Lugar de mulher é (também) dentro das quatro linhas!
Nesta semana, a cidade de Itu recebeu a visita da Seleção Brasileira feminina de futebol. A equipe costuma treinar frequentemente na cidade, em preparação para amistosos e torneios. Apesar dos exemplos (como a rainha Marta, seis vezes eleita melhor do mundo), a falta de visibilidade – assim como a falta de patrocínio – faz com que a modalidade ainda engatinhe.
Muitas jovens ituanas, porém, mantêm a esperança de dias melhores para a modalidade. É o caso da professora de educação física Bianca Morgado, de 26 anos, que desde criança nutre paixão pelo esporte. “Meus pais sempre me incentivaram a praticar qualquer atividade física e na minha infância passei por muitas modalidades, mas foi no futebol que encontrei a minha verdadeira essência”.
Mesmo com as dificuldades para encontrar na cidade escolinhas para que pudesse jogar com outras meninas, Bianca não desanimou, criando ao lado de amigas o Fênix F.C., que já conquistou diversos títulos municipais e regionais. “Ainda temos muito que conquistar e não vamos desistir de provar para as pessoas que a mulher no futebol tem um espaço muito significativo. Acredito que com o tempo, a igualdade do gênero será cada vez mais real”.
A professora acrescenta. “Deixo aqui meu incentivo para aquelas mulheres que têm medo de começar a praticar, seja por preconceito na questão do gênero ou qualquer outro motivo. Não desistam. Mulher tem, sim, espaço no esporte, basta que a sua vontade seja sempre maior do que qualquer adversário”.
Também professora de educação física, Sara de Moraes Gallo, de 35 anos, cita os obstáculos para permanecer no esporte. “Quando era criança, comecei a jogar e fui gostando e os meninos da rua me chamavam para jogar. Infelizmente, quando me tornei adolescente, tive que parar de jogar, pois começou um pouco de assédio”.
Mais tarde, assim como Bianca, passou a atuar pelo Fênix F.C., time de futebol society, além de incentivar suas alunas durante as aulas na escola. “Não tive o incentivo dos meus pais, dou força para as meninas que têm vontade de jogar, pois existe muito preconceito”.
Incentivo é o que não faltou para Ana Lívia de Arruda, de 29 anos, que também atua pelo Fênix. “Minha avó e minha mãe sempre foram fanáticas por futebol e incentivaram a mim e a minha irmã a jogar futebol”. A designer gráfico conta que, além do incentivo de familiares, se inspirou também em um desenho animado. “A vontade de praticar futebol veio de vez no final dos anos 90, quando assistia a ‘Super Campeões’, onde Oliver Tsubasa, um menino japonês tinha o sonho de ser jogador e chegou a disputar a final da Copa do Mundo contra o Brasil”.
Mas a inspiração maior mesmo foi a melhor do mundo. “Nos anos 2000 a Marta começou a brilhar pela seleção e nos estimulou a querer seguir jogando futebol. Depois que saí do colégio, retornei a jogar em 2014, graças a pessoas que acreditaram, incentivaram o futebol feminino”, conclui. Mesmo com todas as dificuldades impostas, as mulheres vão provando que podem ocupar o lugar que quiserem – inclusive os campos de futebol. (Daniel Nápoli)