Moradores do Parque Industrial reclamam de pessoas em situação de rua no bairro
Na última semana, a redação do Periscópio foi procurada por moradores do bairro Parque Industrial que reclamaram a respeito de um depósito de materiais recicláveis localizado no cruzamento das ruas Vitoriano Garcia da Fonseca e Luiz Martini.
De acordo com os reclamantes, diariamente, pessoas em situação de rua estariam se dirigindo ao local e estariam dormindo em frente ao depósito e em frente às casas aos arredores. Além disso, eles estariam ameaçando residentes das imediações, quando estes solicitam para que saiam da frente de seus imóveis.
Um dos moradores do bairro, que não quis se identificar, disse à reportagem que os indivíduos ainda realizam consumo de drogas nos arredores, além de deixar as ruas sujas. Um outro morador que também não quis se identificar, disse que diversas vezes ele e vizinhos se dirigiram à Prefeitura para reclamar a respeito, porém nenhuma providência foi tomada.
O JP questionou a administração municipal a respeito, que informou por meio da Secretaria Municipal de Segurança Pública, Trânsito e Mobilidade Urbana que a Supervisão de Segurança Operacional não recebeu solicitação, ofício ou ligação “versando sobre pessoas em situação de rua ou infrações penais e administrativas no local citado”.
A reportagem conversou também com Charles Severino Pinheiro, proprietário do depósito, que negou quaisquer problemas. De acordo com ele, os moradores estariam contra o seu comércio. “Estou aqui desde 2019, eu tinha um depósito de gás, fechamos e começamos a trabalhar com a reciclagem. Eles foram diversas vezes na Prefeitura fazer reclamação, mas a gente não deixa lixo, não deixa nada. Pelo contrário, a gente está cuidando da cidade, está limpando”.
Sobre as reclamações referentes às pessoas em situação de rua, Charles se indigna. “Morador de rua pode dormir em calçada, pode dormir em qualquer lugar. Eu não vou falar que ele está me incomodando por morar na rua. Eu deixei bem claro pra todo mundo que vem aqui com material reciclável para não mexer com ninguém, não falar alto, não fazer qualquer coisa que possa prejudicar a gente e a eles também. Estamos trabalhando corretamente. Nosso trabalho é honesto. A gente está aqui buscando sustento da gente, sem mexer com ninguém”, destaca.
“Quando a pessoa está dormindo na calçada dos outros, ninguém se incomoda, mas quando está em frente ao meu depósito, aí reclamam”, se revolta o comerciante, que acrescenta. “A gente tem que ser humano. Cadê a empatia? Vai na igreja, diz que é cristão, mas não ajuda ao próximo, só quer prejudicar. Você não sabe o motivo daquela pessoa estar na rua. A gente tem que incentivar essa pessoa para que ela procure algo melhor”, aponta.
Ainda de acordo com Charles, as pessoas em situação de rua que por ali passam “são tratadas como se fossem bichos” pelos moradores das imediações. “Eu dou água e comida pra eles, para que não incomodem ninguém. Eles nunca conversaram com ninguém, muito menos ameaçaram. Sempre orientamos eles a procurarem ajuda e se tem algum problema, procurar uma clínica de recuperação”, conclui Charles.
No final da manhã da última terça-feira (06), antes de conseguir contato com Charles (efetuado na quinta-feira, dois dias depois), a reportagem do JP esteve no local e constatou que no espaço não havia nenhuma pessoa em situação de rua, assim como nas imediações, estando no espaço outras pessoas fazendo a separação dos materiais recicláveis, sem nenhuma intercorrência.