Obras no Centro de Itu preocupam moradores

Moradores da Rua Marechal Deodoro, no Centro de Itu, têm passado por dias de transtorno devido ao início das obras de construção de um supermercado que ocupará parte da via acima, além da Rua Sete de Setembro e a Avenida Otaviano Pereira Mendes. Segundo a professora Cássia Toledo, que mora há 55 anos em um imóvel que fica exatamente ao lado da obra, o transtorno teve início no dia 8 de julho, sem aviso prévio.

“Esse terreno ao lado ficou abandonado por muito tempo e quando começou a ficar limpo e entrar máquinas para tirar o entulho, eu percebi que vinha alguma coisa grande. Procurei o proprietário do terreno e recebi a informação de que seria construído um centro comercial, mas que quando a obra fosse realmente efetivada e aprovada eu receberia a visita de um perito para fazer o laudo cautelar”, afirma a professora.

“Ficamos esperando e enquanto isso os caminhões foram entrando. No dia 8 de julho começou a entrar o maquinário pesado e meus irmãos [que são proprietários do imóvel junto dela] estavam aqui e viram os primeiros estragos, coisas caindo e estragando”, relata Cássia. “Fomos atrás de engenheiro, de Defesa Civil, só que a obra não para e o prejuízo acontecendo, todas as casas com vibração e mais aqui por estar na divisa”, comenta a professora, que teme por sua segurança e a de seus vizinhos.

A reportagem do Periscópio esteve presente na residência e constatou diversas rachaduras em diferentes partes do imóvel, o que, de acordo com Cássia, ocorreram após o início das obras. Segundo Cássia, até a visita da reportagem, na manhã da última quinta-feira (14), nenhum responsável pela construtora havia conversado com ela ou com outros moradores da rua, ou seja, não foi feito o laudo cautelar.

Outra reclamação dos moradores é que não há nenhuma placa de identificação nas obras. Diante da reclamação, o JP questionou a Prefeitura. Por meio de nota, a mesma esclarece que “a lavratura e emissão de laudo cautelar é de responsabilidade da empresa construtora e não do Poder Público”.

Cássia havia dito à reportagem que na última semana a Defesa Civil esteve no local para fazer uma vistoria. Em nota, a administração municipal afirmou que “não foi detectado risco de colapso” – o maior temor da moradora. Porém, como a vistoria foi feita na semana passada, a moradora solicitou uma nova vistoria por parte da Defesa Civil, que estava programada para ocorrer na terça-feira (19). Um laudo emitido pelo arquiteto Rodrigo Guitti Moraes, efetuado após o dia 14 de julho, aponta que há risco de “arruinação da casa”, visto que as paredes não suportariam mais a carga provocada pelas obras.

Sobre a falta de placa em frente à obra, a Prefeitura explica que “a exigência de afixação de placas sobre a obra também não cabe às atribuições da Prefeitura, sendo da alçada dos conselhos de classe (neste caso, CREA e CAU). Por fim, a obra está em Zona Histórica, porém foi viabilizada com a aprovação do projeto pelos órgãos de preservação Iphan e Condephaat. O projeto também conta com aprovação em todas as instâncias cabíveis à Prefeitura, de acordo com a Secretaria Municipal de Obras”.

O Periscópio também questionou o Grupo Pão de Açúcar, responsável pela contratação da obra. O GPA informa por meio de nota que, “após tomar conhecimento das queixas de vizinhos da unidade que está sendo construída na Rua Marechal Deodoro, em Itu, se prontificou a averiguar a situação. A construtora, que está conduzindo a obra, está em contato direto com os moradores da região para realizar os reparos nas residências. A rede permanece acompanhando de perto o andamento da situação junto à construtora, e lamenta os transtornos causados”, encerra nota.

Na manhã de quinta-feira (14), a diretora de obras da construtora, Luciana Bracco, esteve presente na residência de Cássia Toledo, oportunidade em que participou de uma reunião com a moradora e seus irmãos. Porém, ao ser questionada pela reportagem a respeito das reclamações acima apresentadas, Luciana disse que se pronunciaria por meio de nota via-email.

O JP então fez o questionamento na tarde de quinta-feira para a Klar Construtora, responsável pelas obras, porém, até o fechamento desta matéria, na tarde de terça-feira (19), a mesma não se pronunciou.