Manifestantes contra a quarentena fazem carreata em Itu
Seguindo as manifestações que ocorrem em diversas cidades pelo Brasil contra a quarentena e pela volta ao trabalho, um grupo de pessoas – entre elas comerciantes e empresários locais – saiu às ruas da cidade de Itu na manhã de domingo (29), trafegando com seus veículos por vias como a Marginal e a Avenida Galileu Bicudo.
Buzinando e empunhando bandeiras do Brasil, os participantes do ato dirigiram palavras de ordem contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que decretou a suspensão de atividades de diversos estabelecimentos comerciais por 15 dias para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Em um vídeo compartilhado através do WhatsApp, um dos participantes do ato dirige palavras de baixo calão ao chefe do Executivo estadual, à Rede Globo e correligionários do Partido dos Trabalhadores (PT). “Nós só queremos ter o direito de trabalhar. Quem quiser ficar em casa, beleza. Petista que gosta de ficar em casa. Nós gosta (sic) de trabalhar mesmo”, bradava o manifestante.
Cerca de 30 veículos entre carros populares e SUVs estiveram presentes na carreata, que durou cerca de uma hora e meia. Policiais militares acompanharam o ato, que não registrou incidentes. Em Salto e Indaiatuba também foram registrados atos semelhantes, na sexta-feira (27) e no domingo, respectivamente.
Convocação
A carreata ocorreu após uma convocação apócrifa para uma “mega carreata” começar a circular em grupos do Facebook. O evento foi baseado em atos que ocorreram pelo país contra a quarentena imposta por governos municipais e estaduais para conter a pandemia de Covid-19.
A arte do evento foi adaptada de uma outra convocando ato semelhante em Indaiatuba. Apenas trocaram os nomes das cidades e os locais de partida da carreata (em Itu, a partida ocorreu em frente ao Estádio Municipal Novelli Júnior). “Queremos trabalhar, queremos produzir, queremos viver, de volta ao trabalho!”, afirmava o convite.
A manifestação, promovida em Itu por pré-candidatos a vereador em grupos do Facebook como o “Acontece em Itu”, ganhou força após o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) minimizar a pandemia de Covid-19, chamando a doença que já matou mais de 30 mil pessoas em todo o mundo de “gripezinha”.
“Espalharam exatamente a sensação de pavor, tendo como carro-chefe o anúncio do grande número de vítimas na Itália. Um país com grande número de idosos e com um clima totalmente diferente do nosso. O cenário perfeito, potencializado pela mídia, para que uma verdadeira histeria se espalhasse pelo nosso país”, disse Bolsonaro em cadeia nacional de rádio e TV no último dia 24.
Bolsonaro também falou sobre os impactos econômicos decorrentes da quarentena. “O sustento das famílias deve ser preservado. Devemos sim voltar a normalidade”, afirmou. As falas do presidente contra o isolamento social – medida que vem se mostrando a mais eficaz para conter um colapso na saúde pública, segundo especialistas – causou revolta em diversos setores da sociedade, mas seus eleitores “compraram a ideia”.
“Vamos nos unir, grupo de risco em casa e o restante na rua trabalhando!”, finalizava o convite do ato em Itu. Antes da carreata, o JP questionou a Prefeitura de Itu se ela teria ciência do ato e, em nota, disse que “mantém o seu posicionamento, reforçado em decreto municipal, de acatar as condutas preventivas determinadas pelo governo do Estado, embasadas em recomendações científicas de autoridades mundiais de saúde”.
A impressão que o artigo nos passa, é que autor não presenciou o ato em sua totalidade.
Ao final da carreata, em frente ao ginásio municipal de esportes, foi arrecadado simbólico valor pelos manifestantes para a compra de Leite para o Asilo da Vila Vicentina.
No página do Instagram do @ituresiste, é possível ver o momento após a arrecadação, em que dois participantes agradecem o ato de caridade e manifestam e forma EDUCADA, PACÍFICA E ORDEIRA, que não estavam contra nenhum dos governantes do município ou estado, estavam ali pois as medidas tomadas contra o covid-19 acertaram em cheio o coração de suas rendas, deixando centenas de autônomos desamparados.
Os elementos que manifestaram suas posições com palavras grosseiras, com certeza não representaram a imensa maioria dos participantes, dos quais muitos eram pais de família honrados.
A verdade seja dita: “O falso centro, auxiliado pelo pânico causado pela mídia, quer paralisar o país!
Milhões de trabalhadores foram transformados em não-combatentes na guerra contra o vírus”.
Estamos todos no mesmo barco, que Nossa Senhora Aparecida proteja nosso Brasil.