“Novembro Roxo” destaca desafios e a força de mães de bebês prematuros
A campanha “Novembro Roxo” é um movimento internacional de conscientização sobre a prematuridade. O mês é dedicado ao tema, e o dia 17 é o Dia Mundial da Prematuridade. A cor roxa foi escolhida por simbolizar sensibilidade e a transformação necessária na vida dos prematuros e suas famílias.
É considerado prematuro o bebê que nasce antes de 37 semanas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS); entre a 34ª e 36ª semana e seis dias, é considerado como prematuro tardio; de 32 a 33 e seis dias, como moderados; muito prematuros entre 28 e 31 semanas e seis dias; e prematuros extremos para aqueles bebês nascidos abaixo de 28 semanas. Quanto menor a idade gestacional, maiores são os riscos de não sobreviverem.
Segundo o Dr. Amílcar José Ribeiro Carvalho, especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), algumas das principais causas da prematuridade incluem pré-eclâmpsia, colo uterino dilatado precocemente, infecções uterinas, fertilização in vitro, hipertensão crônica, má formação fetal, diabetes e condições genéticas.
“Os riscos imediatos à saúde de um recém-nascido prematuro são diretamente ligados à imaturidade de seus órgãos e sistemas. A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neonatal) atua fornecendo um ambiente e suporte tecnológico e humano essenciais para estabilizar e amadurecer o bebê, reduzindo significativamente esses riscos”, afirma o médico.
Ele explica que, embora a UTI Neonatal salve a vida de muitos bebês prematuros, a imaturidade dos órgãos ao nascer pode deixar sequelas que se manifestam e persistem por anos, exigindo um acompanhamento de saúde especializado e contínuo. “Quanto mais prematuro, mais aumentam as chances de complicações. A mais grave é a paralisia cerebral, podendo também ocorrer atrasos no desenvolvimento, dificuldades no aprendizado, entre outros.”
Prevenção
O especialista destaca que a atenção pré-natal adequada é a melhor e mais eficaz forma de prevenção contra o parto prematuro, pois permite a identificação, o monitoramento e o tratamento de fatores de risco e condições médicas que, se não controladas, podem levar ao nascimento precoce. “Um pré-natal de qualidade pode prevenir a prematuridade em até 70% dos casos”, explica Dr. Amílcar.
Segundo ele, pacientes com risco maior de trabalho de parto prematuro geralmente apresentam um histórico de parto prematuro anterior, gestação múltipla, má formação uterina, intervalo curto entre as gestações, idade materna extrema (antes dos 18 ou após os 40 anos) e consumo de tabaco, álcool ou drogas ilícitas.
“O uso de corticoides antes do parto para amadurecimento pulmonar, uso de sulfato de magnésio para reduzir possíveis danos ao cérebro do bebê e maior suporte respiratório e pulmonar são algumas das ações para tentarmos evitar ao máximo possíveis danos ao recém-nascido”, diz.
“Às famílias desses prematuros, o que vem pela frente não é uma corrida de 100 metros, e sim uma maratona. Então, mantenham o foco nas pequenas vitórias diárias: um grama de ganho de peso, um dia a menos de oxigênio, um olhar atento. Os pais são essenciais na equipe de tratamento. A jornada do prematuro é única, mas o amor e o apoio familiar são a âncora que garantirá que, após a alta, a fase do desenvolvimento continue a ser cheia de superações”, finaliza o médico.


Desafios
No mês dedicado à conscientização sobre a prematuridade, histórias como a de Milane Garcia Rodrigues, 41 anos, ganham destaque por evidenciarem os desafios, aprendizados e força das famílias que passam pela experiência de ter um bebê – ou, no caso dela, duas – chegando ao mundo antes da hora.
Casada com Jonas Leonardo Machado Homem, 44 anos, e mãe de Vinicius, 20, Milane é Diretora de Relação Social no SECOM (Sindicato dos Empregados no Comércio) e vive hoje uma nova rotina ao lado das gêmeas Jade e Mavie Garcia Machado, de 1 ano e 10 meses. As meninas nasceram prematuras em janeiro de 2024, no Hospital da Unimed Salto/Itu, após uma gestação que começou tranquila, mas apresentou riscos a partir da 26ª semana.
Milane conta que recebeu o diagnóstico de risco de parto prematuro durante um exame de rotina. “No início tive uma gestação muito tranquila, sempre fui uma pessoa muito ativa e achei que levaria esta gestação até o final como foi a primeira. Quando cheguei nas 26 semanas, em um dos exames de rotina, fui diagnosticada com colo do útero baixo e, assim, correndo risco de parto prematuro. Foi muito difícil aceitar no começo; como sempre fui muito ativa, minha maior dificuldade foi manter repouso. Mas minha maior preocupação foi mantê-las ‘no forno’ o maior tempo possível”, lembra.
Diante do risco, ela buscou informações, pesquisou sobre prematuridade e encontrou apoio na estrutura hospitalar: “A partir daí, pesquisando sobre a prematuridade e vendo o quanto um bebê prematuro é forte, e que a UTI neonatal é um centro completo e estruturado para receber esses pequenos guerreiros, assim meu coração começou a se acalmar.”

