Marquinhos e Ortiz voltam a se estranhar durante votação do Orçamento

 

Vereador do PHS criticou valor destinado à Câmara para o ano que vem. Presidente do Legislativo ituano rebateu

 

A Câmara de Vereadores de Itu votou na sessão desta segunda-feira (21), em primeira discussão, o Orçamento Municipal para o ano de 2017, estimado em R$ 602 milhões. A propositura do Executivo foi aprovada por unanimidade. Entretanto, a votação foi marcada novamente pelo atrito entre o presidente da Casa Marquinhos da Funerária (PSD) e o vereador Eduardo Ortiz (PHS).

O estranhamento dessa vez ocorreu porque Ortiz não concordou com o montante destinado à Câmara para o ano que vem, no valor de R$ 19.567.000 – quase o teto que pode ser solicitado. “A Câmara, como visto em outros anos, consumiu entre 7 e 10 milhões. E tanto é que não se consome esse quinhão que será devolvido. Se bem que não sei, ainda dá tempo de gastar”, disse o edil.

Ortiz comentou que, no ano passado, para se justificar o orçamento de R$ 22 milhões, foi colocada a construção de um novo prédio da Câmara – medida que acabou sendo descartada pelo presidente da Casa. Neste ano, a justificativa é outra. “Sabe onde colocaram R$ 6 milhões? Está aqui, ó: ‘ampliação e reforma do prédio legislativo’. Este prédio”, apontou o vereador, comparando o valor com o destinado no ano passado, de menos de R$ 900 mil. “Se para tudo que vemos aqui hoje se foi gasto R$ 870 mil, o que será que vão fazer com R$ 6 milhões?”, questionou.

“Mais uma vez eu não posso me furtar de repudiar esse orçamento previsto para a Câmara Municipal. Quase R$ 20 milhões. Mais uma vez, uma vergonha. E em um período que o nosso país vive uma crise gigantesca. Em um momento que a nossa cidade de Itu está pagando seus compromissos financeiros a duras penas, como muitas, se não for todas, as cidades do país”, prosseguiu.

Ortiz ainda deu uma espetada no presidente da Casa. “A gente tem que votar um orçamento nesta situação, com um orçamento para a Câmara de quase R$ 20 milhões. Eu não sei o que aconteceu. Não sei se quando foi elaborado se achou que ia administrar ainda lá na frente, porque tinha vereador já tendo certeza que iria ser reeleito, mas não foi”, comentou o edil, apontando o orçamento como uma “imprudência e falta de respeito para com a população”.

Ortiz ainda deu exemplos de economia que pratica, como não utilizar os telefones celulares e os carros oficiais da Câmara, coisa que, segundo ele, a presidência da Casa de Leis não faz. “Como o Legislativo pode cobrar economia do Executivo, uma boa gestão, se aqui não se faz? Se aqui não se dá o bom exemplo?”, voltou a questionar.

 

Questão pessoal

 Em seguida, o vereador Givanildo Soares (PROS) pediu questão de ordem e alegou que Ortiz estava levando para o lado pessoal. “Virou guerra. Aqui não é lugar de guerra; aqui é lugar de discussão para que o melhor seja feito para a cidade de Itu”, comentou. Mais tarde, na discussão de outro projeto, Ortiz declarou que não leva nenhum projeto para o lado pessoal.

 

Marquinhos responde

 Marquinhos então se pronunciou, dizendo que tem certeza que Ortiz não foi para o lado pessoal porque ele é “muito inteligente”. O presidente do Legislativo ainda disse que o atual prédio da Câmara, que é de propriedade da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, está “a um passo” de ser doado de vez para a municipalidade. Sendo assim, a ideia de Marquinhos é ampliar o espaço – justificando o valor solicitado no Orçamento.

“É um prédio muito antigo que não está comportando os funcionários dessa Casa. Nós não temos um banheiro bom”, comentou o edil. Então, Marquinhos conseguiu um projeto – segundo ele, feito pelos próprios engenheiros da Secretaria de Agricultura – para reformar o prédio. “Mas para você fazer um projeto, você tem que deixar receita, dotação orçamentária. E foi o que fizemos”, justificou.

O presidente da Casa deixou o tom mais tranquilo para responder Ortiz. “A projeção era essa. Não era de voltar a ser presidente de Câmara, porque eu estou pouco me lixando para isso”, declarou Marquinhos, que prosseguiu rebatendo. “Quando vossa excelência for presidente dessa Casa, sei lá quando, o senhor faz a administração do jeito que quiser, da maneira que o senhor achar que deve ser feita”.

Marquinhos também comentou que usa, sim, o carro oficial da Câmara e outros aparatos, pois tem esse direito. “Eu não quero criar picuinha com ninguém. Quando eu falo, falo na cara. (…) Não critique o trabalho dos outros, porque eu sei que estou fazendo um trabalho sério dentro dessa Casa de Leis”, disse. “Quem tem prestígio, tem. Quem não tem, é melhor ficar calado”, finalizou.