O Primeiro Homem
Por André Roedel
Filmes biográficos sempre são interessantes para mim. Ainda mais aqueles que tratam de temas tão fascinantes como a corrida espacial. Em O Primeiro Homem (First Man, 2018, Universal Pictures), a busca do cosmos ganha contornos intimistas ao focar na vida de um cidadão em específico: Neil Armstrong, o primeiro astronauta a colocar os pés em solo lunar.
Dirigido de forma magistral por Damien Chazelle (de La La Land – Cantando Estações), o filme é inspirado no livro escrito por James R. Hansen e publicado em 2005. Apostando em uma abordagem mais da vida pessoal de Armstrong, O Primeiro Homem consegue ser um retrato fiel daquele que viria a ser um dos maiores nomes de todo o planeta.
E quem vive o astronauta é ninguém menos que Ryan Gosling, que já trabalhou com Chazelle no mesmo La La Land. O ator tem ótimos momentos e o jeito introspectivo certo para interpretar Armstrong. Seus momentos em família e ao lado dos colegas astronautas da NASA são bem dosados, equilibrados e serenos, mostrando bem o perfil do personagem – apesar de momentos introspectivos demais. Uma perda mostrada logo no começo do filme é essencial para sua trajetória, por isso é um dos pontos mais emocionantes.
Mas pra mim o grande destaque na atuação é Claire Foy (da série The Crown), que faz a esposa de Neil, Janet. Ela rouba a cena com uma interpretação fantástica, cheia de nuances. Preocupada com o marido em tão perigosa jornada, ela não titubeia em enfrentá-lo. E são suas interações – em especial o belo momento final entre eles – que mostram todas as sutilezas do filme.
Na parte técnica o filme é imbatível e tem todas as certificações para ser um grande vencedor do Oscar ano que vem. O som é um deleite. A mixagem dos efeitos sonoros no espaço e fora dele, com destaque para o silêncio absoluto no momento em que a nave deixa a atmosfera terrestre, é coisa do nível do também excelente Gravidade.
Todos os enquadramentos usados por Chazelle, que mostram os claustrofóbicos compartimentos das naves e a pequenez do homem diante de tudo aquilo, são bem estudados e executados. Apesar do ritmo arrastado da película, os diálogos, a produção mais que bem-feita e as atuações exemplares de protagonistas e coadjuvantes fazem as quase 2h30 de projeção valer por cada minuto.
Favoritaço ao Oscar em diversas categorias, O Primeiro Homem é um filme essencial para quem gosta do tema e, mais do que isso, para quem gosta de cinema de qualidade. Vale o ingresso.
Nota:
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