Mudança de palavra em projeto de Balbina causa discussão na Câmara

Se na primeira discussão tudo transcorreu sem problemas, na segunda não foi bem assim. Uma emenda ao projeto que institui o programa “Ração Solidária” protocolada pela própria autora, a vereadora Balbina de Paula (PP), não agradou alguns vereadores, fazendo com que a proposta fosse adiada para a próxima sessão. O que gerou o debate todo? A troca da palavra “abandonado” por “errante”.
Aconselhada pelo Sindicato Nacional dos Criadores de Animais (SINCA XERIMBABO), Balbina apresentou emenda ao artigo trocando a denominação para “cães e gatos errantes e em situação de vulnerabilidade”. A palavra “errante” não caiu no gosto dos demais pares, que apontaram que boa parte da população não compreenderia a mensagem, o que poderia atrapalhar a arrecadação de ração.
Duas vereadoras da causa animal, Ana D’Elboux (Republicanos) e Patrícia da ASPA (PSD), também discordaram da emenda. Patrícia contrariou o posicionamento do sindicato e disse que a lei original estava “redonda”. “Se estivesse no projeto ‘animais errantes e abandonados’, ok. Acredito que faltou o dicionário aqui”, afirmou ela, apontando incongruências na terminologia.
Patrícia ainda subiu o tom com Guilherme Bünger, figura sempre presente nas sessões e que é cofundador e diretor do sindicato. “Não adianta olhar para mim e dar risada porque está errado isso, Guilherme, está errado”, disse a vereadora. O presidente Neto Beluci (Republicanos) pediu que o plenário não se manifestasse e respeitasse os vereadores.
Outros parlamentares concordaram com a “estranheza” da palavra “errante” no projeto e sugeriram deixar as duas. “Talvez somente com a palavra ‘errante’, deixe na dúvida. E talvez não atinja o objetivo da mensagem”, argumentou o vereador Eduardo Ortiz (MDB).
Já a autora do projeto disse que hoje a população tem acesso à informação, que todos andam com celular e podem pesquisar o significado da palavra. “Nós temos um povo inteligente”, frisou, lendo o ofício enviado pelo sindicato de criadores. Balbina ainda disse que as pessoas não deixarão de doar por conta da palavra empregada. “Vocês deveriam entender um pouquinho mais dos animais.”
A discussão foi longa para um projeto que é considerado “simples”, durando cerca de 50 minutos. Por conta da polêmica causada, Balbina pediu o adiamento da propositura e da emenda por uma sessão, devendo voltar à pauta somente no dia 20 de maio.