Mudanças bruscas de temperatura: como afetam a saúde e impactam o ambiente?

Queimadas estão cada vez mais frequentes no período de estiagem (Foto: André Roedel)

Nesta semana, após uma frente fria, o Estado de São Paulo e grande parte do Brasil passaram por uma onda de calor, com recordes de temperatura. Junto a isso, uma massa de ar seco baixou os níveis de umidade em todo o país e deixou várias regiões em estado de alerta para o perigo que esse fenômeno traz à saúde.

Desde o último domingo (18), a umidade relativa do ar tem ficado abaixo de 12% em várias localidades, um nível considerado de emergência pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

De acordo com o Climatempo, várias regiões do Brasil ficaram com os níveis de umidade críticos. Porém, no fim desta semana, mais uma frente fria irá derrubar as temperaturas. Segundo a Metsul, uma massa de ar frio com origem na Argentina e Uruguai avança desde sexta-feira (23) para chegar até domingo (25), às Sudeste, Centro-Oeste e Norte do país

Essa será a segunda onda de frio do mês, que teve uma primeira quinzena com recorde de baixas temperaturas, enquanto o último fim de semana foi marcado por recordes de calor.

Segundo o Climatempo, essas mudanças bruscas de temperatura, chamadas de “gangorra térmica”, são comuns para essa época do ano, mas estão sendo sentidas com muita intensidade neste ano.

A previsão do órgão de meteorologia mostra que entre os dias 24 e 27 de agosto, o frio será sentido com temperaturas entre 1ºC e 3ºC menores em São Paulo, Mato Grosso do Sul e uma parte do Mato Grosso.

Saúde

Quando há uma mudança na temperatura, com uma redução brusca, há impacto na saúde. O Periscópio esteve em contato com o diretor técnico do Hospital da Unimed Salto/Itu, Dr. Edcarlos Cajuela, médico imunologista e alergista, que orienta. 

Dr. Edcarlos Cajuela orienta população a cuidar da saúde em meio às mudanças bruscas de temperatura  (Foto: Divulgação)

“Nesse período de inverno, em que temos associado à estiagem uma mudança climática brusca, com muito frio ou muito calor no mesmo dia, devemos nos preocupar ainda mais com a nossa saúde. Devemos nos hidratar mais, bebendo água ou isotônicos, e associar isso a uma alimentação rica em vegetais e frutas, visando hidratar melhor o corpo”, aponta.

“Com o tempo seco, ocorre um ressecamento natural do ar e, consequentemente, das vias aéreas. Portanto, devemos realizar a higienização nasal com frequência, utilizando solução fisiológica, e, ao dormir, deixar uma toalha úmida ou um recipiente com água no quarto, para aumentar a umidade do ar”, prossegue o médico.

Dr. Edcarlos Cajuela acrescenta. “Se puder evitar o ar-condicionado, melhor, porque ele também resseca o ar. Pessoas com problemas respiratórios, crianças e idosos devem ter mais cuidados nesta época, por serem mais propensos a contrair infecções respiratórias ou a agravamento das que já possuem. É importante também praticar exercícios em horários mais frescos, sempre se hidratando”, conclui o profissional.

Queimadas

Em São Paulo, a onda de calor e o tempo seco colocaram a Defesa Civil em alerta para o risco de queimadas em 16 regiões do estado.  Diante disso, a reportagem do Periscópio questionou nesta semana a Prefeitura de Itu, para saber como está a atuação da Defesa Civil e como está a situação da cidade em relação às queimadas.

A administração municipal informou que a Defesa Civil atua ininterruptamente para orientar a população sobre os riscos das queimadas. Como parte da orientação sobre prevenção, são distribuídos folders informativos em pontos estratégicos como escolas, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e feiras livres.

“Os integrantes da Defesa Civil de Itu receberam, neste ano, qualificação da Defesa Civil Estadual e promovem treinamentos pessoais para os Núcleos de Proteção e Defesa Civil (formados por brigadistas dos núcleos e bombeiros civis voluntários)”, prossegue em nota.

A Defesa Civil de Itu informa ainda que adquiriu uma bomba de água com capacidade para 600 litros, que é acoplada a uma viatura e utilizada no combate ao fogo e recebeu do Governo do Estado um kit de estiagem, composto, entre outros itens, por abafador, EPI (Equipamentos de Proteção Individual), e materiais utilizados durante as operações.

A Prefeitura reforça. “As queimadas, além de danos ambientais envolvendo fauna e flora, propiciam o agravamento de quadros de saúde em pessoas com problemas respiratórios, contaminação dos córregos e rios e podem ainda evoluir para incêndios de grandes proporções, acarretando destruição, perdas materiais e ceifar vidas humanas”.

O Periscópio questionou ainda a Prefeitura sobre o número de queimadas na cidade, porém a administração municipal não atualizou os números. Na edição de 1º de julho do JP, a Prefeitura havia informado que de 1º de janeiro a 26 de junho deste ano, tinham sido registrados 27 focos de incêndio na cidade, sendo que Potiguara, Pirapitingui, Chácaras do Machado, São Camilo e Santa Laura são as regiões com mais ocorrências.

Água

Com a onda de calor e o período de estiagem, a reportagem questionou também a CIS – Companhia Ituana de Saneamento para saber como está a situação hídrica do município. A autarquia esclarece que “até o momento, estamos operando as bacias de Itu com 60% de capacidade. Destaca-se, no entanto, que as captações Mombaça e Pirajibu operam com capacidade máxima e o Sistema Utu-Guaçu segue em pré-operação.”

“Por contas destas 3 captações de água, passaremos pelo período de estiagem sem surpresas/racionamentos”, afirma a CIS ainda por meio de nota. Questionada sobre a possibilidade de chuvas e fim do período seco, a autarquia falou da previsão de uma frente fria para esta semana.

Também questionada sobre um possível aumento no consumo de água devido às altas temperaturas, a CIS esclarece que “temos regiões conhecidas como pontas de rede que podem relatar dificuldades de abastecimento por conta de situações pontuais como aumento acima da média do consumo de água ou menor nível de reservatórios de água tratada. Não mais que 24h consecutivas”, conclui.

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