer que os insatisfeitos que se mudassem”. “Os lojistas se sentem reféns da situação, pois mesmo em momento de crise investiram em um estabelecimento esquecido que nos virou as costas, e agora não têm como investir novamente em estrutura, logística e marketing para ir a outro lugar”, acusa.

Segurança
Questionada pelo JP, a Unicerpa esclarece “que tem como atividade preponderante a locação de espaços comerciais no empreendimento denominado Unicenter”. A empresa afirma que, no exercício desta atividade, alocou o estacionamento para a empresa Viva Park, que se responsabilizou pela administração, investimento e gestão do serviço ligado às vagas.

“O objetivo desta alocação foi garantir que os lojistas e clientes tenham mais segurança e conforto, de forma organizada. Eventuais sugestões ou críticas deverão ser encaminhados à empresa de estacionamento Viva Park”, ressalta Marcia Diva Rombaldi, gerente de projetos do Unicenter.

O “Periscópio” também indagou a empresa Viva Park sobre o assunto, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.