Mulheres representam quase 50% de magistrados na Justiça do Trabalho

Por Marillia Gomes

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgou recentemente os resultados da pesquisa “Justiça em Números”, revelando um marco significativo na magistratura brasileira. Os números indicam que as mulheres estão ganhando espaço de maneira consistente na Justiça do Trabalho, representando quase metade dos magistrados.

De acordo com os dados compilados na pesquisa, as mulheres atualmente ocupam 49% das cadeiras de magistrados na Justiça do Trabalho em todo o país. Segundo o CNJ, a maioria dos tribunais trabalhistas superou a média nacional de 38% de mulheres e 62% de homens na magistratura. Esse resultado é um marco histórico e reflete o constante avanço das mulheres no sistema judiciário brasileiro.

Andrea Ribeiro Borges, titular da 1ª Vara Criminal e de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Itu (Foto: Divulgação)

A juíza Andrea Ribeiro Borges, titular da 1ª Vara Criminal e de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Itu, compartilhou suas experiências pessoais nesse avanço. “Na época em que ingressei na magistratura, em 1995, o ambiente era predominantemente masculino. Magistradas que ingressavam na carreira eram vistas com certo descrédito e sempre observadas de perto”, afirma.

Ela continuou a descrever seu pioneirismo ao chegar em Itu, em 1998: “Eu fui a primeira juíza mulher na história da comarca! Anos depois, mulheres juízas começaram a chegar também. Hoje somos quatro juízas mulheres e três homens titulares de varas. Foi um processo natural, já que os concursos de ingresso são públicos. As mulheres passaram a se interessar pela carreira, que por muito tempo foi tida como um cargo para homens”.

A magistrada enfatizou como a sociedade e seu ambiente de trabalho se adaptaram a essa nova realidade ao longo do tempo. “No início, era uma novidade, foi preciso um prazo de adaptação. Mas dei minha contribuição para essa nova realidade, já que logo no início, em 2000, tive minha primeira filha, que ficava comigo no fórum para que eu pudesse amamentar, uma grande novidade”.

Andrea também discutiu os benefícios da diversidade de gênero no sistema judiciário. “O ser humano tem valores, crenças, formações muito individuais. Cada um coloca o que é nas decisões. Não vejo diferença, mas mulheres juízas são tidas como mais rigorosas”. Além disso, a juíza destacou que certamente nos órgãos de direção do Tribunal de Justiça, as mulheres ainda enfrentam desafios significativos para alcançar posições de liderança.

Ela concluiu com conselhos para futuras magistradas: “É preciso muita dedicação nos estudos e especialmente após o ingresso. A convivência familiar precisa se adaptar ao (pouco) tempo disponível que a mulher terá! E manter o sangue frio, ponderar e ter calma para decidir”.

Embora o progresso seja notável, a pesquisa destaca que ainda há desafios a serem superados. A título de comparação, na Europa as juízas mulheres já correspondem a mais da metade da magistratura, 58,5%, já a média brasileira é de 38%. Essa é a primeira vez que a pesquisa “Justiça em Números” inclui dados estatísticos sobre a participação feminina no Judiciário. No entanto, os resultados oferecem uma perspectiva otimista sobre o futuro feminino na magistratura no Brasil.