Moradores da Rua 7 de Abril têm que conviver com gritos vindos de clínica psiquiátrica

Aberto há poucos meses na Rua Sete de Abril, espaço funciona em um prédio residencial e vem causando inconvenientes aos vizinhos

Residência terapêutica instalada na Rua Sete de Abril fica com as janelas fechadas o dia todo/ Foto – André Roedel

 

André Roedel

A rotina da autônoma Maria Cristina Zacarias ficou mais complicada nos últimos três meses. Isso porque, ao lado de sua residência, localizada na Rua Sete de Abril, no Centro, foi aberta uma clínica psiquiátrica no imóvel de número 319. Cristina vem, ao longo desse período, sofrendo com os gritos provenientes da residência terapêutica – nome como a referida clínica é chamada pela Prefeitura.

A autônoma relata ao Periscópio que a clínica foi instalada numa madrugada. “De repente apareceu um caminhão e começou a descarregar os móveis”, conta. De lá pra cá, vem convivendo com os gritos dos internados. “Minha vida virou um inferno. Não consigo dormir mais”, afirma a moradora. Outra vizinha, a aposentada Isabel Castro, também passa pela mesma situação.

Ela explica que sua mãe, Maria Aparecida, de 87 anos, sofre de enfisema pulmonar e arritmia, agora dorme em outro cômodo, e não mais em seu quarto que divide parede com a clínica, pois não conseguia dormir. A reportagem do JP esteve no local e, da cozinha da casa de Cristina, foi possível ouvir os gritos de uma das pacientes.

Em conversa com demais moradores que não se identificaram, também foi possível comprovar os problemas recorrentes da instalação da clínica, como o cheiro de fezes e urina que sai do local e gritos de funcionários com os pacientes – denotando possíveis maus-tratos. Por conta de tudo isso, a reportagem também entrou em contato com a Prefeitura para saber mais informações sobre o caso.

Segundo o informado, a implantação de residência terapêutica pelos municípios é uma determinação prevista pela Portaria Federal nº 3.090 de 23 de dezembro de 2011. Em 18 de dezembro de 2012, Sorocaba e outros dois municípios da região assinaram um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) para a referida implantação.

“Mesmo Itu não assinando o TAC, teve que implantar as residências terapêuticas por estar subordinado à Diretoria Regional de Saúde (DRS) 16 de Sorocaba. O objetivo da residência terapêutica é abrigar pacientes psiquiátricos não mais em hospitais, mas sim em residências nos moldes de ambiente familiar”, aponta a administração.

Além dessa clínica, outras três foram instaladas em Itu, nos seguintes endereços: Rua Pedro de Paula Leite, 469, Centro; Rua Vinte de Janeiro, 61, Centro; e Rua Piauí, 119, Bairro Brasil. O valor gasto pelo Poder Público é de R$ 33.465,28 por residência. Ao todo, esses locais abrigam 40 pacientes. Desse número, 22 são de Itu. A Prefeitura informou ao JP que fiscaliza essas clínicas e que, inclusive, recebe relatório mensal de prestação de contas.

Questionada se o local atende às necessidades dos pacientes, a administração informou que sim. Porém, os moradores questionam. Um deles, em conversa com a reportagem, disse que foi obrigado a instalar rampa de acesso para cadeirantes em seu estabelecimento, porém a clínica na Rua Sete de Abril não tem.

Cristina, que não sabe mais para quem recorrer, já registrou boletim de ocorrência de perturbação de sossego, fez um abaixo-assinado e procurou o Ministério Público. Agora, está no aguardo de que uma representação civil protocolada em 22 de maio tenha resultado e, assim, possa voltar a ter tranquilidade na hora de dormir.

 

Um comentário em “Moradores da Rua 7 de Abril têm que conviver com gritos vindos de clínica psiquiátrica

  • 12/08/2018 em 11:33
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    Ideal seria um pouco de empatia e paciência até que tudo se ajeite. Inclusive participação ativa enquanto cidadãos para que o serviço seja prestado com qualidade. Se um dia a mãe desta senhora ficar demente e começar a gritar e bater em quem estiver por perto (Deus a proteja e que isso não aconteça) ela com certeza irá desejar que tenham uma atitude mais afetuosa com ela. Que Deus coloque amor no coração de todos os envolvidos.

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