UTI Neonatal
Jade nasceu com 2,134 kg e 44 cm. Mavie, com 1,844 kg e 42 cm. Os primeiros dias na UTI foram marcados por apreensão e aprendizado. “Para mim, de primeiro momento, foi entender o estado clínico das meninas. Depois, ver a luta de cada mamãe com seu bebê, cada família com sua história, medos e também a certeza de que Deus estava cuidando de tudo”, relata.
A rotina intensa, somada à incerteza diária, também mexe emocionalmente com os pais. “Acho que os pais de prematuros são forjados ali junto com seus filhos. Nós vibramos com cada grama de peso, cada batimento, saturação estabelecida, a mamada efetiva. Cada dia vencido é motivo de grande alegria. Foram dias de grande aprendizado e valor à vida.”
Com a chegada em casa, os cuidados permaneceram redobrados. “A principal orientação é sobre o cuidado referente a visitas. Geralmente os prematuros precisam de cuidados redobrados, principalmente antes das vacinas, já que os pequenos ainda não possuem imunidade alta.”
A rotina da família também mudou por completo: “A mudança de rotina é total. Não dormimos há quase dois anos (risos). Quando uma chora, acorda a outra. Fora que tudo é dobrado – e quando falo tudo, é tudo mesmo.”
Apesar dos desafios comuns a mães de prematuros, Milane relata que a amamentação correu bem. “A amamentação, para mim, foi tranquila. Fui muito bem preparada e orientada pela equipe do hospital e tive a experiência de amamentar as duas ao mesmo tempo. Quando tivemos alta, fizemos a amamentação mista, leite materno e fórmula intercalados até os seis meses.”

O desenvolvimento das meninas, segundo ela, sempre foi semelhante ao de bebês nascidos a termo – aqueles que nascem entre a 37ª e a 41ª semana e 6 dias de gestação. “O desenvolvimento delas foi praticamente o de um bebê a termo, e elas sempre se mantiveram iguais. Até hoje são gramas de diferença de uma para a outra.”
Em meio a tantos desafios, Milane deixa uma mensagem de força, fé e informação a outras mulheres que vivem a prematuridade: “A mensagem é que todas busquem informação a todo tempo, acreditem na intuição de mãe. Gerar uma vida é um presente de Deus. Confiem sempre Nele, que está no controle de tudo e de todas as coisas.”
Ações no Novembro Roxo

No dia 17 de novembro, a Unimed Salto/Itu realizou uma ação interna referente ao “Novembro Roxo”, com decoração comemorativa, acolhimento das mães dos prematuros com um cartão personalizado, entrega de velinhas aromáticas para um momento de relaxamento e entrega de frases com recados especiais e motivacionais.
Em 2025, 97 bebês prematuros foram atendidos na UTI Neonatal da Unimed Salto/Itu, que possui 92% de aprovação no NPC, Selo de Qualidade que avalia a satisfação dos clientes. O espaço é equipado com oito incubadoras, dois berços aquecidos, oito ventiladores mecânicos, oito monitores multiparâmetros, seis fototerapias, bombas de infusão e bombas de seringa.
Além disso, a equipe médica a UTI Neo é composta por 10 técnicos de enfermagem, cinco enfermeiras, três auxiliares de lactação, uma fonoaudióloga, um fisioterapeuta por turno, uma nutricionista, uma plantonista neonatologista por turno e apoio psicológico para as mães de prematuros. Médicos especialistas também ficam à disposição dos bebês recém-nascidos.

