Novo Ensino Médio: saiba mais sobre as mudanças
Neste ano, o Ensino Médio passa a contar com um novo modelo de aprendizagem por áreas de conhecimento, que dará ao jovem, de acordo com o Ministério da Educação, a oportunidade de escolher uma formação técnica e profissionalizante.
As mudanças, porém, são obrigatórias somente na 1ª série do Ensino Médio, com expectativa que até 2024 já tenha acontecido toda a modificação no Ensino Médio. O novo modelo, segundo a pasta, não exclui nenhuma disciplina do Ensino Médio. O que muda é a frequência de cada uma na grade curricular, dependendo dos “itinerários formativos” que os estudantes escolherem.
Uma das mudanças do Novo Ensino Médio é o fato do aluno poder estudar as quatro áreas do conhecimento durante o ano letivo. Ele vai poder optar por escolher um itinerário formativo que esteja de acordo com seu projeto de vida. Desta forma, o estudante terá a possibilidade de escolher um itinerário formativo a partir do 1° ano do Ensino Médio, sendo possível mudar (se o aluno desejar e a escola oferecer outras possibilidades). A carga horária do Ensino Médio passará de 800 para 1.000 horas anuais, mas serão pelo menos 3.000 horas para os três últimos anos da educação básica.
O Periscópio esteve em contato com a diretora regional de Ensino de Itu e região, Josimarie Júlio, que comentou a respeito. “O Novo Ensino Médio já é vivenciado na Rede Estadual de Ensino, através das três disciplinas do Inova Educação, oferecidas em todas as séries. Desde a 1ª série, os alunos já possuem um currículo diversificado e inovador com os componentes curriculares: Projeto de Vida, Eletivas e Tecnologia e Inovação”, explica.
“O Novo Ensino Médio alinha a Formação Geral Básica aos componentes do Inova Educação e os Aprofundamentos Curriculares, a partir dos Itinerários Formativos. Dessa forma, o estudante, através do seu projeto de vida, terá a possibilidade de escolha, com foco no desenvolvimento integral e, assim, proporcionando o acesso ao ensino superior e ao mercado de trabalho”, acrescenta a dirigente.
A novidade em 2022, de acordo com Josimarie, é que os estudantes das 2ª séries terão a vivência dos itinerários formativos. A partir desse ano para os estudantes das 2ª séries, e em 2023, para os estudantes das 3ª séries, cada unidade escolar estadual estará ofertando pelo menos dois aprofundamentos curriculares nos itinerários formativos, a fim de contemplarem as quatro áreas do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Ciências da Natureza e suas Tecnologias, ou formação técnica e profissional.
“Através dos cursos ofertados pelo Novotec Expresso ou Novotec Integrado, sendo esses dois últimos, a formação profissional é desenvolvida pelos profissionais das ETECs, sendo uma parceria entre a Secretaria de Estado da Educação e o Centro Paula Souza. É o Ensino Médio de cara nova, possibilitando escolhas e promovendo o protagonismo dos nossos estudantes e dos professores”, destaca a dirigente.
Rede particular
O JP também esteve em contato com Simone Cordeiro Boff, coordenadora do Ensino Médio e Ensino Fundamental 2 do Colégio Almeida Júnior de Itu, que comentou a respeito. “O desenvolvimento de competências socioemocionais, visando a autonomia e a cidadania na construção do Projeto de Vida dos estudantes, é uma das grandes propostas que devem ser asseguradas no Novo Ensino Médio”, comenta ela.
“O objetivo principal desse novo formato é que os jovens saiam da escola com um preparo mais técnico e profissional, podendo se desejarem, ingressar no mercado de trabalho. O Novo Ensino Médio foi reestruturado para oferecer uma formação básica comum e itinerários formativos flexíveis com o objetivo de aprofundar e ampliar aprendizagens em uma ou mais áreas do conhecimento”, destaca a coordenadora.
Os itinerários, de acordo com a coordenadora, possuem os seguintes objetivos: aprofundamento das aprendizagens relacionadas às áreas de conhecimento; formação Integral desenvolvendo a autonomia necessária para que realizem seus projetos de vida; promoção dos valores universais, como ética, liberdade, democracia, justiça social, pluralidade, solidariedade e sustentabilidade e ampliação de visão de mundo.
Apeoesp
O JP também esteve em contato com a professora Rita Diniz, diretora estadual do Sindicato dos Professores da Rede Estadual de Ensino (Apeoesp), que à reportagem diz ser contrária à reforma do Ensino Médio, bem como à sua aplicação em São Paulo.
“O Ensino Médio, como componente da educação básica, deveria oferecer uma formação ampla e integral para que o estudante possa se desenvolver como cidadão, profissional e sujeito autônomo, mas a reforma do Ensino Médio exige que estudantes na faixa dos 14 a 15 anos escolham o itinerário formativo que seguirão dali em diante”, diz Rita.
“As escolas brasileiras não estão adaptadas para que nessa idade o adolescente possua maturidade acadêmica e intelectual suficientes para conhecer corretamente o que são essas áreas amplas do conhecimento, muito menos para escolher seguramente em qual delas gostaria de se especializar, considerando afinidades pessoais, habilidades, perspectivas profissionais, etc. Um verdadeiro absurdo”, prossegue a professora.
“Os defensores da reforma alegam que os itinerários dão maior ‘autonomia’ e ‘liberdade’ para o jovem, mas, sem que ele esteja devidamente formado para tomar essa decisão, a medida converte-se no seu oposto: retira a liberdade do aluno de tomar contato com diversas áreas do conhecimento que possivelmente faria mais tarde uma boa escolha profissional”, critica.