Notícias falsas envolvendo campanhas eleitorais atingem 63% dos brasileiros

O volume de informações a que temos acesso hoje facilita a propagação desses conteúdos falsos, de acordo com a perita Beatriz Catto (Foto: Divulgação)

A eleição municipal acontece em pouco menos de um mês, no dia 6 de outubro. Até lá, além das campanhas oficiais, os eleitores também ficam expostos a informações compartilhadas através das redes sociais que nem sempre são verdadeiras.

Um levantamento realizado pelo Instituto Locomotivas e divulgado pela Agência Brasil mostra que 90% da população brasileira admite ter acreditado em notícias falsas, as chamadas fake news. Do total de conteúdos compartilhados, 63% estão relacionados a propostas de campanhas eleitorais.

A pesquisa mostra ainda que a população também recebe informações falsas sobre políticas públicas (62%); escândalos envolvendo políticos (62%); economia (57%); e segurança pública e sistema penitenciário (51%).

O volume de informações a que temos acesso hoje facilita a propagação desses conteúdos falsos, de acordo com a perita Beatriz Catto. “As pessoas ainda estão muito vulneráveis às notícias falsas e não têm o hábito de checar a origem da informação antes de repassar”, afirma.

Diante disto, as empresas que gerenciam as redes sociais já desenvolvem algumas ações para alertar o usuário sobre uma notícia falsa. Entretanto, a perita explica que estes mecanismos adotados não são suficientes.

“Pensando no WhatsApp, por exemplo, ainda que apareça escrito que a mensagem foi encaminhada com frequência, por si só, isso não diz nada, porque ela pode ser verdadeira ou não. Já em relação ao Instagram, por exemplo, há avisos sobre notícias falsas, mas a inteligência artificial e os algoritmos ainda permitem que este tipo de conteúdo passe”, detalha Beatriz.

Identificando conteúdos falsos

Para evitar que as pessoas sejam enganadas e propaguem informações falsas, especialmente no período das eleições, a perita apresenta algumas dicas. “Primeiro, em relação ao próprio texto, observe se há erros de português e se o título é muito chamativo ou bombástico. Em muitos casos, o título não condiz com o restante do texto, por isso, leia todo o conteúdo antes de repassar”, orienta Beatriz.

Quando uma informação chegar através de conversas ou grupos, a perita orienta checar a veracidade do conteúdo. “Há informações falsas que simulam manchetes de jornal, por exemplo. Ao receber um print de uma matéria, vá até a própria publicação ou ao site do jornal e verifique se é verdade que saiu. Observe também a data da publicação, pois pode ser até verdadeira, mas antiga, não condizente com a atual realidade”.

Além disso, imagens também podem ser manipuladas com a utilização de ferramentas tecnológicas. “Pensando em comícios, por exemplo, fotos podem ser alteradas para mostrar que há uma multidão mobilizada. Nesses casos, é importante observar se há pessoas ou elementos repetidos, porque, em geral, uma parte da foto é copiada e reproduzida do outro lado para dizer que estava lotado”, diz a perita.

Reparar na qualidade da imagem é outra dica apontada por Beatriz. “Se eu vejo nitidamente o rosto de uma pessoa, é preciso ver o de outra também. Dando um zoom e fazendo uma observação mais atenta, conseguimos perceber a manipulação”, pontua.

Também é preciso ter atenção quanto às deepfakes, que são vídeos, áudios e imagens falsas que utilizam a Inteligência Artificial para parecerem reais. “Hoje em dia, existem aplicativos, muitos gratuitos, que nos ajudam a identificar estes materiais, mas a olho nu é possível observar alguns pontos como falta de sincronização do lábio com a fala; movimentos incomuns, como piscar os olhos; e a falta de alguns detalhes característicos da pessoa”, alerta.

Outro cuidado observado pela perita é com relação ao formato do texto. “Deve-se observar se o texto não reflete uma opinião pessoal e está disfarçado de notícia. Outro ponto importante a se observar é o site. Note se ele é desconhecido e qual a periodicidade de publicações. Se forem muito distantes, é um sinal de alerta”.

Finalizando as dicas, Beatriz ainda ressalta a importância de observar a URL, o endereço do link que abriga a informação. “Muitas vezes, o link se parece com os de veículos tradicionais, mas direcionam o usuário para outro canal. Precisamos estar atentos e, se houver alguma dúvida, não repasse a informação”, finaliza.