O Homem nas Trevas

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Por André Roedel

Fui ao cinema conferir O Homem nas Trevas sem saber praticamente nada sobre. Só sabia que se tratava de um suspense/terror que estava sendo bastante elogiado por colegas da imprensa especializada e também pelo público que já havia visto. Porém, mesmo com toda crítica boa, fui conferir com a expectativa baixa, para não me frustrar. E acabei gostando muito.

O Homem nas Trevas mostra a história de um trio que vive de pequenos e bem planejados furtos. Esse começo faz com que o espectador pense que o filme é mais um thriller de ação qualquer, mas do meio ao final o jogo muda e ele mostra toda a sua qualidade. Isso porque os três ladrõezinhos resolvem assaltar um militar aposentado (Stephen Lang) que teria milhares de dólares escondidos em sua casa. Detalhe: o homem é cego.

Só que o homem não era um cego qualquer. Apesar de não ter a visão, ele mantinha suas habilidades militares – e com vantagem, pois estava em seu território e na mais completa escuridão. O Homem nas Trevas ­mostra-se um competente filme de terror na cena em que o trio está enclausurado na casa do cego, confirmando que não é necessário nada de sobrenatural para causar medo no espectador.

Para não atrair a atenção do homem cego, os jovens (interpretados por Jane Levy, Dylan Minnette e Daniel Zovatto) têm de prender a respiração – por isso o título original do filme é Don’t Breathe. De início eu estranhei a tradução para O Homem nas Trevas, mas depois eu entendi. Afinal, o filme mostra também a que ponto chega a vida de um homem que perde toda a luz da sua vida.

O personagem de Lang, além de cego, perdeu sua filha em um acidente de trânsito – o que garantiu uma gorda indenização por parte da rica família da jovem que a atropelou. Esse fato, mais a cegueira adquirida lutando por seu país no Iraque, fez com que o homem entrasse na mais profunda escuridão. E o que um homem nessa condição é capaz, só vendo o filme para saber…

Mas devo alertar que O Homem nas Trevas não é para aqueles mais sensíveis. Ainda mais se você não tiver um coração em pleno funcionamento, pois os sustos são maiores do que em qualquer Invocação do Mal da vida. Ponto para o jovem diretor uruguaio Fede Alvarez (de A Morte do Demônio), que faz um trabalho competentíssimo e digno até de Quentin Tarantino no quesito “sanguinolência”. Repleto de cenas filmadas no escuro e de planos-sequência de tirar o fôlego, o filme já pode entrar para a seleta lista de competentes obras do gênero do cinema moderno.